São poucas pessoas na atualidade
que sabem da história que marca a trajetória do catolicismo desde a sua
criação. Muitos apenas se atem a Idade Média e todas as suas supertições. Mas
antes, muito antes em nome de Deus a igreja destruiu cidades inteiras, culturas
e religiões tão antigas quanto o mundo.
Cultura essa que se perdeu no tempo e hoje é aos poucos resgatada pelo
neopaganismo. Está é uma das ideias exploradas na antologia de contos A Batalha
dos Deuses, organizado pelo autor Juliano Sasseron, pela editora Novo Século,
que conta com 9 contos.
Nesta antologia outro aspecto
trabalhado é a pergunta: afinal nós seres humanos fomos criados a imagem e
semelhança dos deuses ou eles, ao contrário foram criados e mantidos por
nós? Uma pergunta sem resposta, mas que
nos permite refletir sobre nossa posição no mundo como criadores de realidade.
Criadores de deuses ou não, criamos realidades que nos cercam e afetamos os que
nos rodeiam!
Quanto aos contos, o primeiro é
Ragnarök, do autor Sid Castro, que trabalha com o encontro entre a civilização
Viking e os católicos. O autor demonstra saber sobre o que escreve, o que
trouxe um problema, o texto soa um pouco técnico, como um relato histórico e
não a narrativa de um conto.
Em seguida temos O Carvalho e O
Visco, da autora Simone O. Marques, este conto é apaixonante. É contado por um
bardo que vê sua aldeia, umas das últimas que restou intacta, recebendo um
monge que trás suas ideias de deus. A metáfora explorada pela autora que dá
nome ao conto é excelente e me encantou profundamente. Quero muito ler os
livros da autora! O paganismo em sua essência é mostrado em suas palavras.
Seguimos com Nhanderuvuçu, que trabalhou com o panteão de
deuses amazônicos. Nunca havia lido nada parecido, é muito original, e destaca
toda a humanidade que existe nos deuses. Gostei muito dos aspectos destes
deuses e como foram usados na trama, um ótimo trabalho do autor Felipe Santos,
que soube utilizar nossa mitologia de forma respeitosa.
Pontifex Maximus, prossegue com o
autor Fernando Henrique de Oliveira, que escolheu abordar o Império Romano,
onde um Imperador se lembra das memórias de seu passado. O fim do conto é muito
interessante. Depois Popol Vuh, com Sérgio Pereira Couto nos apresenta o
panteão maia, e uma 'viagem' causada pelo santo daime, outro trabalho que ganha
destaque pela originalidade do tema, com
os maias tão falados e tão pouco conhecidos (visto que 2012 o mundo não acabou
não é?!)
Albarus Andreos apresenta A
Menina que Olhava, com deuses egípcios, mas que infelizmente não me conquistou
muito, já que para mim ele soou muito cruel, e isso me incomodou rs! Não é mau
escrito, apenas soou muito perverso. Já em A Última Ceia de Mitra do autor
Estevan Lutz, de forma breve nos mostra uma realidade onde o cristianismo não
cresceu como principal vertente religiosa, é o culto a Mitra que é o principal
nesta civilização.
O Legado de Anunnaki, do autor
Márson Alquati, trabalha com um conceito que aprendi na ufologia, onde os
deuses teriam vindo de outros planetas: eram os deuses astronautas? (existe um bom documentário a esse respeito
com esse nome). O conto narra a história do mundo no passado, com trechos no
presente na visão de um arqueólogo. No entanto o conto soou cansativo e não me
agradou muito, mas mostra que o autor estudou muito sobre o tema.
Por fim fechamos a antologia com
Consciência Quântica, do autor Juliano Sasseron, um ótimo conto que tem duas
faces, uma onde um pesquisador têm diálogos com um novato na área de física. E
outra onde o sonho que este pesquisador teve é narrado, e essa parte é muito
boa, é uma conversa entre diversos avatares: Jesus, Arjuna, Maomé, etc. Nos
trás muitas reflexões a cerca da fé!
A Batalha do Deuses merece
destaque pelo bom trabalho gráfico da editora, cada conto se inicia com capas
pretas com uma breve biografia do autor. A diagramação é simples, assim como
sua capa, que apresenta a ideia central do livro mas poderia ser mais atraente.
Além de contar histórias esta antologia deve
ser lida como um excelente modo de refletir a cerca das fés que nos cercam, e
para nos lembrar do que passou e tentou ser apagado pela igreja. Com uma veia
crítica que me agradou em cheio, é um prato cheio para quem quer ir além do
espaço comum e confortável que muitos autores exploram.
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Não conheci o livro, mas ja fiquei interessada. Adoro contos, ainda mais os que falam sobre o passado como um todo, esse livro tem tudo para me prender na leitura!
ResponderExcluirAdorei a resenha e como vc descreveu cada conto! Parabéns!
Bjo ^ ^
Apesar de não curtir muito livros de contos eu achei muito interessante o assunto que A Batalha dos Deuses aborda..
ResponderExcluirReligião e seus mistérios que não são poucos..Me interessei, acho que vou pesquisar mais e comprar um pra deixar na minha cabeceira!!
Amei sua resenha bem escrita e falando sobre cada conto o que incentivou aindamais minha vontade de ler..
Beijos Bruna!!
Adorei a resenha! Eu vou amar esse livro! Amo Mitologia e esses contos parecem incríveis. Já está na lista.
ResponderExcluirBeijos e boas leituras.
http://navirj.blogspot.com.br
Não conhecia Bruna, e pelo visto é mesmo uma boa opção de leitura. Já estou anotando o nome.
ResponderExcluirBjs< Rose.
Ótima resenha, Bruna.
ResponderExcluirParece ser legal e tudo mais, não conhecia ainda =/
ResponderExcluirMas tem algo que não me chamou a atenção completamente, não sei o que é KKK Mas não sei, eu leria se eu ganhasse ele, somente.