Quando eu estava no evento de lançamentos da Sextante eles divulgaram o livro A Vida Secreta das Árvores, do autor alemão Peter Wohlleben, com um pequeno video do autor falando a respeito das árvores, e foi instantânea a vontade de ler esse livro. Eu simplesmente amo o povo em pé (modo como os índios se referem a elas), e todos os dias me pego olhando e conversando com elas. E quando me deparei com o livro entre os brindes a única coisa que pensei foi tenho que ler logo, e foi o que fiz claro!
O engenheiro florestal Peter
Wohlleben após seus mais de vinte anos de experiência primeiro como extrator de
árvores, depois como defensor e cuidador de reservas naturais relata suas
últimas descobertas científicas pautadas em seu trabalho diário com as árvores.
Com a proposta de um novo olhar sobre essa espécie, o autor nos convida a uma
nova relação com a natureza.
Wohllenben em capítulos curtos
através de vocabulário acessível e interessante narra suas descobertas a cerca
de como a relação das árvores se dá tanto entre suas companheiras quanto em
relação ao planeta. O primeiro dado mais marcante do livro é que sim as árvores
se comunicam, através de cheiros, impulsos elétricos, sons (nas suas raízes) e
formas ainda desconhecidas, e com isso podem avisar umas as outras, por exemplo,
sobre incêndios e insetos. Esse aviso pode fazer com as vizinhas produzam
enzimas que afastam os insetos, por exemplo. Assim, portanto, elas são seres
sociais, com famílias que inclusive tem cuidado materno quando suas crias
nascem a sua volta, e que são alimentadas através das raízes da árvore mãe de
forma lenta e constante.
Essa conexão entre elas se dá
través de suas raízes que formam estruturas gigantes abaixo da terra. Se uma
árvore adoece, outra pode fornecer alimento a ela para continuar a viver
durante este estágio de recuperação. Entretanto nem tudo são flores, essas
ligações também geram disputa por espaço, já que a copa das árvores maiores
limita o acesso de outras menores ao sol, e com isso também prejudica a
fotossíntese. Algumas espécies disputam território de maneira que soe talvez
desleal.
É importante quando tratamos das
árvores dizer que o tempo para elas é muito diferente do humano, tudo que
acontece com elas é demorado, suas vidas são longas (existem árvores
milenares!) e nada se dá de maneira rápida, e inclusive uma árvore que cresce
muito rápido não é saudável visto que suas moléculas de ar são grandes, e assim
a deixam mais vulneráveis a quebra.
As árvores mães controlam suas
filhas para que cresçam lentamente, e criem estruturas capazes de proporcionar
longas vidas de seus 200/300 anos. É possível ver em uma floresta árvores de 80
anos que não chegam a dois metros de altura, e parecem até serem arbustos, mas
não se engane trata-se de uma estratégia. Um machucado na casca pode levar até
cinco anos para se curar. E quando esse panorama se apresentou nos capítulos
pude ver quanto Tolkien foi genial a tantos anos atrás quando criou os ents que
tem muitas similaridades com estas descobertas.
Outro dado importante é que as
árvores sentem dor, podem aprender e se lembrar. E autor relata tudo isso
detalhadamente citando características das espécies, e como elas se
desenvolvem. Fiquei surpresa ao saber que sim elas andam, se você acompanhar ao
longo de cem anos uma floresta vai perceber que ela se deslocou no espaço, eis
porque é um desafio recriar uma floresta de modo controlado.
Para criar uma floresta original
a primeira geração de árvores plantadas precisa morrer, para que comece a ter
conhecimento que será passado as próximas gerações, como a questão do
crescimento lento, que uma vez que foram plantas em solo sem companheiras elas
não tiveram como aprender.
A Vida Secreta das Árvores surge
para nos alertar que não são só os animais que são capazes de pensar e sentir,
e que também temos que gerar ações para protegê-las, no sentido não só de
preservação, mas também de um consumo consciente, visto que ali reside um
espírito que como nós veio evoluir e logo sente. A leitura deste livro
pessoalmente para mim foi muito rica, e descreveu em fatos físicos algumas
ações que para mim como estudante espiritualista as vezes não ficava clara,
mas deixo claro que o autor é totalmente científico e não tem essa perspectiva.
Se você quer ser protetor da natureza ou gerar um comportamento de consumo
consciente essa leitura é obrigatória, ou se você como eu olha para essas
gigantes e sente que são suas irmãs essa leitura é um convite a entender esta
grande família!
Avaliação
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