Nessa obra,
vamos conhecer alguns personagens bem diferentes entre si, mas todos igualmente
interessantes – mesmo que não de forma positiva, já que podemos ver diversas
nuances do ser humano. Ana, jovem bonita, casada com Sílvio, um rapaz também
bonito, com uma vida estável, dinheiro e segurança. No entanto, ele tinha
grandes crises que expulsava a esposa de casa constantemente e quebrava tudo
que tinha dentro do local e ela ia buscar refúgio na casa de seus pais ou de
sua amiga. Só que depois Sílvio se arrependia e ia atrás dela, levando flores e
fazendo promessas de que aquela situação não se repetiria mais. Mas tudo isso
não adiantava, visto que depois ele sempre voltava a repetir as mesmas coisas.
Numa dessas,
Ana vai para casa de sua amiga e conhece Bruno, um jovem que tinha muitos
conflitos internos e ideias suicidas. Era um rapaz humilde, mas de excelente
coração, que se apegou muito a Ana, e eles tornaram-se grandes amigos. E ela se
sentia muito feliz próxima a ele quanto ele próximo a ela (Neste caso, foi dado
uma explicação do porquê eles terem essa afinidade).
Não poderia
deixar de comentar sobre os pais de Ana, Rosinda e Romualdo, que nunca
estudaram, mas seu pai fez de tudo para que ela e seu irmão tivessem instrução.
Só que a cabeça dele era muito retrógrada, moralista e só aceitava sua própria
visão e opinião a respeito de qualquer coisa. Já sua esposa, que pensava de
forma diferente, voltou a estudar depois de já ser avó. E isso o incomodava
muito e ele não aceitava, mas ela foi determinada e seguiu adiante.
Esses,
claro, são apenas alguns pontos das vidas de cada um destes complexos
personagens. Vamos acompanhá-los por um grande período de suas vidas e aprender
um pouco sobre eles e assim podemos entender mais sobre suas formas de agir e
pensar, mesmo que não concordemos com elas. E, para saberem mais, só lendo a
obra, porque não posso revelar spoilers.
“Ninguém é
melhor ou mais querido por Deus, pois Ele compreende nossas fraquezas, dores e
nossos limites e sabe que, apenas vencendo tudo isso, nós passaremos para
outros patamares da existência.”
Apesar de
entendermos que cada um tem sua própria vida e cada ser humano já vem de várias
encarnações, por aqui todos passamos por coisas semelhantes em nossas vivências.
Sempre nossas histórias têm algo parecido com as de outras pessoas. Alegrias,
tristezas, aprendizados, erros e acertos, etc., tudo faz parte da nossa
evolução. Algo que sempre me questiono é se devemos descobrir por que estamos
aqui e para que viemos para sabermos lidar com os problemas de forma diferente
quando reencarnarmos. Ou cairemos nas mesmas armadilhas diversas vezes? Essa é
a vida.
Falo isso
porque encontrei semelhanças neste livro com o caso de uma amiga da vida real.
A única diferença é que a jovem em questão, a protagonista da obra, era casada
há apenas 3 anos, enquanto minha amiga foi há 30 anos. Todas as angústias pelas
quais ambas passaram foram as mesmas, ainda que elas tenham vivido em outra
época.
A autora
abordou assuntos importantes na trama, como preconceitos, evolução terrena e
espiritual, insegurança, autoestima, luta por aquilo em que se acredita, medo, amor,
como as pessoas devem ser elas mesmas, independente de opiniões alheias, que
somos todos iguais e ninguém é inferior a outro alguém, mesmo que esteja em diferentes
níveis sociais, econômicos ou outros.
A narrativa
flui maravilhosamente bem e mal comecei a ler e já finalizei a obra. Não
conhecia a escrita de Amarilis de Oliveira, porém fiquei encantada pela
história que psicografou do espírito Maria Amélia e, claro, desejo conhecer
outros de seus trabalhos em breve.
No caso
deste exemplar, não há muitas explicações do lado espiritual. Então, se você
não acredita muito nesses conceitos ou então não curte exemplares em que eles
ganhem tanto destaque, essa é uma ótima opção de leitura, e pode ficar
tranquilo porque o livro é mais sobre a vida dessas pessoas do que sobre a
visão espiritualista.
De todos os
pontos retratados, a obra foca mais no sofrimento de Ana e seu marido, Sílvio.
E estava esperando uma grande e satisfatória resolução para o caso, então não
gostei muito do final, porque acho que faltou uma conclusão maior para tudo
aquilo que viveram até aquele momento. Não me convenci com o desfecho, porque
pareceu que ficou em aberto e fiquei um pouco chateada com isso.
“Bendito
amor que nos diviniza e nos faz chegar mais perto de Deus. Sem ele, somos
apenas caçadores e caça, seguindo instintos apenas, voltando a ser seres da
caverna, com pouco ou nenhum discernimento, com pouco ou nenhum raciocínio, com
pouca ou nenhuma humanidade.”
“Além da
Razão” me surpreendeu positivamente e fiquei encantada com os personagens que
conheci na obra, assim como com a escrita envolvente e reflexiva de Amarilis de
Oliveira. Indico para aqueles que buscam uma obra para pensar sobre a vida e a
importância de cada ser humano como uma pessoa única.
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