Depois de
conhecermos a história de um triângulo amoroso obsessivo e uma das pontas do
mesmo, Olivia, em “A Oportunista” (clique no título para conferir a resenha),
agora temos a chance de conhecer Leah. Aquela mulher manipuladora que conseguiu
conquistar o que desejava para sua vida: se casou com Caleb. Mas será que o
casamento é realmente o fim da guerra e sua vitória já pode ser declarada?
Então por
que ela nunca se sente a primeira na lista de prioridades do marido e precisa
mudar sua própria personalidade para mantê-lo por perto? O que Olivia poderia
ter de tão especial? Ela não era nada, nunca poderia ter chamado atenção de
Caleb e Leah não consegue aceitar isso. Portanto, vai continuar armando,
mentindo e manipulando tudo o que conseguir para conseguir segurá-lo, mesmo que
tenha que enfrentar situações novas e pessoas diferentes. Afinal, o amor é o
sentimento mais forte do mundo e Leah ama Caleb, então vai lutar para continuar
tendo-o para si. Mas será que isso é verdade?
Preciso
confessar que passei toda a leitura nutrindo dois tipos de sentimentos a cada
virada de página. Ora sentia raiva, ora pena de Leah. Mas, com o final, decidi
que o sentimento que mais ficou foi a raiva, porque depois de tudo o que
aconteceu, quando a gente acha que a protagonista pode melhorar, percebemos que
não; existem pessoas que são o que são no mundo, e elas são simplesmente ruins
e nada nem ninguém vai ser capaz de mudar aquilo.
Não que eu
esteja dizendo que as outras duas pontas deste triângulo amoroso sejam tão
melhores do que esta, inclusive porque ainda nem mesmo conheci o Caleb a fundo,
visto que o livro narrado por ele é o último da trilogia e até agora só o
conhecemos através da visão de duas mulheres obcecadas por ele. Mas já dá para
notar que o personagem também não é flor que se cheire e muita coisa ruim ainda
vai vir dele. E Olivia é outro ser completamente obcecado e manipulador, que
fez muitas besteiras na vida. Mas, até o momento, a achei um pouco menos ruim
do que Leah.
Assim como
em “A Oportunista”, aqui temos a oportunidade de conhecer o presente e o
passado da protagonista da vez, o que nos faz entender exatamente cada etapa do
que ela viveu e do que está vivenciando. Também há cenas que já tivemos a
chance de conhecer no primeiro volume só que desta vez sob outro ponto de
vista, dando-nos uma maior perspectiva da trama como um todo.
Como
geralmente acontece com livros que nos permitem conhecer o outro lado de um
vilão, aqui podemos desvendar um pouco do passado e da história de Leah, essa
mulher dona de uma vaidade imensa e de um orgulho ainda maior, e percebemos que
ela age desta forma por conta de seu pai e de como foi tratada desde sempre. Acho
muito interessante esse tipo de abordagem, ainda que não seja algo inédito,
porque não deixa de ser real, visto que a mente humana é complexa e sempre pode
surpreender as pessoas.
Mesmo que
Leah claramente seja encarada como a vilã desta trilogia, esse segundo livro
nos deu a oportunidade de conhecer um lado um pouco mais humano e inseguro
dela. Podemos ver como seu relacionamento com a família a afetou e como ela
começou a buscar em Caleb algo que achou que necessitava para nutrir o vazio
que tinha dentro de si. E então, em alguns momentos, inclusive, conseguimos
enxergá-la melhor do que ela mesma conseguiu até então. Percebemos o seu medo
de rejeição e o desejo por amor, o desejo por encontrar uma felicidade que ela
acredita que só vai encontrar daquela maneira, com aquele homem.
Vemos que
ainda pode haver esperanças e que ela consegue amadurecer um pouco, mesmo que
ainda esteja muito longe de ser o ideal para si mesma, aquele que vai fazê-la
se sentir livre e inteira, sem necessitar de alguém, muito menos um homem que
não a ama de verdade. E vai poder tratar outras pessoas melhor, principalmente
sua filha. Isso ainda não ocorreu, mas continuo torcendo por ela.
Mas, neste
caso, não importa o que pode haver de bom na vida de Leah, ela tem uma obsessão
por Caleb e não sabe lidar bem com isso, passando por cima de tudo e todos com
o objetivo de “tê-lo” para si. Suas atitudes são doentias em muitos casos, mas
é assim que ela vê o mundo e como acha que é certo agir, e ainda não sei se ela
vai encontrar uma saída por conta própria no último livro, se algo mais sério
pode acontecer, se ela vai conseguir batalhar contra todo o lado obscuro que
tem dentro de si, se vai mudar seu foco para outra coisa ou se a autora não vai
trabalhar tanto com o final de sua história. Resta ler para saber, mas depois
eu volto para lhes contar o que achei.
O pior de
tudo é que desde sempre podemos notar que Caleb nunca a amou realmente, ele
sempre nutriu esse sentimento de forma muito forte e possessiva por Olivia, e a
própria Leah sempre soube disso, mas nunca aceitou, infernizando a vida alheia
e, pior, a de si mesma.
Apesar de
não concordar com a maioria (se não todas) das ações da protagonista, eu
consigo entender os motivos que a fizeram agir de algumas daquelas maneiras.
Ainda não concordo como fez o que fez com sua própria filha, bebezinha, sendo
que ela sabia como era ruim ser maltratada por sua família, e todas as
consequências negativas que isso traria. E, ainda, se Caleb achava a
paternidade algo muito importante, e ela o achava muito importante, como quis
renegar sua própria filha? Mas, novamente, entendi sua mente, apesar de
repudiar estas atitudes.
O que eu
mais gosto nestes livros é que os personagens são completamente reais, e as
tramas, críveis. Por mais difícil que seja aceitar isso em alguns momentos, é a
mais pura verdade. Existem pessoas exatamente assim – e até piores –, pelo
mundo afora. O que me resta é apenas torcer para que nenhuma delas passe pelo
meu caminho de forma significativa, já que já existem pessoas dessas laias
próximas a mim e já basta, porque nem queria que elas existissem para início de
conversa, mas isso não é um papo para esse post.
E a autora
nos mostra, mais uma vez, que não existe somente o bom e o mau, que todos podem
ter estes dois lados dentro de si, e que as vezes um se sobrepõe ao outro. Ou
talvez nós apenas sejamos vilões de outras pessoas, mas heróis das nossas
próprias vidas, assim como o próximo pode ser vilão na nossa e herói na dele. O
ser humano é cheio de dualidades e isso é o que nos torna reais.
E, assim
como no primeiro volume, estamos cercadas por uma teia de trapaças, mentiras,
muitas armações, falsidade e muito mais. Cada personagem faz tudo o que quer
para alcançar o próprio objetivo, sem pensar nas consequências ou no que
estiver em seus caminhos. Olivia fez isso, agora foi a vez de Leah. E Caleb
também fez muito de cada uma dessas coisas pelo caminho. Olivia quer Caleb,
Caleb quer Olivia. Só que Leah também quer ele e não vai desistir, mesmo que
seja ela a ponta sobrando nisso tudo.
A edição,
como costume da Faro Editorial, está um verdadeiro arraso. A capa segue um
padrão semelhante com os demais exemplares, dando para notar que fazem parte de
uma trilogia, a parte de trás da capa é vermelha com uns detalhes gráficos em
branco, as páginas são amarelas e o texto está muito bem diagramado e de
maneira confortável.
O que eu
posso dizer sobre essa trilogia até o momento é que ela é meio perturbadora.
Não consigo ver uma saída benéfica para nenhum dos três personagens, visto que
nenhum deles quer se desvencilhar disso. O que, claro, é instigante e
intrigante, afinal, a gente lê com vontade de saber o que vai acontecer, como
vai acontecer e qual será o resultado final disso tudo.
Então apesar
de ter mexido comigo de muitas maneiras – a maioria com sentimentos nada bons
–, não poderia deixar de indicar essa leitura para todas as pessoas que buscam
obras de romances obsessivos, interessantes, complicados, que vão mexer com sua
cabeça, te prender e fazer você ler sem parar para saber o desfecho, que vão te
irritar, te fazer sorrir, te dar vontade de jogar seu exemplar longe e depois
pegá-lo de volta para continuar a leitura. Essa é uma história com uma pitada
de realidade e muita obsessão, que vai te conquistar.
Avaliação
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