Invisível – David Levithan & Andrea Cremer

Stephen foi amaldiçoado em seu nascimento e chegou a este mundo invisível, não daquele jeito de que você apenas se sente assim no meio de todas as outras pessoas no mundo, mas, sim, realmente invisível para elas e para si mesmo, que não sabe nem mesmo como é seu rosto ou a cor de seus olhos. Ele viveu sua vida por fora, sem ter contato com ninguém exceto seus pais, observando a todos, porém sem poder fazer parte de algo ou da vida de alguém.
Elizabeth acabou de passar por um baque emocional muito grande em sua antiga cidade por conta de algo terrível que aconteceu com seu irmão mais novo. Ela tenta se isolar de todos, mas sabe que precisa criar amizade com alguém agora que está vivendo um recomeço em Nova York.
Até que o destino os une e, um dia, Stephen está vagando pelo corredor de seu prédio quando Elizabeth o vê e fala com ele. Sem acreditar realmente no que está acontecendo, eis que ele tem a maior revelação de sua vida: ele não é invisível para todos, uma pessoa neste mundo pode realmente enxergá-lo. A amizade entre eles surge, depois os sentimentos evoluem para algo maior e eles sentem que, juntos, poderão mudar o destino dele e também o dela.
“Palavras terminadas com a sílaba ível giram em minha mente como um carrossel do mal. Impossível. Indizível. Inconcebível. Indescritível. Incompreensível. Mas isso tudo me leva de volta a uma palavra: invisível.
A narrativa é intercalada sob o ponto de vista dos dois personagens principais, sendo que cada capítulo acompanha o ponto de vista de um deles em primeira pessoa, e foi escrito por um dos autores, sendo a voz de Elizabeth dada por Andrea e a de Stephen por David.
Stephen é um doce e também dono de uma força espetacular, mesmo passando por tantas coisas ruins em sua vida, continua ali, um dia após o outro, se esforçando para viver uma boa existência, mesmo que de maneira solitária, e isto é muito admirável. Elizabeth também é uma garota forte, mesmo que de uma maneira diferente, determinada, amorosa e talentosa. Gostei muito dos dois, tanto sozinhos, quanto juntos, e de ver a evolução deles com o passar das páginas, que ocorreu de maneira gradual e muito bem feita.
Curti demais o casal e o desenvolvimento do relacionamento dos dois, assim como da forma como interagem entre si. Eles são um casal fofo, daquele tipo gostoso e feliz de primeiro amor, mas não melosos, e também são maduros a ponto de entenderem que fazem parte de algo maior, e lutam um pelo outro, se ajudando e se apoiando mutuamente, de forma destemida e também cúmplice.
Eu gostei demais dos dois protagonistas, mas não poderia deixar de comentar que o personagem que mais me conquistou foi Laurie com seu jeitinho encantador e sua maneira espetacular de ver o mundo, ajudar e aconselhar os próximos. Além de ele ser um amor de pessoa, um irmão maravilhoso e dono de uma personalidade contagiante, é ele o dono das cenas mais engraçadas e também o responsável por amenizar o clima quando está ruim e aumentar a esperança com há necessidade.
Achei que a narrativa de ambos os autores está bem poética nesta obra, recheada de frases de efeito e que facilmente podem ser “tiradas” do livro para se transformarem em quotes inspiradores fora do contexto, servindo para milhares de outros significados.
Este exemplar não deixa de ter um quê de sobrenatural e eu não imaginei que fosse seguir por este caminho, o que acabou me surpreendendo e eu gostei disso. Tirando o elemento fantástico da trama, ela é bem realista, os personagens são reais, como se pudéssemos conhecê-los fora do papel. A trama criada pelos autores parecia simples e normal, mas ela superou as minhas expectativas, é bem original e foi bem apresentada, apesar de, algumas vezes, ter tido explicações meio esquisitas e algumas mudanças forçadas.
Só acho que tudo nesta história aconteceu de forma muito rápida até certo momento, a começar pelo relacionamento do casal, tanto no sentido de amizade, quanto no lado amoroso, passando pela descoberta e aceitação do segredo de Stephen, a busca e descobrimento da verdade, achar alguém facilmente para ajudá-los, Elizabeth descobrindo algo sobre si mesma que antes estava oculto (tudo isso antes da metade do livro), inclusive como a protagonista consegue lidar tão bem com todas as suas novas responsabilidades, entre outros detalhes. O ponto positivo disto é que autores não enrolaram para desenvolver as coisas, deixando a trama bem movimentada, mas gostaria de ter me apegado um pouco mais ao começo da leitura.
Já no meio do livro, o ritmo fica muito mais lento por conta das explicações e aprendizagem, e esta quebra de fluidez também é um pouco incômoda, porque a gente começa a enrolar um pouco mais para fazer as páginas serem avançadas.
A parte que ganha maior destaque é, como o próprio título sugere, a invisibilidade. Aqui nós encontramos uma coisa mais real e física, já que Stephen foi amaldiçoado e quase ninguém pode vê-lo de verdade, mas também acaba tendo um valor mais abstrato, sobre se sentir ou querer ser invisível por conta de alguma coisa ou de você mesmo, ainda que esteja rodeado de muitas outras pessoas.
Mas, esta história vai muito além da questão da invisibilidade, mostrando e falando muito sobre se descobrir, sobre a autoaceitação, porque você é o que você é, e não o que as outras pessoas esperam de você, então precisa aceitar a ser você mesmo sempre, mesmo que não agrade a todos.
E ainda vai mais longe, esta obra também é sobre amor e amizade, sobre aceitar o próximo mesmo que ele seja diferente, é sobre lutar quando tudo parece perdido, é buscar uma mudança quando é isso o que você mais deseja, procurar novas soluções e nunca se deixar levar pelo lado obscuro da vida, é nunca perder as esperanças e sempre erguer a cabeça depois de todas as quedas, por maiores que elas sejam.
Não gosto desta capa nem um pouco, acho ela bem feia e super sem graça e eu nunca iria ler este exemplar se só estivesse julgando-o pela capa, mesmo que esta tenha um sentido mais simbólico. Na verdade eu só parei para conferir a sinopse por dois motivos: os nomes dos autores, porque eu conheço o trabalho de ambos e gostei muito de outros títulos que eles escreveram, e por conta da capa original, que eu já conhecia, e que pode até ser considerada normal ou clichê por alguns leitores, mas, em minha opinião, é linda e tem muito a ver com o conteúdo, além de chamar muito mais minha atenção.
Para não dizer que odiei totalmente a capa na versão nacional, curti a cor escolhida. A diagramação interna está simples, mas ótima, a fonte é grande e o espaçamento confortável. Além disso, conta com folhas amarelas, o que facilidade na hora da leitura.
Se você busca um livro do gênero jovem adulto com um enredo original, protagonistas adoráveis, personagens secundários encantadores, uma trama divertida e séria ao mesmo tempo, cheia de pontos reflexivos e também recheada de amor, sentimentos puros e amizade, além de um toque bem construído de sobrenatural e magia, e ainda quer um volume único, sem continuações, então para de procurar, porque “Invisível” é justamente o que você deseja. Super recomendado!
Avaliação



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2 comentários:

  1. Olááá
    Estou louca pra ler esse livro, aliás, qualquer coisa do autor depois de Todo Dia que foi uma leitura um tanto maravilhosa, curti muito e sei que vou curtir essa tbm, muito boa sua resenha e fiquei ainda mais curiosa.

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/2014/11/trilogia-my-land-escuridao-sombra-e-luz.html

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  2. Adorei sua resenha e quero muito ler este livro. Também não sabia que tinha algo de sobrenatural, mas achei interessante seguir por este caminho. Não gosto desta capa também, é muito feia. rsrs Beijinhos

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