Essa obra é
uma seleção de cartas que o autor escreveu quando seus sentimentos estavam
transbordando do peito e precisavam encontrar um escape, então ele transferiu
tudo o que sentia para o papel e agora essas emoções foram compartilhadas com
nós, leitores, através de textos bonitos que nos fazem refletir.
Aqui o foco
é o amor em diversos estágios, sobre como cada situação que experienciamos na
vida tem a capacidade de nos moldar, como pode fazer a gente pensar e agir
diferente, afinal todos somos a soma de experiências, vivências, contatos com
outras pessoas, trocas de sentimentos e momentos, tudo resultando em maneiras
diversas de aprendermos coisas diferentes.
Confesso que
estava esperando por uma leitura mais leve do tipo fofinha, com declarações de
amor e amor correspondido, mas a maioria dos textos tem um tom mais melancólico
e de amor unilateral, porque é do passado ou porque nunca chegou a acontecer de
fato (pode ser só impressão, mas como só temos a chance de “ouvir” um lado do
“relacionamento”, esse é o sentimento que tive). Não que isso seja algo ruim,
só é diferente do que achei que seria.
Os textos
são realmente muito bonitos, inspiradores e/ou reflexivos. Gostei bastante de
ter a oportunidade de lê-los e, de quebra, conhecer um pouco mais de Júlio
Hermann, afinal ele dá um toque bem pessoal a cada uma de suas palavras e isso
é algo realmente bem bacana.
Cada carta tem
a capacidade de mexer bastante com nossos sentimentos. Em alguns momentos a gente
se emociona, em outros sorrimos, há aqueles que despertam nossa memória para
bons e memoráveis instantes que já vivenciamos, outras nos fazem relembrar
sentimentos não tão agradáveis, e assim por diante. Também é muito fácil se
identificar com alguns dos textos, seja porque você mesmo já viveu algo
semelhante ou porque conhece alguma pessoa que passou por uma situação
parecida.
As crônicas
são curtas, fluidas, bem escritas, leves ao mesmo tempo em que carregam emoção,
diretas e também reflexivas. E o tema central é o amor, com situações vividas,
outras imaginadas, lembranças gostosas, outras tristes, uma esperança ou uma
despedida, e assim sucessivamente, e também tem bastante foco na saudade.
E há um tom
bastante melancólico, como comentei no início dessa resenha. Em diversos
momentos ele fala sobre suas inseguranças, reflete muito sobre o que deveria/gostaria
de ter feito ou dito para alguém, sobre o tempo que não vai voltar ou sobre como
o mesmo passa rápido, sobre vários arrependimentos, coisas que gostaria de ter
feito de outra maneira, sobre perdas, dores, “fracassos”, etc.
Gostei bastante
dos textos e das palavras e frases que o autor utilizou para expressar seus
sentimentos. Curti mais ainda que ele me fez pensar de forma diferente em
algumas questões e também me fez refletir sobre outros tópicos. Ainda que eu
não concorde com tudo o que li, é sempre bom poder conferir uma visão diferente
sobre o mesmo tema.
Além dos
textos bonitos e tocantes, a obra conta com uma edição física espetacular. A
Faro Editorial mais uma vez está arrasando com a diagramação de seus livros.
Começando pela capa que é linda e fofa, com acabamento em soft touch (textura
aveludada), e título em alto-relevo envernizado. A folha de guarda é
simplesmente divina com um fundo cheio de coraçõezinhos rosa. O texto do miolo
é todo em azul, cada crônica vem com uma ilustração de nota musical e o nome de
uma música inspiradora junto do nome do artista dela em letras coloridas. E,
para fechar com chave de ouro, em diversas páginas há ilustrações belíssimas
com uma frase ou um trecho de alguns dos textos. É realmente de babar.
Esse é
aquele tipo de exemplar que você não precisa ler do início ao fim de uma só
vez. É até mais gostoso de ser apreciado aos pouquinhos. Claro que também é
possível ler direto, mas se o leitor quiser apenas contemplar algumas palavras
bonitas, apreciando aquele momento e deixando um gostinho de quero mais para
depois, pode fazer isso porque vai ter uma ótima experiência de leitura.
Para aqueles
que gostam de ler crônicas, essa antologia com “Cartas de Amor Nunca Rasgadas”
(esse subtítulo diz muito sobre a obra) é o livro para você. Com textos
tocantes e melancólicos, Júlio Hermann nos faz refletir sobre relacionamentos,
nossas ações e também as das pessoas com quem trocamos experiências nessa vida,
com foco nesse sentimento tão grandioso que é o amor.
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