Desde muito pequena eu sempre
tive muita afinidade com a cultura japonesa, e a medida que eu fui crescendo
essa afinidade foi crescendo por pontos em comum que temos. Um dia espero poder
conhecer esse lugar incrível que é o Japão, enquanto isso não acontece eu vou
pesquisando pelas bordas o modo de ser desse povo que compartilha os olhos
puxados comigo (os meus são da Lituânia =P!). Para tanto não resisti a leitura
de Ikigai - Os Segredos dos Japoneses para uma vida longa e feliz, dos autores
Héctor García e Francesc Miralles, pela editora Intrínseca.
Após um encontro em uma noite
chuvosa em Tóquio entre os autores e posteriores conversas eles se pegaram
questionando qual o sentido da vida? Por que existem pessoas que sabem qual são
seus caminhos e os seguem felizes, enquanto outras vivem na confusão? No meio
dessa reflexão o termo Ikigai surgiu, e uma jornada para uma ilha conhecida
pela sua longevidade estava prestes a ter início.
Ikigai é um conceito japonês que
pode ser definido como "a felicidade de estar sempre ocupado". Para
os autores isso explica a extraordinária longevidade da população de Okinawa
por exemplo, que está entre os locais considerados de zona azul, ou seja, com
grande concentração de centenários.
Para explorar a fórmula utilizada
por essa população García e Miralles exploraram diversos conceitos, técnicas e
comportamentos que auxiliam tanto no aumento da expectativa de vida, quanto
melhoram a qualidade de vida uma vez que você pode encontrar um sentido para
vida que vá além de seguir o rebanho.
Sem sombra de dúvida manter a
mente ativa torna seu corpo mais jovem, já que desafiar seu cérebro a novos
aprendizados sempre o força a criar novas conexões cerebrais se revitalizando.
Logo não tenha medo da ansiedade perante o novo e saia de sua zona de conforto
sempre, seja lendo livros fora do costume, realizando atividades nunca feitas
antes e etc.
E no lado oposto é fato afirmar
que o maior vilão da vida longa é o estresse, isso porque o corpo reage ao
estresse da mesma forma que reage a doenças, gerando uma resposta imunológica,
o que gera danos em células saudáveis e resulta em envelhecimento precoce. Para
melhorar as respostas ao estresse os autores enumeram diversas sugestões. Outros
fatores também são explorados como dormir bem, atividades físicas e
alimentação.
Uma parte muito interessante são
alguns relatos de pessoas que passaram dos cem anos, e o que elas acreditam que
fizeram para chegar tão longe. O bom humor certamente é um ingrediente nesta
fórmula que pode parecer evidente, mas tem forte carga genética também, afinal
uma das senhoras que morreu com 122 anos parou de fumar com 120 anos, e médico
algum poderia explicar uma vida tão longa de vício!
A logoterapia é uma abordagem na
psicologia que tem como objetivo buscar o sentido da vida, por isso ela ganha
um capítulo inteiro onde é inclusive comparada a psicanálise. Particularmente
achei a técnica interessante, mas não possível para todas as pessoas. Talvez
fosse interessante depois de alguns anos de análise, já que a logoterapia não
trabalha com traumas e questões do passado que não podem ser deixadas de lado
em um tratamento.
Foi em Ogimi, uma aldeia de
Okinawa que maior parte da pesquisa se ateve, depois de alguns dias acompanhando
esses centenários no seu dia a dia, os autores analisam tradições e lemas desta
população. É uma comunidade muito unida que têm diversos grupos em que todos
participam e se ajudam, assim ninguém passa seus dias em casa contemplado o
jornal, ao contrário, são pessoas que embora sua idade seja avançada se
levantam cedo, cuidam de suas hortas, andam de bicicleta, participam de
atividades variadas e não se limitam pela idade. Todos tem sua missão e
objetivo.
Um capítulo apenas sobre alimentação foi realizado, e o conceito de nunca comer mais do que 80% da capacidade de seu estômago é um destaque, já que assim você não faz com que seu sistema tenha que se desgastar e acelerar a oxidação para uma longa digestão. Alimentos como chá verde, jasmin e branco além Shikuwasas- fruta cítrica rica em flavonóides são analisados. Algumas dicas de exercícios do Oriente também aparecem, Rádio Taissô, Ioga, Tai Chi entre outras são brevemente explicadas com exemplos de exercícios que podem ser realizados. Por fim a resiliência e a teoria da antifragilidade fecham o livro.
Com uma linguagem bastante
acessível e explicações muito claras, salvo seu trecho inicial onde os autores
se repetem muito, o livro se desenvolve bem e de forma muito acessível para
todo tipo de público com sugestões que podem ser adotadas por todos sem grandes
problemas.
Ikigai apresenta novas maneiras de enxergar a vida e atuar, nos apresentando um modo que gera mais apropriação de sua jornada e conexão consigo mesmo. É um livro ótimo para quem procura por novos modos de existir nesse mundo tão caótico e que quer fazer um pouco de diferença.
Ikigai apresenta novas maneiras de enxergar a vida e atuar, nos apresentando um modo que gera mais apropriação de sua jornada e conexão consigo mesmo. É um livro ótimo para quem procura por novos modos de existir nesse mundo tão caótico e que quer fazer um pouco de diferença.
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