No cenário
americano na década de 1940, Anna Whitfield quer ser uma médica cirurgiã e leva
muito a sério sua carreira e seus objetivos de vida, então não tem tempo ou
disposição para relacionamentos amorosos. Principalmente com os homens com quem
tem algum tipo de contato, já que todos querer encontrar uma esposa obediente,
quieta, que fique em casa cuidando da família e coloque o marido em primeiro
lugar. Trabalhar está fora de questão e ser médica, então, que nem profissão de
mulher eles acham que é, não deveria nem mesmo ser cogitada.
Daniel
MacGregor é só mais um entre tantos homens machistas que só se importa consigo
mesmo e quer uma mulher “perfeita” e submissa para formar uma família com
muitos filhos para herdarem seu império, que ele construiu com determinação e
perspicácia, e aos 30 anos já está alcançando o seu segundo milhão. Quando
decide que está pronto para essa nova etapa de sua vida, esse escocês meio
bruto decide encontrar uma mulher bonita, de linhagem forte e silenciosa.
Porém, todas
parecem apenas vazias. E ele se encanta justamente por aquela que nada tem a
ver com que ele deseja. A atração física é mútua e tem muito potencial para dar
certo, afinal não falta química entre os dois e sobra personalidades fortes.
Claro que com sua sagacidade e persistência, ele tem certeza de que vai
conseguir desdobrar aquela bela mulher e fazê-la entender seu ponto de vista.
Só que ele não contava é que Anna é dona de seu próprio nariz e destino e não
vai aceitar o que ele tenta impor e nem vai mudar por ele, não importa o quanto
Daniel deseje isso. Dizem que o amor pode fazer com que tudo seja superado, mas
será que esse sentimento é tão forte a ponto de fazer com que duas pessoas tão
diferentes e teimosas encontrem algum tipo de equilíbrio?
Uma das
coisas que acho bem interessante na vida de um leitor é que nada é cem por
cento certo, os gostos podem mudar com o tempo e também o momento da leitura
pode influenciar muito no quanto você vai gostar de um livro – ou detestá-lo (e
qualquer coisa entre um e outro). A leitura de “Hoje e Sempre” é um exemplo
clássico disso na minha vida. Tentei lê-lo há alguns meses e até parecia ser
algo interessante, porém não estava na vibe
de ler essa obra, então ela não estava fluindo e nem me interessando muito. Por
isso, desisti, deixei-a de lado por um tempo até que eu me sentisse no clima
para apreciá-la da maneira como gostaria.
Agora eu
fiquei interessada na leitura novamente e a peguei para dar continuidade de
onde havia parado. E não é que tudo fluiu maravilhosamente bem? Os personagens
passaram a ficar bem mais interessantes, a trama me prendeu mais e me
conquistou completamente! E agora pude notar a beleza de cada parte, aceitando
as coisas que nos deixam indignadas (afinal as coisas não são sempre boas), e
amei o resultado final. E vim contar a vocês o que fez eu me encantar com essa
obra da queridíssima Nora Roberts.
O maior
destaque de tudo é, definitivamente, a protagonista feminina, Anna Whitfield,
que é uma mulher de personalidade forte, à frente de seu tempo, que não abaixa
a cabeça por nada, muito menos por pessoas que a julgam por ser quem ela estava
destinada a ser e por homens que se acham superiores só porque nasceram do sexo
masculino. E até mesmo não se diminui ou muda seu jeito/seus pensamentos pelo
homem por quem se apaixonou. Então, muitas palmas para ela! Mais ainda por
saber que enfrentou tudo isso numa época que ainda era bem difícil para as
mulheres, a década de 1940 (não que hoje seja fácil).
Já conheci
diversas personagens femininas que acabam cedendo um pouquinho aqui, outro
pouquinho ali, para poder se adaptar ao que a sociedade e/ou ao homem que ama e
o que esperam delas. Mas não Anna. Ela finca seus pés no chão e, por mais que
sofra com as consequências disso, muitas vezes ruins, não muda. Fazendo com que
o Daniel comece a se questionar, assim como sua visão do mundo, e passe a
aceitá-la. A aceitar que as mulheres também são fortes e capazes e que também
merecem seu lugar no mundo. Não foi fácil, não foi rápido, mas aconteceu. E
isso foi realmente maravilhoso de acompanhar.
Por conta de
comentários machistas e visões fechadas, Daniel definitivamente não poderia nem
chegar perto de ser um dos personagens masculinos que me conquistou na vida.
Porém, vê-lo mudando, amadurecendo, se adaptando e crescendo como ser humano
com certeza fez com que eu começasse a apreciá-lo mais e até terminei a leitura
gostando dele. Porque o problema maior não é ter tido pensamentos retrógrados,
já que isso muitas vezes vem de família e meio ambiente em que foi criado. O
importante é a pessoa ser aberta a novas visões, a poder amadurecer e perceber
que o mundo é muito mais do que aquilo que estava acostumado. É aceitar o
diferente e mudar.
Então palmas
para Nora Roberts por construir um personagem masculino tão complexo e que se
tornou interessante com o passar do tempo, tudo por conta daquele sentimento
tão especial que pode fazer as pessoas mudarem – até as bem difíceis –, o amor.
Gostaria de
ressaltar que essa obra foi escrita na década de 1980 e publicada em 1987,
antes mesmo de eu nascer. Se hoje o mundo ainda possui muitas pessoas machistas
e/ou com pensamentos retrógrados (e olha que já estamos no século XXI!), fico
imaginando como era naquela época, mais de trinta anos atrás. E uma autora
escrever um livro com uma protagonista tão forte e determinada, seja para
aquela década ou ainda mais para a década em que a trama se passa (como
comentei antes, 1940), é ainda mais incrível e admirável!
Esse é o
quinto volume da série de obras independentes MacGregors. Você não precisa ler mais de um exemplar, nem mesmo
seguir uma sequência. Eles até podem possuir alguns elementos citados em outras
obras, mas nada que atrapalhe ou interfira nos demais livros. Eu mesma não li
nenhum dos outros títulos e me apaixonei por este daqui, que até me deixou com
vontade de correr atrás dos demais para conferir.
A narrativa
é bem gostosa, leve, envolvente e também divertida. A escrita de Nora flui
muito bem, fazendo com que a gente se sinta preso nas páginas e nem perceba o
tempo passar e, quando damos conta, já finalizamos a leitura. Além do mais,
esse exemplar é bem curtinho e não possui nem duzentas páginas, então é uma
ótima dica para ser lida em um dia ou naqueles períodos em que você precise de
algo leve, rápido e bem desenvolvido.
“Hoje e
Sempre” me apresentou a uma das melhores protagonistas femininas que já tive a
oportunidade de conhecer no mundo da literatura, isso levando em consideração
que leio muitos títulos por ano há muito tempo. Fora que é bem gostoso
acompanhar o desenvolver da trama e o amadurecimento de Daniel. E o romance é
delicioso! Recomendo muito!
Avaliação
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