A Duquesa Feia - Contos de Fadas #03 - Eloisa James


Theodora Saxby é rica e tem um grande potencial de arranjar um marido importante e com títulos por conta disso. Porém, é bem feia e dizem que até mesmo se parece com um homem, dificultando suas chances de encontrar o amor verdadeiro numa sociedade que presa pela beleza seguindo rígidos padrões.
James Ryburn, herdeiro do ducado de Ashbrook, é seu melhor amigo. Lindo, com uma alma gentil, e um grande potencial para encontrar uma das melhores e mais bonitas noivas da sociedade, ele acaba escolhendo o patinho feio que é Theo. É claro que todos ficam espantadíssimos com isso, e ela rapidamente ganha o apelido de Duquesa Feia.
Mesmo assim, Theo sente em seu coração que ele, que nunca antes demonstrara nenhum sentimento por ela, se apaixonou perdidamente e que vão ficar juntos. Até que descobre uma verdade que a magoa profundamente, fazendo com que essa relação acabe antes de ser realmente vivida. E é claro que colocam a culpa nela quando eles se separam, afinal é óbvio que aquele relacionamento estava fadado ao fracasso desde o começo, já que a beleza dela não chegava aos pés da dele ou do que ele poderia arrumar.
Então James vai embora e Theo fica sozinha tendo que lidar com as consequências e também precisa aprender a dar a volta por cima. E vai fazer isso enquanto ele vive diversas aventuras inusitadas pelo mundo, inclusive se tornando um pirata, antes que o tão esperado reencontro possa vir a acontecer anos mais tarde e eles possam finalmente voltar a ficar juntos e viver aquele amor.
Com esse livro eu me despeço dessa série da autora, que ainda tem mais dois livros e quatro contos inéditos por aqui (a Arqueiro já anunciou a publicação dos dois livros, sendo que um deles sai ainda esse ano em outubro). Não amei nenhum dos três volumes que já foram publicados no Brasil, mas esse conseguiu se superar e realmente não funcionou para mim. Até os pontos positivos que existem no enredo acabaram ficando encobertos pelos negativos em minha opinião, então não consegui me apegar a nada, muito menos aos protagonistas. Não sei nem como cheguei ao final da leitura, que na minha opinião nem parece ter sido escrita por uma autora renomada.
Vou explicar melhor para vocês tudo o que achei. Primeiramente devo dizer que achei que a obra parecia promissora, inclusive comecei a leitura gostando da mesma e acreditando que este poderia ser o melhor livro de sua autoria, com uma história de melhores amigos que ficam juntos por conta de alguma circunstância e acabam admitindo os sentimentos que sempre nutriram um pelo outro. E, como sempre se deram tão bem, veríamos a química aflorar e como eles se encaixariam perfeitamente.
Além do mais, gosto bastante dessa ideia de ela adaptar uma obra que não vemos com frequência ganhando novas versões por aí, que é a do Patinho Feio. Então queria ver como a moça lidava com o fato de que não se encaixava exatamente nos padrões que a sociedade ditava, e, mesmo assim, conseguia ser feliz, não ligar para os outros e ainda viver um lindo amor.
Então estava bem empolgada. Inclusive, achei a personalidade de Theo bem interessante, divertida e adorável quando comecei a ler as páginas, o que me encantou. James não estava parecendo alguém tão maravilhoso assim, mas queria conhecê-lo melhor para descobrir suas nuances.
Porém, em primeiro lugar achei o enredo realmente bem esparso e esse deveria ser um dos pontos mais importante de um livro, então queria algo melhor desenvolvido e explorado. Mas não foi bem assim, pelo contrário, tudo ficou bem solto, nada tinha continuidade, e parece que a autora ficava sem vontade de continuar desenrolando algo e simplesmente colocava um pulo no tempo para depois fazer um breve resumo – ou não – do que aconteceu naquele período e seguia adiante.
Logo no início da leitura já vemos as coisas acontecendo rápido demais, então numa hora vemos Theo com um outro pretendente, sem conseguir nem mesmo olhar para os lados com interesse, e um James que não quer de jeito nenhum se casar com ela justamente para não magoar a amiga quando a mesma descobrir a verdade sobre a mentira que deverá contar para ficarem juntos.
De repente ele segue em frente com seu plano e eles logo se casam e têm sua primeira noite juntos (não vou comentar sobre, mas acabou sendo mais real e diferente do que geralmente vemos em livros) e depois já começam a desenvolver fortes sentimentos um pelo outro. Eu, com sinceridade, não consegui acompanhar essa mudança de emoções e nem senti o carinho entre eles nascendo, crescendo ou se desenvolvendo. E, quando a gente pensa que pode acontecer algo interessante, eles logo se separam e passam noventa por cento do livro distantes e brigados.
E é claro que as consequências negativas disso tudo só recaem sobre Theo, primeiro porque ela é uma mulher, segundo porque estava vivendo naquela época (se hoje isso já é ruim, imagina antes), terceiro porque ela é feia (de novo, para a época é ruim), ele é lindo e tem um título, e consequentemente poderia escolher qualquer bela mulher rica, mas a escolheu e depois a largou sozinha e amargurada. Quarto porque ele estava erradíssimo e foi isso que gerou a briga e a consequente separação deles e ele não fez ABSOLUTAMENTE NADA para remediar a situação. Nem mesmo parou para conversar com ela melhor. Simplesmente foi embora sem nem olhar para trás.
Theodora só sofreu consequências negativas por causa de James e isso foi realmente revoltante. É claro que, por ela ser ela e também uma pessoa com personalidade forte, conseguiu lidar com tudo aquilo, deu a volta por cima e ainda saiu vitoriosa no futuro, uma mulher empreendedora, inteligente e independente. Porém, não curti a mudança radical de pontos ruins em sua personalidade. E sei que ela se tornou assim por conta do que viveu por causa dele e entendo isso. No entanto, ela precisava ser fria e frígida só porque ele não estava por perto?
Além do mais, achei que depois de milhares de anos, quando os dois finalmente se reencontram, ela se esquece de tudo o que vivenciou muito fácil, e, com simples conversas, resolvem a situação e ela volta a ser mais parecida com quem era antes. Então a sensação que fica é de que ela não pode ser feliz, leve e estar bem a menos que seja na presença dele. Já que sozinha ela só pode ser mais bonita, rica e bem-sucedida, mas não consegue ser feliz. Cadê o amor próprio? Cadê a independência de sentimentos? Cadê o verdadeiro “eu” dela sem ele?
Ah, e é claro que ele conseguiu viver várias aventuras, se envolveu com outras mulheres (enquanto era casado com ela e ela se manteve casta), ficou ainda mais bonito, forte, frio (porém quando queria, voltava a ser “caloroso”), se transformou em alguém grosseiro e rude, mas ainda era maravilhoso, poderoso, responsável, etc., etc., etc.
Esse tempo separados foi passado com diversos pulos no tempo, nos quais só víamos as “evoluções” de um ou do outro. Como eram suas vidas e o que pensavam do outro. E James fez diversas coisas que me irritaram. Tudo isso foi mostrado de forma maçante e, em minha opinião, chata.
O romance não me conquistou, nem a amizade, nem os personagens juntos ou separados. A falta de comunicação me irritou e o modo como agiram de maneira infantil e demoraram a resolver algo que poderia ter sido feito com um bom papo antes, foi realmente decepcionante.
Enfim, amo Romances de Época, que inclusive é meu gênero favorito. Porém esse volume não funcionou para mim e não pretendo ler outras obras dessa autora em breve. É claro que gosto é algo muito pessoal, então pode ter leitores que curtam alguma coisa de “A Duquesa Feia”. Se você está com vontade de conferir essa trama por si próprio, vá em frente, é sempre bom decidir por si mesmo o que gosta, mas aconselho que não vá com expectativas, pois assim as chances de te agradar são um pouco maiores.


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