Theodora
Saxby é rica e tem um grande potencial de arranjar um marido importante e com
títulos por conta disso. Porém, é bem feia e dizem que até mesmo se parece com
um homem, dificultando suas chances de encontrar o amor verdadeiro numa
sociedade que presa pela beleza seguindo rígidos padrões.
James
Ryburn, herdeiro do ducado de Ashbrook, é seu melhor amigo. Lindo, com uma alma
gentil, e um grande potencial para encontrar uma das melhores e mais bonitas
noivas da sociedade, ele acaba escolhendo o patinho feio que é Theo. É claro
que todos ficam espantadíssimos com isso, e ela rapidamente ganha o apelido de
Duquesa Feia.
Mesmo assim,
Theo sente em seu coração que ele, que nunca antes demonstrara nenhum
sentimento por ela, se apaixonou perdidamente e que vão ficar juntos. Até que
descobre uma verdade que a magoa profundamente, fazendo com que essa relação
acabe antes de ser realmente vivida. E
é claro que colocam a culpa nela quando eles se separam, afinal é óbvio que
aquele relacionamento estava fadado ao fracasso desde o começo, já que a beleza
dela não chegava aos pés da dele ou do que ele poderia arrumar.
Então James
vai embora e Theo fica sozinha tendo que lidar com as consequências e também
precisa aprender a dar a volta por cima. E vai fazer isso enquanto ele vive diversas
aventuras inusitadas pelo mundo, inclusive se tornando um pirata, antes que o
tão esperado reencontro possa vir a acontecer anos mais tarde e eles possam
finalmente voltar a ficar juntos e viver aquele amor.
Com esse
livro eu me despeço dessa série da autora, que ainda tem mais dois livros e
quatro contos inéditos por aqui (a Arqueiro já anunciou a publicação dos dois
livros, sendo que um deles sai ainda esse ano em outubro). Não amei nenhum dos
três volumes que já foram publicados no Brasil, mas esse conseguiu se superar e
realmente não funcionou para mim. Até os pontos positivos que existem no enredo
acabaram ficando encobertos pelos negativos em minha opinião, então não
consegui me apegar a nada, muito menos aos protagonistas. Não sei nem como
cheguei ao final da leitura, que na minha opinião nem parece ter sido escrita
por uma autora renomada.
Vou explicar
melhor para vocês tudo o que achei. Primeiramente devo dizer que achei que a
obra parecia promissora, inclusive comecei a leitura gostando da mesma e
acreditando que este poderia ser o melhor livro de sua autoria, com uma
história de melhores amigos que ficam juntos por conta de alguma circunstância
e acabam admitindo os sentimentos que sempre nutriram um pelo outro. E, como
sempre se deram tão bem, veríamos a química aflorar e como eles se encaixariam
perfeitamente.
Além do
mais, gosto bastante dessa ideia de ela adaptar uma obra que não vemos com
frequência ganhando novas versões por aí, que é a do Patinho Feio. Então queria
ver como a moça lidava com o fato de que não se encaixava exatamente nos
padrões que a sociedade ditava, e, mesmo assim, conseguia ser feliz, não ligar
para os outros e ainda viver um lindo amor.
Então estava
bem empolgada. Inclusive, achei a personalidade de Theo bem interessante,
divertida e adorável quando comecei a ler as páginas, o que me encantou. James
não estava parecendo alguém tão maravilhoso assim, mas queria conhecê-lo melhor
para descobrir suas nuances.
Porém, em
primeiro lugar achei o enredo realmente bem esparso e esse deveria ser um dos
pontos mais importante de um livro, então queria algo melhor desenvolvido e
explorado. Mas não foi bem assim, pelo contrário, tudo ficou bem solto, nada
tinha continuidade, e parece que a autora ficava sem vontade de continuar
desenrolando algo e simplesmente colocava um pulo no tempo para depois fazer um
breve resumo – ou não – do que aconteceu naquele período e seguia adiante.
Logo no
início da leitura já vemos as coisas acontecendo rápido demais, então numa hora
vemos Theo com um outro pretendente, sem conseguir nem mesmo olhar para os
lados com interesse, e um James que não quer de jeito nenhum se casar com ela
justamente para não magoar a amiga quando a mesma descobrir a verdade sobre a
mentira que deverá contar para ficarem juntos.
De repente
ele segue em frente com seu plano e eles logo se casam e têm sua primeira noite
juntos (não vou comentar sobre, mas acabou sendo mais real e diferente do que
geralmente vemos em livros) e depois já começam a desenvolver fortes
sentimentos um pelo outro. Eu, com sinceridade, não consegui acompanhar essa
mudança de emoções e nem senti o carinho entre eles nascendo, crescendo ou se
desenvolvendo. E, quando a gente pensa que pode acontecer algo interessante,
eles logo se separam e passam noventa por cento do livro distantes e brigados.
E é claro
que as consequências negativas disso tudo só recaem sobre Theo, primeiro porque
ela é uma mulher, segundo porque estava vivendo naquela época (se hoje isso já
é ruim, imagina antes), terceiro porque ela é feia (de novo, para a época é
ruim), ele é lindo e tem um título, e consequentemente poderia escolher
qualquer bela mulher rica, mas a escolheu e depois a largou sozinha e
amargurada. Quarto porque ele estava erradíssimo e foi isso que gerou a briga e
a consequente separação deles e ele não fez ABSOLUTAMENTE NADA para remediar a
situação. Nem mesmo parou para conversar com ela melhor. Simplesmente foi embora
sem nem olhar para trás.
Theodora só
sofreu consequências negativas por causa de James e isso foi realmente
revoltante. É claro que, por ela ser ela e também uma pessoa com personalidade
forte, conseguiu lidar com tudo aquilo, deu a volta por cima e ainda saiu
vitoriosa no futuro, uma mulher empreendedora, inteligente e independente. Porém,
não curti a mudança radical de pontos ruins em sua personalidade. E sei que ela
se tornou assim por conta do que viveu por causa dele e entendo isso. No
entanto, ela precisava ser fria e frígida só porque ele não estava por perto?
Além do
mais, achei que depois de milhares de anos, quando os dois finalmente se
reencontram, ela se esquece de tudo o que vivenciou muito fácil, e, com simples
conversas, resolvem a situação e ela volta a ser mais parecida com quem era
antes. Então a sensação que fica é de que ela não pode ser feliz, leve e estar
bem a menos que seja na presença dele. Já que sozinha ela só pode ser mais
bonita, rica e bem-sucedida, mas não consegue ser feliz. Cadê o amor próprio?
Cadê a independência de sentimentos? Cadê o verdadeiro “eu” dela sem ele?
Ah, e é
claro que ele conseguiu viver várias aventuras, se envolveu com outras mulheres
(enquanto era casado com ela e ela se manteve casta), ficou ainda mais bonito,
forte, frio (porém quando queria, voltava a ser “caloroso”), se transformou em
alguém grosseiro e rude, mas ainda era maravilhoso, poderoso, responsável,
etc., etc., etc.
Esse tempo
separados foi passado com diversos pulos no tempo, nos quais só víamos as “evoluções”
de um ou do outro. Como eram suas vidas e o que pensavam do outro. E James fez
diversas coisas que me irritaram. Tudo isso foi mostrado de forma maçante e, em
minha opinião, chata.
O romance
não me conquistou, nem a amizade, nem os personagens juntos ou separados. A
falta de comunicação me irritou e o modo como agiram de maneira infantil e
demoraram a resolver algo que poderia ter sido feito com um bom papo antes, foi
realmente decepcionante.
Enfim, amo
Romances de Época, que inclusive é meu gênero favorito. Porém esse volume não
funcionou para mim e não pretendo ler outras obras dessa autora em breve. É
claro que gosto é algo muito pessoal, então pode ter leitores que curtam alguma
coisa de “A Duquesa Feia”. Se você está com vontade de conferir essa trama por
si próprio, vá em frente, é sempre bom decidir por si mesmo o que gosta, mas
aconselho que não vá com expectativas, pois assim as chances de te agradar são
um pouco maiores.
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