De um lado
conhecemos Elle Wittimer, que, quando ainda era pequenininha, foi introduzida
por seu pai no mundo de Starfield, série de televisão que era a grande paixão
dele, e acabou se tornando uma fã de carteirinha deste universo de ficção
científica. Ela idolatra a versão original e os atores, sabe todas as falas e
os mantém bem próximos do coração. Agora, a jovem é órfã e vive em sua casa de
infância com a madrasta e suas duas filhas, sendo importunada por elas e tendo
que se virar para manter a casa e tudo o que pedem em ordem. Por ser nerd, ela
acaba sofrendo ainda mais abuso psicológico delas. Mas é Starfield que a mantém
bem e acolhida, como se seu pai ainda estivesse por ali.
Quando um
remake hollywoodiano de Starfield é anunciado em forma de filme, nossa
protagonista fica temerosa, principalmente quando descobre que o ator principal
será o astro pop do momento, Darien Freeman, que ficou popular numa série de
televisão de enredo totalmente diferente, e conquistou muitas fãs com seu rosto
e corpo lindos. E ela não consegue aceitar que uma paixão de uma vida toda seja
arruinada por ele junto com suas fãs que nada tem a ver com o universo de
Starfield ou de ficção científica.
Até que um
concurso de cosplay é anunciado e Elle vê sua chance de poder ir à première do
filme, e ainda poderá participar de um baile dentro da convenção que seu pai
criou e virou seu legado depois que morreu, e onde nossa protagonista nunca
mais pisou desde então. E é com a ajuda de Hera, sua chefe no food truck Abóbora
Mágica, que ela consegue consertar a roupa certa para usar nessa ocasião. Ela
já tem a fada madrinha e a carruagem, agora só falta a coragem para ir atrás de
seus sonhos e vencer aquele concurso.
Do outro
lado, conhecemos o próprio Darien Freeman, que nos mostra que está longe de ser
apenas um rostinho bonito e quer provar que pode ser, sim, o próprio Carmindor,
príncipe da Federação e protagonista de Starfield. E ele vai correr atrás para
provar que ele é o certo para o trabalho que sempre sonhou para sua vida,
afinal ele é um grande fã da série, e não quer de maneira nenhuma estragar a
produção. Basta ele próprio acreditar que é capaz, e talvez uma garota que conheceu
sem querer através de mensagens por celular possa ajudá-lo a encontrar a força
dentro de si, mesmo que ela nem mesmo saiba quem ele é ou que está ajudando o
grande herói de Starfield a se encontrar.
Desde que
descobri a existência deste livro senti necessidade de lê-lo. Primeiro porque adoro
contos de fadas, segundo porque sou fã de releituras, terceiro porque AMEI essa
capa com toda a força do meu ser. E, por último, mas não menos importante,
gosto do universo geek e achei que a proposta de encontrar uma Cinderela
moderna com referências do mundo geek seria uma mistura completamente certeira
e eu me apaixonaria pela obra de Ashley Poston.
Estava com
altas expectativas para essa leitura, como deu para reparar com minha
empolgação no parágrafo anterior, então logo que recebi meu exemplar, comecei a
lê-lo. Posso dizer que, apesar de não ter amado como imaginei que aconteceria
(por conta do final, como vou explicar mais abaixo), gostei muito mesmo do
resultado final. E quero indicar a todo mundo.
A narrativa
é em primeira pessoa e conta com capítulos alternados entre os dois
protagonistas, Elle e Darin, então temos a oportunidade de conhecê-los mais a
fundo, com suas vidas, seus passados, o que pensam, como se sentem, etc. Também
pudemos vê-los seguindo suas rotinas individualmente e como se conhecem e
começam a ser importantes um para o outro.
Gostei bastante
de conhecer a Elle, e a achei uma personagem fofa, divertida e batalhadora,
porém algumas vezes ela me irritava muito por sua falta de atitudes. Eu sei que
a história da verdadeira Cinderela é assim, mas senti que aqui ela tinha menos
motivos para agir de determinadas formas, visto que ela aceitava as coisas mais
absurdas do mundo sem falar nada, nem muito menos agir. Um exemplo disso é
quando as irmãs roubam uma roupa que era da mãe dela (primeiro que nem entendi
o motivo de ela ter deixado onde achou, se era uma preciosidade tão grande em
seu coração, por que não encontrou um esconderijo melhor?), então Elle fica
chateada, mas não tenta nem roubá-la de volta, escondida em algum momento que
fica sozinha em casa. E tem coisas piores.
Quando não
se tratava da família (madrasta e irmãs postiças), ela até que tinha um pulso
mais firme, mas nunca com relação a elas. Teve até muita atitude a primeira vez
que viu o Darin ao vivo que achei sensacional, pensei que ela ganharia
confiança a mais depois disso, só que ela continuou igual, sem reação. De
verdade, eu queria entrar naquele livro e sacudir a Elle para ver se ela tomava
um jeito e dava uma guinada em sua vida.
Já o Darin é
realmente apaixonante. Gostei bastante da construção do personagem, da luta
interna que tinha para ser realmente bom naquele papel que conquistou e que é
de grande importância em sua vida por conta do seu amor pela série original, já
que ele também é um fã, apesar de não admitir isso ao mundo. Ele nunca sabia se
era suficientemente bom, ainda mais porque precisava lidar com um papel de
alguém que antes tinha sido ótimo, então tinha muita pressão ao seu redor e,
mesmo assim, conseguiu tirar de letra. Também gostei de vê-lo aprendendo a
confiar na garota de quem gostava (Elle), mesmo sem conhecê-la. Só que ele
também tinha falta de atitude com relação ao pai, mas fico feliz de ver que
conseguiu superar esse obstáculo.
Achei
interessante a autora abordar o abuso psicológico através da madrasta tratando
Elle de uma maneira horrorosa, simplesmente porque não a aceita como a garota
é, sendo que ela ainda por cima a faz se lembrar do marido (pai de Elle), que
morreu abruptamente. Tudo o que Catherine (a madrasta) odiava nele está
representado em sua filha, e ela não consegue aceitar isso e a faz sofrer as
consequências. Isso é triste, agoniante e revoltante. Mas é realista e por isso
acho válido de ser trabalhado. E também faz parte da história clássica, então é
claro que não poderia faltar aqui.
“Geekerela”
ainda conta com diversas referências a coisas diferentes, sendo a grande
maioria da cultura geek. Conheço a maior parte delas, mas não saquei algumas.
Adoro esse recurso, porque nos deixa mais próximos ainda da leitura, como se
aqueles personagens existissem no nosso mundo real e tivesse gostos semelhantes
aos nossos.
E também é
uma obra para quem é fã de alguma coisa, para aquela pessoa que sabe a
deliciosa sensação de ser apaixonada por um universo/um personagem/um ator,
etc., de tudo de bom que isso pode trazer, do crescimento pessoal, da forma que
aquela paixão pode mudar a sua vida, de fazer com que você saiba tudo e um
pouco mais sobre aquilo, da dedicação por algo que ama, e aquele sentimento de
saber que pode contar com outras pessoas que têm o mesmo gosto que o seu,
mantendo uma sensação de pertencimento que algumas pessoas não encontram em
outros locais.
A construção
do romance foi fofa nos momentos do “pré-encontro”, quando ainda não se
conheciam ao vivo e começaram a trocar mensagens, a se tornar parte da vida do
outro, com o surgimento dos sentimentos e o fortalecimento dos mesmos. Apesar
de achar que a interação deles também podia ter sido um pouco maior. Porém
deixou a desejar quando finalmente ficaram juntos, simplesmente porque não teve
nada demais, nem muitas cenas, afinal já estava se aproximando do final. Só que
eu senti falta de algo a mais porque o livro foi todo de criar expectativas na
gente, então eu esperava que, quando finalmente aquelas cenas fossem
concretizadas, pudéssemos ver como seria o encontro e todo o “felizes para
sempre” de um jeito mais desenvolvido, só que aí a história pula meses para um
epílogo que o casal age de uma forma sem graça um com o outro.
Então, para
aqueles que esperam um romance arrebatador ou cenas de fazer suspirar, não criem
muitas esperanças, já que esse não é o foco do livro e quase não há exploração
das cenas do casal com uma pegada mais romântica. Inclusive achei esse final um
pouquinho corrido. Desde o encontro entre os dois, o qual podia ter sido mais
explorado e desenvolvido, acho que ficou um pouco frio, esperava mais fagulhas
ou algo maravilhoso, apesar de ter sido fofinho, até o futuro entre os dois e o
que estão vivendo do relacionamento. Achei morno, faltou um pouco de emoção.
Mas algo que
achei muito legal foi o motivo de estarem juntos, que eu senti mais como uma evolução
individual de cada um, quando eles passam a perceber que são mais do que
acreditam e podem fazer mais do que atualmente. E também que há outras coisas
na vida que merecem mais importância. E é encontrar a felicidade, mesmo quando
tudo parece impossível.
E acho que
esse é mais um livro sobre acreditar. Acreditar
que tudo é possível, basta querer e correr atrás para que isso possa ser
alcançado. É acreditar que tem coragem para fazer o necessário quando o mesmo
precisa ser feito. É acreditar que existe o impossível e que você pode lidar
com ele e até mesmo transformá-lo em possível.
Já fico
imaginando uma adaptação cinematográfica para essa obra, pois acho que ficaria
maravilhosa nas telonas, inclusive porque penso que ela é completamente
adaptável e daria um filme de comédia romântica adolescente adorável. Já estou
esperando que alguém compre os direitos e faça o filme o quanto antes. Devo
confessar que já tenho uma atriz que acredito que seria perfeita para o papel
da protagonista Elle, Galadriel Stineman, principalmente com a aparência dela
na série The Middle.
Que capa
absolutamente fantástica é essa?! A primeira vez que a vi, quando ainda nem
mesmo sabia do que se tratava o livro (apesar de ter facilmente percebido por
conta do título), fiquei completamente apaixonada e desejando ter meu exemplar
em mãos o quanto antes. Que ilustrações são essas?! <3 Ainda retratam muito
bem a trama. A edição impressa é ainda mais bonita por contar com acabamento
soft touch (textura aveludada) e efeito holográfico no título e nas estrelinhas
do céu. As orelhas também são ilustradas e dão continuidade à capa e à
contracapa, sendo que a da frente completa o cenário de Elle e a de trás
complementa o de Darien. Assim como a parte de trás da capa e da contracapa,
que contém elementos pessoais da trama de cada um, que aparecem/tem alguma
importância na história. A diagramação é confortável para a leitura, com fonte
e espaçamentos em tamanhos ideais, e as páginas são amarelas.
“Geekerela”
é uma deliciosa obra jovem adulto, indicada para todos aqueles que são/já foram
fãs de alguma coisa um dia, pois nos traz uma sensação deliciosa de
pertencimento. Também é ótimo para todos os leitores que querem acreditar em
algo, e para os que gostam de releituras e histórias com referências geek.
Avaliação
Uma história com uma trama já conhecida, mas com uma narrativa diferente, e eu acho foi isto que me fez interessar-me pelo livro!! Sem contar que ele parece ser bem divertido!! Achei a capa bem simples, para ser sincera!!
ResponderExcluir