Molly tem
dezessete anos, teve um total de 26 crushes até agora e nunca foi beijada. Isso
porque, quando tem um crush, Molly fica travada diante da possibilidade de que
algo real possa acontecer entre eles. Ou ela entra em cena muda e sai calada,
se afasta rapidamente assim que surge a oportunidade ou simplesmente se fecha
para qualquer oportunidade de algo mais. Afinal, ela é uma menina gorda e acha
que não teria chances no amor e prefere agir com cautela para não passar
vergonha ou levar um fora.
Quando sua
irmã gêmea e companheira de vida, Cassie arruma uma namorada, Molly se vê
sozinha e se sente abandonada, fazendo com que seus sentimentos de solidão
fiquem ainda mais aflorados e seu desejo por um namorado aumente cada vez mais.
E ela tem uma ótima opção para entrar nessa vida romântica que todos estão
vivendo. Mina, a namorada de sua irmã, é melhor amiga do fofo e hipster, Will,
e talvez Molly tenha chances com ele.
Porém,
disputando a vaga de vigésimo sétimo crush de Molly está Reid, o garoto alto e
fofo que trabalha com ela, que adora Tolkien, visita feiras medievais e usa
tênis tão brancos que chegam a ser ridículos. Mas será que ele seria uma opção
ideal para se tornar namorado de nossa protagonista?
Desde que li
a sinopse de Os 27 Crushes de Molly,
estava louca para ler esse livro! Então, assim que a oportunidade surgiu,
mergulhei nessa história para conhecer melhor Molly e seus crushes. Devo dizer
que a obra é muito legal e fofa, fiquei encantada pelo casal, adorei diversos
personagens (e queria tê-los conhecido melhor), amei o fato de a autora
apresentar pessoas normais e diferentes entre si, além de incluir
representatividades aos montes. Porém, faltou um algo a mais para me fazer
ficar apaixonada.
Acho que algumas
situações tiveram uma profundidade meio rasa. Como, por exemplo, o fato de
Molly tomar remédios para ansiedade. Esse fato foi citado algumas vezes, mas Albertalli
não trabalhou muito com eles. Sei que a intenção da obra não era isso, mas
queria ver mais sobre o assunto e como a protagonista conseguiu superar uma
fase ruim e agora consegue viver normalmente. Também acho que alguns diálogos e
os momentos em que ela saía com os amigos podiam ser melhor desenvolvidos. Em
diversas situações vemos Molly fazendo alguma coisa com as pessoas ao seu
redor, porém não tivemos grandes oportunidades de conhecê-los mais a fundo. O
próprio triângulo amoroso não foi muito explorado, já que conhecemos bem pouco
as duas pontas, exceto por pensamentos de Molly dizendo que gostava de um ou
que deveria gostar do outro. Mas senti falta de ver isso acontecendo, de
“entender” seus sentimentos caso ela não falasse neles.
Algo que
achei realmente maravilhoso é que a autora trabalhou com diversas
representatividades de maneira bem natural, como deveria acontecer na vida real
em todos os lugares. Há pessoas bem diferentes, de religiões diferentes, de
culturas variadas, com orientações sexuais distintas ou não definidas, com
ideias de vida diversas, etc. E todo mundo se respeita e aceita o próximo como
ele é. Claro que tem um ou outro personagem que é um pouco ridículo ou faz
comentários desnecessários, mas a maioria ainda assim consegue mudar de ideia
ou de atitude até o final da obra. E isso foi lindo!
Achei que
Molly foi dramática em excesso em algumas situações. Não quero diminuir o que
ela sente de maneira nenhuma. Porém, acho que, primeiramente, o fato de não ter
tido um namorado aos dezessete anos não é a coisa mais absurda do mundo e muito
menos se restringe a apenas meninas gordas. Ela faz parecer como se o mundo
inteirinho já tivesse feito absolutamente de tudo com esta idade, quando na
verdade muitos estão passando pelas mesmas dificuldades que ela, mesmo com
personalidades e corpos totalmente diferentes. E tudo bem, isso é normal! Entendo
que ela é uma adolescente e para pessoas dessa idade tudo seja muito mais
intenso, porém, para um livro com representatividade, que eu acredito que
deveria ajudar as pessoas a serem e aceitarem mais a si mesmas, não acho que
essa protagonista tenha conseguido fazer isso com maestria. Afinal, ela não se
aceita de fato como ela mesma, só fica feliz quando um garoto bonito lhe dá a
devida atenção que ela espera merecer. Mas acho que ela deveria ser feliz
consigo mesma, se aceitar melhor antes de buscar dividir a felicidade com outro
alguém.
Mas, tirando
toda a questão de representatividade de lado, Molly é uma personagem adorável,
que passa por problemas normais da adolescência e tenta enfrentá-los da melhor
maneira possível. Quando ela resolve se abrir mais para o amor e para a
rejeição, para, assim, se sentir mais confiante com relação a garotos, tudo
flui melhor em sua vida.
E o
relacionamento entre ela e o garoto com quem fica (não vou dizer qual deles foi
para não correr o risco de soltar algum spoiler – apesar de ser meio óbvio) é
absolutamente fofo! Daquele tipo que nos faz suspirar, torcer e rir feito bobas,
assim como os dois quando estão juntos ou pensando no outro.
Becky
Albertalli é uma ótima opção de leitura para todos, principalmente os jovens,
que muitas vezes ainda estão em formação de caráter e podem, assim, olhar a
vida com outros olhos e passarem a tratar melhor o próximo, afinal cada ser
humano é especial e normal sendo quem ele é. A trama é fofa, bem leve,
descontraída e gostosa, fazendo com que você logo se sinta conectado com algum
dos personagens ou algo que estão vivendo, seja porque está enfrentando algo
semelhante ou já tenha vivenciado alguma situação parecida. Recomendado!
Avaliação
Nenhum comentário:
Postar um comentário