Como o
próprio subtítulo já revela, nesta obra vamos conhecer Poemas, Anotações Íntimas e Cartas de Marilyn Monroe. Ou seja,
vamos adentrar seus pensamentos e sua intimidade de maneira real, honesta e genuína,
afinal, ela estava escrevendo aqueles textos para si mesma e suas palavras refletiam
tudo o que pensava e sentia. Devo dizer que realmente adorei essa leitura, e
conhecer esse lado mais pessoal e instintivo de Marilyn foi realmente
maravilhoso, principalmente porque é bem diferente da imagem que muitas pessoas
têm deste ícone.
O que eu
mais gostei é que através destas palavras Marilyn podia ser ela mesma, com seus
medos, angústias, tristezas, pensamentos nocivos, incômodos, etc. Também
houveram momentos felizes, porém os demais superaram estes. E, como ela não
estava escrevendo para ninguém em particular na maioria das vezes – salvo
poucas exceções presentes neste exemplar –, nem mesmo um ouvinte apenas, sendo
ele seu amigo ou não, ou entre uma roda de pessoas ou até mesmo para uma
publicação oficial, Monroe podia ser livre, natural, espontânea, autêntica e
franca, sem julgamentos.
Me senti
muito próxima desta mulher poderosa e queria que ela tivesse vivido em outra
época, mais recente, para poder usufruir melhor de sua vida e de como era seu
eu verdadeiro. E que eu tivesse tido a oportunidade de conhecê-la (claro que
ainda que ela tivesse nascido em data próxima de mim isso seria quase
impossível, mas não custa imaginar essa situação) deste jeito real que ela era.
Antes desta
obra, não tinha tantos conhecimentos acerca de sua personalidade, mas agora
quero ler biografias sobre ela para entendê-la melhor. Porém, com esses seus
pequenos textos, anotações e poemas, já deu para notar que ela sofria bastante
e tinha recorrentes mudanças de humor com muitos momentos depressivos. Como eu
já pesquisei sobre bipolaridade, consegui enxergar nela muitos desses traços e,
fazendo uma nova pesquisa, descobri que Marilyn realmente tinha esse transtorno.
Marilyn era
maravilhosa! Uma mulher à frente de seu tempo, que se importava com as pessoas,
inclusive minorias, tinha muitos amigos e sempre tentava ajudar os outros. Foi
uma leitora voraz e em diversas fotografias dela (muitas encontram-se neste
livro) podemos vê-la com um livro na mão. Entre as diversas opções que lia, gostava
muito dos clássicos. Além do mais, podemos considerar que ela tinha alma de
poetiza, já que escrevia diversos poemas com muito sentimento e até pontos
reflexivos – para o leitor e para si mesma.
Ela também
era muito dedicada a sua profissão de atriz e estava constantemente em busca de
melhorar a si mesma e sua atuação. Fazia cursos, encontrava-se com pessoas
renomadas na área, fez amizades, muitas delas íntimas, com intelectuais e
indivíduos ligados ao cinema (diretores, produtores, etc.) e artes. E estava
sempre querendo dar mais de si mesma, frequentemente criticando o que fazia
(ainda que para os outros parecesse perfeito) e se incomodando porque achava
que não estava alcançando o êxito que desejava. Ou seja, Marilyn foi uma pessoa
com muito pouca confiança em si mesma, diferente da imagem que muitos têm dela.
Ela era
alegre, sim, porém muitas vezes, era triste e escondia dentro de si um
sofrimento visceral. A leitura acabou sendo angustiante em alguns momentos, porque
a gente fica (pelo menos comigo foi assim) com aquela sensação de querer
ajudar, de desejar que estivéssemos presentes ali em sua vida para ajudá-la a
enfrentar o dia a dia e tudo o que a afligia, mesmo que isso nem mesmo fosse
possível, afinal ela veio a falecer décadas antes de eu mesma sonhar em nascer.
E toda essa
realidade dela só vem confirmar aquilo que já sabemos: as vidas das pessoas são
sempre uma caixinha de surpresas e podem esconder coisas obscuras e muitas
vezes ninguém ou pouquíssimas pessoas têm a chance de conhecer de verdade o outro
alguém. E que a mídia, o dinheiro, a fama e quaisquer outras coisas podem
apenas mascarar verdades, mas nunca revelam exatamente ou verdadeiramente
qualquer pessoa, por mais pública que ela seja.
Esse
exemplar é incrível e foi dividido por material, da seguinte forma: cada
capítulo representa uma caderneta ou uma agenda, uma carta ou algo semelhante
em fac-símile (como se fosse uma foto ou scanner) do original com a tradução na
página seguinte, e nele achamos textos encontrados nesse objeto, por exemplo.
Para explicar melhor, vou comentar sobre algumas partes separadamente.
Inicialmente
temos a Nota dos Organizadores, seguida de um texto escrito por Antonio
Tabucchi sobre Marilyn, a seguir adentramos em seus materiais pessoais. No
primeiro capítulo, encontramos uma carta datilografada de 1943, bem sincera,
quando ainda era bem novinha e estava em seu primeiro casamento. Depois podemos
conferir textos de cadernetas e agendas específicas, onde ela fazia anotações e
escrevia pensamentos, assim como páginas soltas de papel timbrado do hotel
Waldorf-Astoria, onde ela viveu por alguns meses, em alguns capítulos adiante
papéis timbrados de outro local, assim como outras notas soltas, ela também
utilizou bloquinhos de anotações de cozinha, etc. E ainda temos a oportunidade
de ler duas cartas dela e algumas respostas para uma entrevista.
No início de
cada uma dessas partes, há um pequeno texto dos editores explicando um pouco
sobre aquele objeto em questão, o tempo em que provavelmente os fragmentos
foram escritos, e nos contextualizam na vida dela da época ou em alguém que vai
ter importância naquele período ou naquelas palavras. Achei esses textinhos extremamente
interessantes e também parte essencial para o entendimento de muitas coisas
encontradas na obra.
Na edição
ainda há muitas fotos maravilhosas coloridas ou em preto e branco, uma parte de anexos contendo alguns dos títulos de livros da
biblioteca pessoal de Marilyn, sua foto preferida, o elogio fúnebre escrito por
um de seus grandes amigos e pessoa que ela admirou muito em vida, Lee
Strasberg, assim como uma biografia e uma constelação literária com comentários
sobre algumas das pessoas que tiveram importância na vida do ícone.
A
Tordesilhas está de parabéns pela belíssima edição, digna de Marilyn com capa
dura, páginas do miolo em papel couché de alta gramatura (aqueles do tipo de
folhas de revista, porém muito mais grossos), ótima qualidade de impressão,
marcador de fita, e formato especial (maior que o padrão nacional) com seus 26 cm
x 20,2 cm, permitindo que o exemplar também sirva como objeto de decoração. Ou
seja, além de ter um conteúdo magnífico, é belo por fora.
“Fragmentos”
é uma ótima opção de leitura para todos aqueles que desejam conhecer mais
intimamente Marilyn Monroe, este ícone que foi essa mulher interessante,
profunda, guerreira e inspiradora, que viveu da melhor maneira que pôde, mesmo
que muitas vezes tenha sido difícil. Conhecê-la mais a fundo de maneira tão
autêntica foi realmente maravilhoso e tenho certeza de que muitos vão se sentir como eu depois de finalizar esta obra.
Avaliação
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