Já fazia um
tempo que eu estava namorando esta edição nacional de “Contos dos Irmãos
Grimm”, publicada pela Editora Rocco, porque além de trazer os contos em suas
versões originais (quando digo originais, quero dizer a versão escrita dos
irmãos Grimm, pois a maioria deles já existia de forma oral), traz ilustrações
simplesmente maravilhosas em cada um deles. Então, quando tive a oportunidade
de tê-lo em mãos, fiquei muito feliz e logo comecei minha leitura.
Como muitos
de vocês já sabem, os contos de fadas que conhecemos em versões Disney e também
em livros infantis mais populares do nosso tempo, são bem mais amenas do que as
versões originais dos mesmos, tanto as que foram escritas por autores famosos
como os Irmãos Grimm pela primeira vez, quanto as versões que só existiam
oralmente antes que eles as pusessem no papel. E a autora deste exemplar, Dra. Clarissa
Pinkola Estés, resolveu apresentá-las aos leitores desta forma, mais crua e
cruel.
Não posso
afirmar que sou a maior fã ou uma grande entusiasta da maioria das versões dos
contos encontradas neste volume, inclusive porque muitas delas me dão uma dor
no peito, uma tristeza grande ou então aversão. Sei que os povos tinham
costumes diferentes dos nossos e aceito isso, mas também não consigo concordar
com o modo que tratavam as pessoas devido a determinadas ações ou as lições que
algumas destas histórias trazem.
Por outro
lado, é sempre maravilhoso poder estudar uma cultura diferente da nossa e
também um período distinto. Nos faz entender um pouco a mente humana e também o
desenvolvimento da sociedade ao longo dos anos. Então acho super válida a
leitura desta obra, que nos mostra uma realidade bem diferente da que estamos
acostumados na maior parte do tempo, sem deixar de ter sua importância, tanto
para a época em que os contos foram criados e depois escritos, quanto para o
agora e depois para o futuro também.
A obra reúne
mais de cinquenta contos, sendo que alguns deles são bem conhecidos hoje em
dia, como “Branca de Neve”, "Rapunzel", “A Gata Borralheira” (Cinderela),
“João e Maria”, “Chapeuzinho Vermelho”, entre outros, e também alguns dos quais
eu nunca tinha ouvido falar, como “O Campônico”, “As Três Penas”, “A Árvore
Narigueira”, e vários outros. Há ainda aqueles conhecidos por mim e muitas
outras pessoas, mas que não são tão populares quanto os primeiros citados, como
“Rumpelstiltskin”, “As Viagens Pequeno Polegar” e “Os Músicos de Bremen”.
Nem todas as
histórias possuem finais felizes, apesar de algumas terem, e muitas vezes o
mocinho se dá mal, mas em diversas outras é o vilão que tem um final terrível,
então há uma grande variedade de resoluções, sendo algumas até tristes e outras
alegres. E também temos a oportunidade de conhecer alguns desfechos extras que
ficaram de fora dos finais de obras mais populares do nosso tempo, como o real
final que a Rainha Má teve em “Branca de Neve”, ou o que aconteceu de ruim com
as irmãs más de “A Gata Borralheira”, e por aí vai.
O importante
nestes contos é a lição de moral que deixa no final, fazendo com que o leitor
reflita sobre o ponto central e também sobre algumas nuances dentro de cada
história. Conseguimos tirar lições para os dias atuais, mesmo que os contos
sejam bem antigos, o que é sempre bem interessante, mas também há algumas delas
mais adaptáveis para a época em que foram escritos do que para agora.
A única
coisa que prefiro deixar como um tipo de informação que considero importante é
que, apesar de a linguagem destes contos serem simples e fáceis, com uma
narrativa ágil e sem desenvolvimentos espetaculares, não os considero para
crianças. Eu, por exemplo, não leria para uma, visto que há muita brutalidade em
diversos desses contos, e cenas que poderiam ser interpretadas erroneamente nos
dias atuais por aqueles que ainda são pequenos para entender as lições por trás
de palavras e gestos tão negativos e/ou pesados.
Vou deixar
fotos desta edição magnífica pelo post, porque vale a pena conferir como o
exemplar físico ficou lindo. Ele é repleto de ilustrações maravilhosas do
artista vitoriano Arthur Rackham, as quais me deixaram apaixonada. Algo
interessante é que ele é o principal responsável pela concepção dos contos de
fadas como conhecemos hoje. O mais bacana é que são bastante diferentes entre
si, ele não segue um padrão de desenho e há várias formas de traços e cores, o
que deixa tudo ainda mais rico. E são elas, inclusive, que me encantaram em
primeiro lugar, fazendo com que eu desejasse o livro. A minha preferida foi uma
de “Chapeuzinho Vermelho”, que eu preferia que tivesse sido a capa, apesar de
também ter gostado bastante da escolhida.
Além do
mais, essa obra ainda conta com alguns textos da autora, Dra. Clarissa Pinkola
Estés, no primeiro capítulo do livro, denominado “A Terapia dos Contos”, onde
ela fala sobre seus estudos e os contos de fadas de maneira geral, analisando
diversos pontos importantes. Vale a pena ser lido.
A Editora
Rocco com certeza fez um ótimo trabalho, trazendo algumas ilustrações
coloridas, páginas amarelas, detalhes gráficos em todas as folhas e uma
diagramação de texto bastante confortável para a leitura.
Para todos
aqueles que gostam de contos de fadas e querem reler ou conhecê-los em suas
versões cruas e originais escritas pelos irmãos Grimm, a minha dica é que leiam
este exemplar, que é bem interessante, informativo e reflexivo, além de ser
muito bonito devido ao seu projeto gráfico. Recomendo bastante!
Avaliação
Que legal, estou querendo comprar esse livro!
ResponderExcluirParabéns pelo post!
Vc sabe se consigo ele em pdf? A professora da faculdade passou ele para uma atividade mas a versão física está muito cara :(
ResponderExcluireu tbm to precisando!!!!
Excluir