Desde que me conheço por gente eu
sempre assisti aos desenhos do Scooby-Doo, em todas as suas temporadas e traços,
eu sempre fui fã e gostei das estórias de mistérios, algumas mais que outras,
alguns personagens mais do que outros, mas é um companheiro constante na minha
vida até hoje. Ao ler a sinopse e ver a capa do livro O Caso da Mansão Deboën,
do autor Edgar Cantero, publicado pela Intrínseca, ficou muito óbvio que o
livro era inspirado diretamente neste clássico animado, e minha animação para lê-lo
foi imediata.
Mais de uma década depois de
resolver seu último mistério os jovens detetives de Blyton Hills seguem cada um
com sua vida, mas algo não os permite de seguirem sem pensar constantemente no
caso, os pesadelos ainda são constantes, e algo ficou para trás. Andy não
consegue encontrar seu lugar, Kerri embora formada não consegue ser uma boa
profissional, e Nate passa seus dias em hospitais psiquiátricos junto do
fantasma de Peter. Convencida que o caso da mansão Deboën não teve seu culpado
preso, Andy reuni novamente o grupo para voltar a mansão e descobrir os reais
mistérios que ela esconde, o que eles não esperam no entanto é o que encontram!
A narrativa de Cantero feita em
terceira pessoa acompanha os passos de cada um dos integrantes deste quarteto,
que além dos personagens já citados tem um cachorro, Tim. Muito de fato lembra
aspectos do desenho Scooby- Doo, como personalidade dos personagens, Kerri é
muito inteligente como a Velma, e temos um cachorro no grupo, mas Tim ao
contrário do Scooby é destemido e muito corajoso, atacando mesmo quando pode
morrer. Alguns relatos do caso na década de 70 são como estar vendo ao episódio
com a famosa fala de "eu teria fugido com o dinheiro, se não fossem esses
garotos intrometidos". Mas uma vez que o caso é reaberto treze anos depois
as semelhanças começam a ficar para trás a medida que o caso também deixa de
ser sobre um homem fantasiado.
O fato de a narrativa ganhar
caminho próprio no entanto acaba também fazendo com que ela seguisse caminhos
que resultam em resultados exagerados, assim existem aspectos que me agradaram
como questões ocultistas, e outros que não me agradaram em nada como caminhos
apocalípticos que soaram forçados em um livro breve, talvez se a estória se
alongasse mais passaria, mas um caso que começou na investigação, e acaba em
uma questão de sobrevivência do mundo não soou possível para mim.
O livro é repleto de referências
ao mundo pop e embora lide com temas mais densos como magia negra e deuses
antigos não tem um clima pesado, ao contrário os personagens diante da
catástrofe seguem firme para fazer o que é preciso e salvar o dia. Além de
querer trazer representatividade ao grupo que tem uma jovem lésbica, um garoto
que vive em hospitais psiquiátricos, e uma bióloga com o famoso girl power.
Sem dúvidas Tim, o Weimaraner é
meu personagem favorito, mesmo sem falar, ele consegue através de suas atitudes
e a interpretação do autor do mesmo ser muito expressivo, e assim despertar
total simpatia. Ainda mais quando ele está ao lado de seu amigo de plástico, o
pinguim!
Kerri é formada em biologia, mas
não consegue fazer sua carreira seguir, e acaba trabalhando em um bar.
Considerada uma mulher ruiva bonita ela desperta a atenção de todos, inclusive
de sua amiga Andy. Andy por sinal segue o famoso caminho de sou a diferente e
ninguém me entende e me respeita. Mesmo assim mostra muita fibra e determinação
para ajudar a resolver os problemas. Nate por ser assombrado pelo amigo Peter é
o um elo frágil, embora com muito talento para temas do oculto, ele é
facilmente abalado, e irritado pelo fantasma.
Como citei o desfecho da trama não me agradou porque sai da estória isolada e ganha uma magnitude que achei desproporcional. Acredito que se Cantero tivesse se focado no caso sem ganhar ares megalomaníacos teria soado mais crível e agradável. Mesmo assim as cenas finais com Tim e Nate ganharam me coração, e despertam a possibilidade para uma sequência um pouco mais atraente.
O caso da Mansão Deboën tem seus
altos e baixos, e deve mais agradar do que desagradar aos leitores em linhas
gerais. Para os que gostam de mistério, sobrenatural e uma pitada de juventude
sem soar infantil esse livro é para você. Mas caso seu estilo siga veias mais
realistas ou críveis a narrativa pode soar problemática.
Avaliação
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