A Bruxa Não Vai Para a Fogueira Neste Livro – As Mulheres Têm Uma Espécie de Magia #02 – Amanda Lovelace

Desde que li o primeiro volume dessa série, “A Princesa Salva a Si Mesma Neste Livro” (clique no título para ser redirecionada a resenha), fiquei completamente encantada com o trabalho e as poesias de Amanda Lovelace, então é claro que eu precisava continuar acompanhando seus títulos e seus textos tão inspiradores.
Eu não sou a pessoa mais indicada para conversar sobre poesia, visto que não leio com frequência e também não é o meu gênero preferido, mas as de Lovelace têm um poder maior de falar com a gente diretamente, principalmente as mulheres (mas também pode ser ouvida e compreendida pelos homens), de nos mostrar que não estamos sozinhas nunca e de que nossa luta está enraizada em muitas de nós, que vão fazer de tudo para conseguir encontrar nossa liberdade total: de ser quem somos, o que queremos, quando queremos e, mais importante, como quisermos.
Não deveríamos precisar seguir rótulos, padrões, ideias. Não devemos ser tratadas de maneira diferente dos homens se também somos seres humanos. Devemos ter nossos corpos, nossas mentes, nossas vontades sem precisarmos ser julgadas por ninguém. E, quando não quisermos algo, precisamos ser respeitadas e ouvidas.
''ser uma
mulher
é estar
pronta para a guerra,
sabendo
que todas as probabilidades
estão
contra você.

– & nunca desistir apesar disso.”
Esse segundo volume tem uma pegada ainda mais feminista do que o primeiro, enfatizando bastante a nossa luta para sermos tratadas melhor, e o fato de que devemos sempre nos unir umas às outras nessa jornada, apoiando-nos e nos erguendo sempre que alguma coisa ou alguém tenta nos derrubar – ou queimar. Todo esse sentimento é realmente muito inspirador e espero que tenha trazido bons resultados a todas que leram esse volume.
Amanda se distanciou um pouco dela mesma nessas novas poesias, falando sobre assuntos mais gerais do que específicos, como aconteceu no antecessor, e deixando o tom autobiográfico de lado, que carregava tantas emoções e empoderamento pessoal, e trazendo algo mais genérico, como mais do mesmo que encontramos por aí. Acabou sendo uma obra mais revoltada e guerreira do que emocional, então quem busca a mesma experiência de leitura do primeiro vai acabar percebendo que é bem diferente. Mas, claro que não deixa de ter sua grande importância por falar desse tema e também fazer as pessoas refletirem.
E, assim como antes, aqui ela também apresenta assuntos fortes, temas tabus, problemas que devem ser enfrentados. Então, além da sororidade, encontramos poemas sobre estupro, relacionamentos abusivos, transtornos alimentares, autoestima, morte, etc.
“as mulheres
aguentam
não apenas porque
somos capazes disso;

não,

as mulheres aguentam
porque não temos
nenhuma outra
opção.

– eles nos queriam fracas e nos obrigaram a ser fortes”

Eu gostei mais do primeiro volume porque senti que nesse a autora passou um ódio maior, me transmitindo uma ideia de que é uma revolta contra todo e qualquer homem existente nesse mundo. Eu sei que é muito difícil encontrar pessoas do sexo masculino legais, mas eu espero e acredito que eles também existem. E também achei que em alguns momentos ela usou um tom muito agressivo e vingativo, que, sim, muitas vezes é necessário, mas penso que em outras situações poderia haver outro tipo de solução.
Como no primeiro, o livro foi dividido em quatro partes: O Julgamento, A Queima, A Tempestade de Fogo e As Cinzas. E, antes delas, a autora ainda faz um Alerta Inicial sobre o conteúdo da obra, que também tem um teor bem pesado, inclusive abuso de crianças, assassinatos, traumas, violências, etc.
Aqui ela faz uma apresentação geral utilizando a figura da Bruxa e seguindo aquela ideia dos contos de fadas e histórias antigas (reais ou fantasiosas) de que as Bruxas eram erradas, faziam coisas erradas e mereciam queimar na fogueira por conta disso, e a referência ao fogo também foi muito bem trabalhada. E traz também questões que a mulher luta para reverter desde milhares de anos atrás até os dias atuais, quando ainda precisamos passar por coisas semelhantes ou com propósitos parecidos, o que é bem triste, visto que são todos esses séculos de esforços.
“A Bruxa Não Vai Para a Fogueira Neste Livro” é uma ótima leitura para todos que se identificam com a luta do feminismo no mundo e também para aqueles que precisam de um empurrãozinho para perceber que essa é uma batalha que sempre precisa de novos guerreiros. É uma reflexão, uma força e uma inspiração, tudo representado por palavras importantes, memórias significativas, sentimentos angustiantes e força de vontade. Vamos nos unir para acabar com o mal e dessa vez vamos vencer!
 “eles
vão tentar
roubar
sua luz

& usá-la como
uma arma
contra
você mesma.

mas há
uma
boa
notícia:

eles
não têm
perseverança para
controlá-la

como você tem.”

Avaliação




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