Matilda é
uma menina especial, muito inteligente e avançada para sua idade, que aprendeu matemática
e a ler e escrever e sozinha quando ainda tinha apenas quatro anos de idade e
nunca havia frequentado a escola. Ela também adora ler e passa horas na
biblioteca, lendo títulos atrás de títulos, muitos deles clássicos como Charles
Dickens, C. S. Lewis, J. R. R. Tolkien, Jane Austen, Ernest Hemingway,
Charlotte Brontë, George Orwell, entre muitos outros.
Por outro
lado, sua convivência com seus pais não é muito boa, já que eles são
negligentes com ela, chamam-na de burra constantemente, e não gostam muito da
menina, muito menos de toda sua paixão por leitura, visto que eles amam
televisão e a consideram de bastante importância.
Quando finalmente
começa a estudar numa escola, Matilda acaba tendo que vivenciar e presenciar
coisas terríveis cometidas pela assustadora diretora, sra. Taurino, que a
considera uma fingida, e maltrata todos a seu redor, inclusive a doce
professora srta. Mel, com quem nossa querida protagonista logo cria uma
amizade.
Mesmo com
todas as coisas ruins na vida de Matilda, a menina não se deixa abalar e é um
amor de pessoa, além não gostar de mentiras e injustiças. E, por conta disso,
quando descobre que tem um poder de mover objetos, usa-o para fazer o bem e
para corrigir o destino de uma pessoa querida que foi totalmente mudado por
conta de alguém terrível.
A narrativa
de Roald Dahl é daquele tipo leve e envolvente, que faz com que você grude os
olhos nas páginas para saber qual a próxima coisa absurda que vai acontecer, já
que ele optou por seguir um caminho bem ficcional, mesmo tendo a realidade como
base para sua história. Ou seja, tudo parece ser de verdade na superfície, mas
algumas situações são tão exageradas e irreais, que ganharam um ar bem cômico.
A linguagem
utilizada pelo autor é simples e de fácil entendimento, além de sua escrita ser
ágil e gostosa, conseguindo, assim, manter o interesse dos mais jovens por mais
tempo.
É, também,
muito divertido e engraçado. Os planos bem elaborados de Matilda são muito
interessantes, principalmente por terem sido planejados por alguém com tão
pouca idade.
Matilda é um
amor de pessoa e sua personalidade é incrível e marcante. Acho difícil alguém
conhecer a menina, conversar um pouco com ela e esquecê-la, já que é daquele
tipo de pessoa que transmite coisas boas, além de ser extremamente inteligente
e boa de papear.
Há um pouco
de sobrenatural nesta obra, pois Matilda acaba descobrindo que tem poderes
paranormais e que pode ter aparecido por conta de sua inteligência acima da
média. A forma como o autor introduziu este assunto foi sutil e bem utilizada,
não ganhando mais destaque do que o resto, mas tornando-se parte essencial do
desfecho da história.
Poderia
dizer que achei o final triste e alegre ao mesmo tempo. Por um lado, é bem ruim
ver pais como os da família Losna, suas atitudes com a filha no decorrer do
livro inteiro e também com a última decisão dos dois, que deu ainda mais ênfase
ao fato de que nem se importam e nem ligam para ela, é realmente bem lamentável
se você parar para refletir sobre isso. Mas, por outro lado, para amenizar esta
situação, também há um certo alívio e alegria, ao ver que Matilda conseguiu se
livrar das coisas ruins e tem uma perspectiva de um futuro cem por cento melhor
e mais feliz.
Acredito que
a grande maioria das pessoas com mais de vinte anos já deve ter ouvido falar de
Matilda, seja por conta desta obra de Roald Dahl, ou de sua adaptação
cinematográfica homônima, de 1996, dirigida por ninguém menos do que Danny
DeVito, que também atuou como pai da menina. Eu sou uma destas que conhecia o
filme, que assisti quando era criança e me lembro de ter gostado bastante, mas
já faz tempo e não recordo muito bem da história, então não posso afirmar se
está tão fiel. Mas, em uma conversa com uma pessoa que viu e lembra mais ou
menos, descobri que ficou bem próximo do livro, só não sei se exatamente igual.
A edição
está um primor, recheada de ilustrações fofas em preto e branco e de traços
simples, feitas por Quentin Blake, com cenas da história, que completam
perfeitamente as palavras. A diagramação do texto também está muito boa, com
fonte e espaçamento em tamanhos confortáveis para uma leitura mais fácil, apesar
de contar com páginas brancas. O formato do livro é pequenino e tem apenas 19,00
cm x 12,50 cm, e o tom de rosa da capa é bem bonito e chamativo.
Recomendo
“Matilda” para as crianças que adoram histórias recheadas de situações absurdas
que levam o leitor mais jovem às gargalhadas com facilidade, uma protagonista
adorável, personagens bem caricatos, e um encantador final feliz. Mas, é claro
que os leitores que já passaram desta fase e curtem uma deliciosa obra
infantojuvenil, também vão gostar de conhecê-la.
Avaliação
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