Este é um
romance mediúnico, narrado no século XVIII em plena Revolução Francesa, que começa
com a história do duque Cédric, oficial do exército francês, que era casado com
uma jovem de vinte anos, de nome Geneviève Bonnet, que tinha longos cabelos
castanhos claros e pequenos olhos verdes, e era uma das mais belas da corte.
Estava prestes a dar à luz, sendo que, antes desta gravidez, tivera três
abortos espontâneos. Infelizmente este último não foi tão diferente dos anteriores,
pois, mesmo com os médicos fazendo de tudo, não conseguiram salvar ela ou o
bebê. Isso ocorreu uma semana após a história que vamos acompanhar de nossa
protagonista.
Voltamos
então a Dijon, uma cidadezinha no interior da França, onde a baronesa Giulia Laforet,
acabara de dar à luz seu terceiro filho, que nascera com problemas congênitos.
Não aguentando a dor e a hemorragia, veio a falecer. Ela possuía três filhos,
sendo dois meninos e uma menina, Hugo, de 12 anos, Henry que acabara de nascer,
e Charlotte, de quinze anos, que é a protagonista dessa história, que vem a ser
uma jovem muito sensível e bem-humorada, que ficou cuidando dos irmãos,
principalmente do Henry, com muito carinho e amor.
Com o passar
dos anos, apesar de Cédric ter se tornado mais fechado, também se tornou mais
determinado ao apoio que dava ao povo, fazendo melhoras em sua fazenda. E
fazendo com que, dentro de sua propriedade, providenciasse melhores condições
para os camponeses, além de não manter escravos. Em uma de suas visitas a seus
amigos, conheceu Charlotte, que já contava com seus vinte e um anos,
acompanhada de seus irmãos na casa dos tios. Charlotte sempre estava com seu
irmão mais novo, Henry, pois com a deficiência que ele tinha em suas pernas,
tinha dificuldades em andar. E é a partir deste momento que a vida de ambos,
Charlotte e Cédric, começa a se interligar e mudar.
Como podemos
notar, esta obra trata-se de um romance de época unido a ensinamentos
espirituais, que nos fazem refletir e entender melhor o processo da vida. É um
livro que indico para quem gosta e/ou acredita no espiritismo e na encarnação,
pois se não a pessoa não vai aproveitar a leitura como deveria.
Como em todo
romance mediúnico, vamos encontrar dentro da história intrigas, invejas, medos,
superações, determinações e consciência de que a vida não para por aqui. E aqui
não é a nossa primeira e nem a última morada, pois a casa de Deus tem várias
moradas. A vida segue seu curso, tanto no físico quanto no espiritual, e é lá
que escolhemos nosso retorno e já aceitamos e tentamos melhorar. Esquecemos,
mas combinamos que voltamos para nosso melhoramento, e para seguirmos adiante.
Me emocionou
muito o jovem Henry, que ao nascer perdeu a mãe, e, mesmo a sua doença não lhe
impediu de ser um espírito de muita luz. E o pouco que ficou na Terra,
conseguiu transmitir apenas coisas boas e compreensão a todos que se
aproximavam. Seu desencarne foi doloroso para nossos olhos, mas, para ele, foi
cumprida mais uma etapa para sua evolução.
“Tenhamos fé em Deus, minha irmã. Ele nunca deixa
seus filhos à mercê da própria sorte, a não ser se procurarmos por isso”
O pai deles
era viciado em jogos e sempre perdia seus bens, Henry sempre entendia e tentava
compreendê-lo e explicava para aos irmãos o porquê de ele assim. “Papai, como
muitos, usa a desculpa da perda para atenuar suas faltas morais. [... ] Ele coloca
a culpa de sua desdita na morte de nossa mãe, no entanto quem está morto é ele
mesmo”. Ele foi de muita importância na vida de Charlotte, fazendo
com que ela se tornasse uma moça ainda melhor.
Charlotte e
Henry, juntos, fizeram acontecer coisas muito boas para todos que lhe procuravam
e precisavam de seus apoios, sempre com uma palavra de carinho. Ela se
apaixonou por um homem mais velho, Cédric, mas foi prometida a outro homem, que
depois a deixou por outra moça, fazendo com que nossos personagens principais
acabassem tendo que enfrentar diversas situações por conta disso.
Eu gostei de
acompanhar o romance em si se desenvolvendo, principalmente por não se tratar
de algo água com açúcar como vemos em algumas obras literárias. Pelo contrário,
achei bastante realista, com personagens que poderiam ser facilmente pessoas de
carne e osso vivendo suas vidas da maneira que lhes convém, tendo seus altos e
baixos, alegrias e tristezas, e sendo pessoas normais, cheias de defeitos e
qualidades. Cédric, por exemplo, era grosso em algumas situações e até
orgulhoso e irritadiço, mas em outros momentos conseguia ser fofo e atencioso.
Além de ter
uma bela história de amor, que faz alguns leitores suspirarem, também vamos
encontrar muita dor em suas páginas. Ou seja, esse é um exemplar forte, mas
ainda assim é muito bonito e completamente emocionante. Não sei se alguém vai
conseguir lê-lo sem derrubar uma lágrima pelo menos. Eu chorei bastante.
Em meio a
muitas reviravoltas, intrigas, sentimentos dúbios, tragédias, várias
dificuldades, períodos de tempo longos de separação, angústias, etc., o amor,
como o título já sugere, triunfa. E isso foi a parte mais bonita de se ver. E
quando eu digo o amor, não é apenas com relação ao romântico, mas também de
irmãos, e ao ser humano e ao próximo, principalmente através da figura de uma
criança, que veio como um espírito de luz. E isso foi realmente muito
emocionante.
A narrativa
da autora é muito gostosa e bem sensível, do tipo que nos prende e nos fascina,
fazendo com que a gente mergulhe nas páginas desta obra, como se pudéssemos
viver naquela época, junto com aqueles personagens. Além do mais, flui muito
bem, fazendo com que a gente nem sinta o tempo passar. Nunca tinha lido algo de
Giseti Marques, mas já fiquei empolgada para conferir outras de suas obras.
Recomendo
este belíssimo romance de época mediúnico para todos aqueles que apreciam uma
excelente obra literária, que nos faz sentir e refletir sobre a vida. O melhor
de tudo é que a autora é brasileira, possibilitando-nos prestigiar, apoiar e
incentivar a literatura nacional.
Avaliação
Nenhum comentário:
Postar um comentário