Fator Nerd: Contatos Imediatos do 1º Amor – Andy Robb

Em “Fator Nerd: Contatos Imediatos do 1º Amor”, conhecemos o nerd Archie, um garoto de quatorze anos que adora RPGs, desde o momento da compra da miniatura, passando por todo o processo de pintura até a hora de, de fato, jogar com seus amigos, que são tão nerds quanto ele, Matt, Beggsy e Ravi, nas Noites de Jogo; quadrinhos, livros e filmes como O Senhor dos Anéis e O Homem-Aranha.

Ele acaba de se mudar para uma nova casa com sua mãe e o namorado dela, Tony, de quem ele não gosta, enquanto seu pai agora tem uma nova família (mulher e seus filhos) e não tem muito tempo para ele, aliás, eles mal podem se falar já que o pai não gosta de ligar para a casa e correr o risco de sua mãe atender, então a “conversa” entre eles precisa ser por Facebook.

Archie também é um menino na dele, e não gosta de falar sobre o que realmente está sentindo com ninguém, mantendo um Monólogo Interior (MI) consigo mesmo, enquanto passa uma visão diferente com a ajuda de seu Monólogo Exterior (ME) para as pessoas com quem conversa.

Em um dia normal no Casebre, loja que ele frequenta (assim como todos os nerds da região), recheada de coisas para nerd nenhum colocar defeito, como modelos de personagens, jogos, e todo o material necessário para “dar vida” a eles (tintas, facas modeladoras, pincéis, etc.), ele estava observando uma nova miniatura quando alguém o cutuca. E ela (uma garota, no Casebre?) é a menina mais bonita que já viu na vida, Sarah, uma gótica que parece interessada em conhecer mais sobre o Jogo.

Então Archie passa por uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta descobrir uma forma de admitir seus sentimentos para a bela Sarah, e tenta entender o que um certo sonho recorrente quer dizer. Para isso, ele começa a ter a ajuda do seu novo Eu Psíquico (EP), que vai acabar bagunçando com a vida como ele costumava conhecer e fazendo com que ele se meta em algumas confusões.

Archie é um personagem fofo, com toda aquela sua insegurança e a descoberta do primeiro amor. Também adorei as referências que ele fez sobre coisas nerd (como, por exemplo, O Senhor dos Anéis, Guerra nas Estrelas e O Homem-Aranha), apesar de não ter entendido todas elas, admito. Só teve um breve momento que não gostei dele porque o personagem deixou de ser esse alguém para se tornar algo diferente, mas isso faz parte da história, né? Para seu desenvolvimento e a descoberta de si mesmo.

Também gostei dos seus melhores amigos, Matt, Beggsy e Ravi, que são parecidos com ele em alguns aspectos, mas também tem suas particularidades. Eles são bem aqueles típicos (e estereotipados) amigos nerd.

Da sua família, minha preferida foi a mãe, que é super fofa, tem olhos de lince, e trata o filho com muito amor, e eu adoro ver quando os personagens têm bons relacionamento com suas mães. Já do pai dele não gostei nada, o achei bem sem graça, e o modo como trata o filho não é lá dos melhores. Teve um momento entre Archie e o pai que para alguns momentos pode soar carinhoso, mas achei meio forçado e não curti tanto assim.

Outro personagem que faz parte da vida do protagonista de forma bem frequente e é citado muitas vezes durante a história, é seu quase padrasto, Tony. Archie o acha um imbecil e não cansa de dizer isso o tempo inteiro, mas sinceramente? Não entendi esse tratamento ríspido do garoto com o namorado da mãe, já que ele está sempre tentando ajudá-lo e não acho que os comentários que ele faça sejam tão babacas assim, exceto por um ou outro desnecessários, talvez sua rixa seja só porque ele está no lugar que antes pertencia a seu pai, mas eu gostei do Tony (inclusive muito mais do que de seu próprio pai) e estou torcendo para que o relacionamento entre eles evolua e ele passe a gostar mais dele.

A menina que despertou o interesse em Archie é a Sarah (apesar de não ter nada a ver com a série de TV Chuck, não consegui não me lembrar dela quando vi que nesse livro o nerd se apaixona pela linda menina de nome Sarah, uma das premissas de Chuck), e até agora, depois de terminar a leitura, ainda não sei muito bem o que esperar dela. Cada momento ela age de uma forma (acho que isso tem a ver com a idade, mas enfim), só que estou torcendo, sim, para que haja alguma coisa entre eles, afinal eu sempre torço para que o amor dê certo (romântica é assim mesmo hahaha).

Gostei muito da narrativa do autor, do protagonista com seu senso de humor, da construção dos personagens, de ter acompanhado o primeiro amor sob o ponto de vista de um adolescente de quatorze anos. Acho que a leitura fluiu de uma forma boa e prazerosa.

Só acho que alguns momentos quando Archie falava muito sobre as técnicas de pintura, meio desnecessários. Eu até gosto de coisas assim e acho um hobbie interessante, mas não vi a necessidade de ser tão detalhista quando ele explicava como a pintura iria ser/estava sendo feita. Nessas horas minha leitura acaba sendo arrastada e eu até ficava tentada a pular partes, e mesmo não fazendo isso eu pensava em fazer.

Quando terminei a leitura desse livro, fiquei revoltada e já ia xingar o autor pelo final totalmente aberto que ele escreveu, já que não tem resposta para absolutamente nada que ocorreu nesse volume. Até que eu fui procurar se por acaso ia ter alguma continuação, afinal não podia mesmo acabar assim, né?! E descobri que realmente tem, o nome do segundo volume é “Geekhood: Mission Improbable” e vou deixar a capa, que também é super fofa e segue o estilo dessa, aqui ao lado para vocês conferirem. Então minha raiva passou e já fiquei ansiosa para ler o que vai vir por aí para saber tudo o que acontece em seguida.

Apesar de preferir séries a livros soltos, achei que a criação de uma continuação não era necessária para essa história em específico, já que o autor poderia, sim, ter dado as respostas e fechado tudo nesse volume mesmo. E acho que a editora podia ter deixado informado que há uma continuação.

Sobre a parte gráfica, adoro essa capa, ela é tão fofa e remete a história, só tenho uma pequena reclamação sobre ela que é um detalhe simples e, se fosse correto, seria perfeita. No livro, o cabelo do personagem principal, Archie, é loiro e na capa é castanho, acredito que foi escolhido assim para ter um contraste maior com o laranja do fundo, mas penso que poderiam ter colocado outra cor no fundo então. A versão impressa está linda também, com título e bonequinhos bem coloridos em alto-relevo e verniz localizado, ganhando destaque no fundo. Amei!

A diagramação está simples, com fonte em bom tamanho e espaçamento, proporcionando uma leitura confortável, que só melhoram com o fato das páginas serem amarelas. De detalhes gráficos espalhados pelo livro, os números dos capítulos, de forma extensa, estão com uma fonte diferente, e nas divisões dentro dos capítulos, há uma silhueta de espada.

“Fator Nerd: Contatos Imediatos do 1º Amor” é um livro que serve tanto para os adolescentes que estão passando por essa fase no momento, quanto para os mais velhos que gostam de ler histórias que te fazem lembrar o passado, e vai agradar tanto meninos quanto meninas, mas acredito que possa fazer um sucesso maior entre aqueles que gostam do mundo nerd, porque vão entender melhor todas as referências que o autor usa e abusa durante seu texto. Super recomendado!

Avaliação

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