Conheci Jenny Colgan através de A Pequena Livraria dos Sonhos, livro que me apaixonei. Depois não pude resistir ler os demais livros da autora, embora nenhum tenha tido o mesmo efeito do primeiro. A Adorável Loja de Chocolates de Paris acabou de sair, e já corri ler sabendo que seria uma leitura reconfortante no meio da bagunça que estamos todos vivendo. Por aqui ele foi publicado pela editora Arqueiro que tem seguido firme com a série de livros Romances de Hoje.
Anna Trent tem um emprego que soa delicioso, ela é supervisora em uma famosa fábrica de chocolates em uma pequena cidade inglesa, mas depois de um acidente ela se vê sem emprego e com sequelas que não pode contornar. Após semanas internada com sua antiga professora de francês, Anna se vê onde menos esperava: em Paris trabalhando em uma pequena loja de chocolates. Seu paladar jamais será o mesmo, assim como sua vida!
Acho que a pior coisa que pode
acontecer com um autor é você ler logo de cara seu melhor livro (na verdade eu
não sei se é o caso, mas por enquanto é rs!) e depois ler seus demais livros e
nenhum conseguir alcançar seu coração da mesma forma. No caso talvez o fato de
o livro bom ser mais recente que os demais explique o fato, ou a temática, o
fato é que a loja de chocolates não consegue competir com a van de livros!
Trent é uma mulher de 30 anos que
vivia seus dias sem muita ambição ou perspectivas, ela já tinha aceitado que
não podia esperar muito de sua vida na cidade que vivia que parecia parada e
mofada no tempo. Quando ela inesperadamente aceita ir para Paris ela pressupõe
que será expulsa logo, mas o que consegue é não só seu lugar ao sol como
descobrir que é dona de talento e poder de fazer aquilo que desejar, desde que
saiba o que queira. Assim a jornada da jovem é de auto descobrimento junto a
aceitar sua nova condição física, que é provavelmente feia de ver, mas que não
limita seus atos como ela acreditava.
Ao mesmo tempo em que acompanhamos
a estória no presente de Anna também temos a linha do tempo no passado de
Claire, sua professora de francês. Claire também acaba em Paris muito jovem,
ela não sabia nada sobre a vida já que era reprimida pelo pai que era
reverendo. Ao descobrir uma cidade completamente oposta a sua, ela também se vê
como alguém desejável, e sai da cidade luz com uma grande paixão. Sua linha
chega até o momento atual quando está enfrentando um câncer terminal.
Thierry é o dono da loja de
chocolates, é um chocolatier talentoso, mas é alienado na vida. Perdeu seu
grande amor, e se agarra ao chocolates e as comidas para passar seu tempo. Tem
uma personalidade vibrante e interessante, mas que poderia ter sido mais
explorada já que ele protagonizou cenas divertidas no livro.
Claire foi de garota inocente e
ingênua para um mulher que luta pelas suas vontades. Ela se enxerga em Anna,
por isso quer proporcionar a mesma oportunidade que teve ao ir para Paris. Seu
maior desejo é rever seu grande amor, já que não houve um dia que não tenha se
lembrado de Thierry. O amor deles se manteve mesmo diante da distância e do
tempo.
O mocinho da trama é fraco, não
aparece o suficiente para despertar empatia, e diria que é chatinho, a ponto de
não conseguir torcer pelo casal que não me convenceu muito. O romance neste
volume acaba secundário, e não um foco importante.
A narrativa é realizada em
primeira pessoa através de Anna, o que nos permite ter uma noção forte sobre
como ela se sente e como atravessa seu acidente. Os capítulos de Claire são em
terceira pessoa. Ao final do livro a autora compartilha diversas receitas com
chocolate, receitas que espero em breve testar, afinal quem não gosta de uma
receita chocolatuda?
A autora trabalha bastante as
diferenças sociais e culturais de ingleses e franceses, e a impressão quanto
aos franceses não ficou muito boa! Não sei dizer até que ponto foi uma
impressão da mesma ao morar lá, até que ponto é uma verdade. O fato é que não
fiquei com vontade de ir a Paris por conta do livro, coisa que aconteceu em
seus outros dois livros em outros locais.
A Adorável Loja de Chocolates em
Paris é um romance leve através do tempo, nos lembrando o que é importante
quando tudo mais parece perdido. São nossas relações que ficam quando o pior
acontece, quando o tempo passa e a paisagem não é mais a mesma. A pergunta que
fica é se estamos fazendo nosso melhor para alimentá-las, ou se vivemos
sonhando com o que já temos e acreditamos ainda estar por vir, em algum lugar
do mundo.
Avaliação
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