Bea sabe que
leva uma vida entediante, mas não faz nada para mudar isso, nem mesmo sua mãe
deixa, afinal sua filha não pode cometer os mesmos erros que ela e engravidar
logo cedo, aos dezessete anos. Bea, então, não tem uma vida social agitada,
pelo contrário, mal tem amigos (se é que as meninas com quem anda podem ser
chamadas disso), não é popular, nem se acha bonita, nunca teve um
relacionamento amoroso, nem mesmo chegou a beijar alguém, e vive uma vida muito
melhor nos sonhos e na sua imaginação fértil do que em sua realidade pacata.
Sua vida
muda bastante quando Bea começa a andar com algumas meninas populares, entre
elas uma de suas melhores amigas de infância, que se afastou dela nos últimos
anos de maneira bem radical. Em uma viagem que faz com as garotas para Málaga,
as coisas saem diferentes do que o esperado e a menina resolve sair do óbvio e enfrentá-las
sob uma nova perspectiva.
É aí que Bea
decide ir à Paris para conhecer o pai que a abandonou quando soube da gravidez
de sua mãe, e a quem ela sempre ansiou encontrar. Em um ato meio rebelde, ela
pega um trem sem pensar muito nas consequências, e acaba conhecendo um grupo de
mochileiros americanos que vão se tornar seus grandes amigos. E é quando está
prestes a ir para a cidade luz que Bea percebe que sua vida está começando, e
vai viver momentos mágicos e felizes antes de voltar para casa na Inglaterra,
onde nada mais será o mesmo.
A narrativa
da autora é leve, gostosa e extremamente envolvente, a gente sente um carinho
pela história, pela protagonista, Bea, e por Toph. E também dá um certo orgulho
de poder acompanhar o crescimento da menina, a forma como ela mudou e
amadureceu naqueles dias em que preferiu pensar em si mesma e não se deixou ser
mandada ou obrigada a fazer coisas que faziam sua vida ser normal e chata
demais, já que ela almejava por mais.
Para quem
não é muito fã de romances açucarados, mas ainda busca o amor nas leituras, esta
é uma ótima opção de livro, já que esta parte foi deixada bem para segundo
plano mesmo e o relacionamento amoroso do casal só se desenvolve da metade para
o final do exemplar e, mesmo quando eles ficam juntos, não ganha mais destaque
do que o resto. Além disso, primeiro houve um foco na amizade dos dois, o que,
claro, foi ótimo já que eu gosto muito de poder acompanhar o amor nascendo e
crescendo durante a história e odeio aquele jeito que se apaixonam logo de
cara, o que, graças a Sarra, não ocorre aqui.
Gostei muito
de acompanhar Bea e Toph por Paris, porque Manning tem uma habilidade incrível
com as palavras para nos introduzir ao texto como se realmente estivéssemos em
Paris, fazendo todas aquelas coisas maravilhosas. Bastava fechar os olhos que
dava para imaginar tudo perfeitamente, e eu só fiquei com mais vontade do que
nunca de viajar para lá agora mesmo!
Admito que
não gostei nada da mãe de Bea, e às vezes, no começo do livro, ficava querendo
sacudir nossa protagonista para que ela indagasse certos assuntos. Claro que
ela melhorou totalmente mais para o fim da leitura, mas não a ponto de me fazer
adorá-la. Por outro lado, suas avós, seus irmãozinhos gêmeos e seu padrasto,
são ótimos, assim como seus novos amigos americanos, principalmente o
encantador e apaixonante Toph.
Também achei
meio esquisito que ela tenha mudado de personalidade com tanta facilidade e
rapidez, num momento ela era bem tímida e estava tranquila e conformada com a
vida dela, até as “amigas” começarem a falar que sua vida era uma droga e ela
se sentir para baixo, mas mesmo assim começar a andar com um grupo pavoroso de
garotas que, com certeza, coisa boa não estava planejando.
Então, de
repente, ela já é uma adolescente revoltada que faz o que quer sem pensar em
ninguém, adora uma briga, faz pirraça e se irrita bastante, sai de um país para
outro, fazendo amizades com estranhos facilmente, fica bem mais confiante, bebendo
todas sem consequências negativas, mesmo na primeira vez, voltando à Inglaterra
cheia de amigos de colégio que ela nem mesmo tinha, entre outras coisas. Não
que eu não acredite que ela poderia realmente ter ficado assim com o tempo, mas
acho que o pulo que a autora deu de uma personalidade para outra ficou meio forçado,
algumas de suas características iniciais poderiam ter permanecido. Ela
desenvolveu tantas coisas muito bem, poderia ter desenvolvido mais este ponto
também.
Só uma
característica da personalidade de Bea me incomodou muito, já que, mesmo tendo
amadurecido tanto em tão pouco tempo, continuou dramática demais. Ela faz uma
tempestade em copo d’água muito grande para tudo e demora a passar o drama,
isso porque às vezes este nem mesmo tem um fim. Talvez tenha a ver com a idade
da protagonista, dezessete anos, mas eu não era assim na época, então...
E acho que
algumas coisas aconteceram fáceis demais para Bea e ela teve mais sorte do que
a falta dela, o que sempre acaba me incomodando porque parece que alguma coisa
soa meio forçada para o texto fluir facilmente para o ponto desejado pela
autora e não curto este recurso.
Em alguns
momentos eu tive uma certa sensação de que o livro parecia muito extenso. Toda
vez que parecia que já estava perto do fim, eu via a quantidade de páginas que
ainda faltavam e eram muitas. Não que isso tenha sido ruim, pelo contrário,
assim nada ficou deixado de lado ou esquecido, e todas as coisas foram
exploradas no tempo certo e da maneira correta para nos fazer ficar envolvidos
cada vez mais com a história. Além do mais, do jeito que Sarra escreve, eu
leria mais páginas ainda se fosse possível.
Sobre a
tradução, preciso confessar que fico meio indignada quando os tradutores
resolvem não traduzir os trechos em francês, que estão bastante presentes nesta
obra. Tudo bem que não querem tirar o sentido deles ali, traduzindo-os para o
português, mas sou fã de notas de rodapé, principalmente neste caso. Porque nem
sempre estou perto de algo com internet para usar o translator e entender o que
foi dito naquela passagem, então acabo perdendo coisas importantes do texto.
Apesar de
ter gostado bastante desta obra, preciso confessar que minha parte preferida dela
foi a capa. Porque, olhem que capa MARAVILHOSA é esta que a Galera Record usou
na edição nacional! Sério, fiquei apaixonada desde o primeiro momento em que a
vi e minha admiração por ela cresceu ainda mais quando vi a original, que é
absolutamente horrível. E ela não é só uma “capinha bonita”, ela tem tudo a ver
com o conteúdo, já que, além de Paris ser super importante para Bea, ela viaja
para lá e passa momentos incríveis e memoráveis na cidade luz.
A diagramação
está ótima, os tamanhos da fonte e do espaçamento estão confortáveis para uma
leitura prazerosa, além de contar com páginas amarelas. E gostei muito do jogo
de cores usados na capa, contracapa e lombada, que deixaram o trabalho gráfico
desta obra ainda mais espetacular.
O final
deste exemplar, assim como as cenas de romance que, mesmo em pouca quantidade,
estão presentes, foram extremamente fofos, daquele tipo que nos faz suspirar
mesmo. Fiquei apaixonada por este casal adorável e, quando terminei a leitura,
desejei por mais páginas só para saber o que iria acontecer depois.
Este livro é
sobre descobrir mais sobre si mesmo, é lutar pelo que quer, buscar ser feliz, crescer,
descobrir e conquistar coisas novas, recomeçar, sair da zona de conforto, encontrar
um sentido em sua vida e amadurecer. É também sobre amor, amizade e família. Mais
do que tudo isso, é sobre a vida, e como através de pequenos detalhes e
mudanças, algo grandioso e muito bom pode acontecer com a gente, basta estarmos
abertos à possibilidade.
Esta é uma leitura
divertida, agradável e romântica na medida certa. Os personagens são cativantes
e o enredo é maravilhoso. Recomendo muito a obra, meu coração ficou no livro e
acredito que o de vocês também ficará.
Avaliação
Que resenha linda e que capa espetacular. Estou muito curiosa para ler este livro, parece ser tão fofo e gostoso. Obrigada pela indicação, é mais um para minha enorme lista de desejados. rsrs Beijinhos
ResponderExcluir