Quem conhece
os Clássicos da Editora Zahar sabe que os livros sempre contam com uma edição
lindíssima e de tirar o fôlego, muitas vezes ilustradas e comentadas, tornando
o volume uma verdadeira obra de arte. Como sou viciada nessa junção de
qualidade com beleza, sempre que é possível leio um dos clássicos publicados
pela editora, pois assim conheço “novas” histórias maravilhosas.
Nesse
volume, voltamos para o século XIX nos EUA, antes da Guerra Civil, em um período
que a escravidão era livre. É nesse cenário que conhecemos Huckleberry Finn, um
menino branco de mais ou menos treze anos, que é órfão de mãe, e que seu pai,
um bêbado que lhe violentava fisicamente, não o deixava estudar e as vezes
sumia da cidade, deixando o filho sozinho.
Uma viúva da
cidade acaba adotando nosso protagonista, colocando-o na escola e lhe ensinando
sobre religião, etc. Porém, seu pai retorna e consegue a sua custódia. Sem
querer morar com o pai e também sem querer voltar para a vida regrada que
estava tendo, nosso protagonista resolve fugir e narra para a gente as suas
aventuras, de como conseguiu esse feito, navegando pelo rio Mississippi em uma
canoa.
Em sua fuga,
acaba encontrando Jim, um escravo fugitivo que, assim como ele, estava indo em
busca de sua liberdade. Por conta disso, ambos se unem e fogem juntos. No início,
vemos que Huck tinha certa resistência em ajudar Jim, porém ambos acabam
criando uma amizade e vivendo grandes aventuras.
Durante a
jornada, eles passam por diversas situações inusitadas, já que em cada cidade
que passavam, encontravam situações típicas do local, como duelo de armas,
vigaristas, superstições sobre espíritos, etc. Foram várias as aventuras em que
se envolveram, já que conheceram diversos tipos de pessoas, boas e ruins, e foi
muito interessante ver como se saíram de diversos acontecimentos.
A narrativa
é em primeira pessoa, o que foi bem legal, já que assim conseguimos entender
tudo o que nosso protagonista estava passando e sentindo, e também todos os dilemas
que estava enfrentando por conta do que havia aprendido sobre o certo e o
errado. Foi muito interessante ver esse conflito interno, pois trouxe ainda
mais complexidade para a trama.
Em um enredo que nos faz refletir o tempo todo, esse livro foi considerado polêmico, pois trata de assuntos importantes como a escravidão e também coisas que vemos na sociedade até nos dias atuais, como ódio, violência, ganancia, etc.
Essa edição traz
o texto integral com uma tradução incrível de José Roberto O’Shea, que soube
respeitar a essência da escrita do autor, trazendo o estilo linguístico do
texto original com suas tonalidades, sutilezas e variações. Achei muito
interessante esse jeito de narrar, principalmente porque deixa a obra com uma
“cara” mais real. Acho que nunca li algo assim e curti bastante a experiência.
A obra também é comentada e conta com ótima apresentação e notas enriquecedoras
que auxiliam muito na leitura da mesma.
Além do
mais, o exemplar está belíssimo. A capa é dura e, como sempre, traz uma
ilustração linda que tem tudo a ver com o enredo. A folha de guarda também está
incrível e segue as cores da capa. E traz mais
de cem ilustrações originais de E.W. Kemble, feitas para a primeira edição do
livro. Amo volumes ilustrados e com esse não foi diferente, gosto muito de
viajar para a época através da visão do artista.
Em uma
história cheia de aventuras e suspense, “Aventuras de Huckleberry Finn”
consegue conquistar a gente em todos os momentos com personagens muito bem construídos,
que conseguem nos envolver cada um com o seu jeito de ser, e uma trama
envolvente, tudo isso em uma narrativa simples e direta. Se você ainda não
conhece essa história, além do livro também pode assistir ao filme da Disney
que foi baseado nela e conta com Elijah Wood (o Frodo de O Senhor dos Anéis) como protagonista.
Avaliação
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