Desde que li
o primeiro volume dessa série, “A Princesa Salva a Si Mesma Neste Livro”
(clique no título para ser redirecionada a resenha), fiquei completamente
encantada com o trabalho e as poesias de Amanda Lovelace, então é claro que eu
precisava continuar acompanhando seus títulos e seus textos tão inspiradores.
Eu não sou a
pessoa mais indicada para conversar sobre poesia, visto que não leio com
frequência e também não é o meu gênero preferido, mas as de Lovelace têm um
poder maior de falar com a gente diretamente, principalmente as mulheres (mas
também pode ser ouvida e compreendida pelos homens), de nos mostrar que não
estamos sozinhas nunca e de que nossa luta está enraizada em muitas de nós, que
vão fazer de tudo para conseguir encontrar nossa liberdade total: de ser quem
somos, o que queremos, quando queremos e, mais importante, como quisermos.
Não
deveríamos precisar seguir rótulos, padrões, ideias. Não devemos ser tratadas
de maneira diferente dos homens se também somos seres humanos. Devemos ter
nossos corpos, nossas mentes, nossas vontades sem precisarmos ser julgadas por
ninguém. E, quando não quisermos algo, precisamos ser respeitadas e ouvidas.
''ser uma
mulher
é estar
pronta para a guerra,
sabendo
que todas as probabilidades
estão
contra você.
– & nunca desistir apesar disso.”
Esse segundo
volume tem uma pegada ainda mais feminista do que o primeiro, enfatizando
bastante a nossa luta para sermos tratadas melhor, e o fato de que devemos
sempre nos unir umas às outras nessa jornada, apoiando-nos e nos erguendo
sempre que alguma coisa ou alguém tenta nos derrubar – ou queimar. Todo esse
sentimento é realmente muito inspirador e espero que tenha trazido bons
resultados a todas que leram esse volume.
Amanda se
distanciou um pouco dela mesma nessas novas poesias, falando sobre assuntos
mais gerais do que específicos, como aconteceu no antecessor, e deixando o tom
autobiográfico de lado, que carregava tantas emoções e empoderamento pessoal, e
trazendo algo mais genérico, como mais do mesmo que encontramos por aí. Acabou
sendo uma obra mais revoltada e guerreira do que emocional, então quem busca a
mesma experiência de leitura do primeiro vai acabar percebendo que é bem
diferente. Mas, claro que não deixa de ter sua grande importância por falar
desse tema e também fazer as pessoas refletirem.
E, assim como
antes, aqui ela também apresenta assuntos fortes, temas tabus, problemas que
devem ser enfrentados. Então, além da sororidade, encontramos poemas sobre estupro,
relacionamentos abusivos, transtornos alimentares, autoestima, morte, etc.
“as mulheres
aguentam
não apenas porque
somos capazes disso;
não,
as mulheres aguentam
porque não temos
nenhuma outra
opção.
– eles nos queriam fracas e nos obrigaram a ser fortes”
Eu gostei
mais do primeiro volume porque senti que nesse a autora passou um ódio maior,
me transmitindo uma ideia de que é uma revolta contra todo e qualquer homem
existente nesse mundo. Eu sei que é muito difícil encontrar pessoas do sexo
masculino legais, mas eu espero e acredito que eles também existem. E também
achei que em alguns momentos ela usou um tom muito agressivo e vingativo, que,
sim, muitas vezes é necessário, mas penso que em outras situações poderia haver
outro tipo de solução.
Como no
primeiro, o livro foi dividido em quatro partes: O Julgamento, A Queima, A Tempestade de Fogo e As Cinzas. E, antes delas, a autora
ainda faz um Alerta Inicial sobre o
conteúdo da obra, que também tem um teor bem pesado, inclusive abuso de
crianças, assassinatos, traumas, violências, etc.
Aqui ela faz
uma apresentação geral utilizando a figura da Bruxa e seguindo aquela ideia dos
contos de fadas e histórias antigas (reais ou fantasiosas) de que as Bruxas
eram erradas, faziam coisas erradas e mereciam queimar na fogueira por conta
disso, e a referência ao fogo também foi muito bem trabalhada. E traz também
questões que a mulher luta para reverter desde milhares de anos atrás até os
dias atuais, quando ainda precisamos passar por coisas semelhantes ou com
propósitos parecidos, o que é bem triste, visto que são todos esses séculos de
esforços.
“A Bruxa Não
Vai Para a Fogueira Neste Livro” é uma ótima leitura para todos que se
identificam com a luta do feminismo no mundo e também para aqueles que precisam
de um empurrãozinho para perceber que essa é uma batalha que sempre precisa de
novos guerreiros. É uma reflexão, uma força e uma inspiração, tudo representado
por palavras importantes, memórias significativas, sentimentos angustiantes e força
de vontade. Vamos nos unir para acabar com o mal e dessa vez vamos vencer!
“eles
vão tentar
roubar
sua luz
& usá-la como
uma arma
contra
você mesma.
mas há
uma
boa
notícia:
eles
não têm
perseverança para
controlá-la
como você tem.”
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