Hoje e Sempre - MacGregors #05 - Nora Roberts


No cenário americano na década de 1940, Anna Whitfield quer ser uma médica cirurgiã e leva muito a sério sua carreira e seus objetivos de vida, então não tem tempo ou disposição para relacionamentos amorosos. Principalmente com os homens com quem tem algum tipo de contato, já que todos querer encontrar uma esposa obediente, quieta, que fique em casa cuidando da família e coloque o marido em primeiro lugar. Trabalhar está fora de questão e ser médica, então, que nem profissão de mulher eles acham que é, não deveria nem mesmo ser cogitada.
Daniel MacGregor é só mais um entre tantos homens machistas que só se importa consigo mesmo e quer uma mulher “perfeita” e submissa para formar uma família com muitos filhos para herdarem seu império, que ele construiu com determinação e perspicácia, e aos 30 anos já está alcançando o seu segundo milhão. Quando decide que está pronto para essa nova etapa de sua vida, esse escocês meio bruto decide encontrar uma mulher bonita, de linhagem forte e silenciosa.
Porém, todas parecem apenas vazias. E ele se encanta justamente por aquela que nada tem a ver com que ele deseja. A atração física é mútua e tem muito potencial para dar certo, afinal não falta química entre os dois e sobra personalidades fortes. Claro que com sua sagacidade e persistência, ele tem certeza de que vai conseguir desdobrar aquela bela mulher e fazê-la entender seu ponto de vista. Só que ele não contava é que Anna é dona de seu próprio nariz e destino e não vai aceitar o que ele tenta impor e nem vai mudar por ele, não importa o quanto Daniel deseje isso. Dizem que o amor pode fazer com que tudo seja superado, mas será que esse sentimento é tão forte a ponto de fazer com que duas pessoas tão diferentes e teimosas encontrem algum tipo de equilíbrio?
Uma das coisas que acho bem interessante na vida de um leitor é que nada é cem por cento certo, os gostos podem mudar com o tempo e também o momento da leitura pode influenciar muito no quanto você vai gostar de um livro – ou detestá-lo (e qualquer coisa entre um e outro). A leitura de “Hoje e Sempre” é um exemplo clássico disso na minha vida. Tentei lê-lo há alguns meses e até parecia ser algo interessante, porém não estava na vibe de ler essa obra, então ela não estava fluindo e nem me interessando muito. Por isso, desisti, deixei-a de lado por um tempo até que eu me sentisse no clima para apreciá-la da maneira como gostaria.
Agora eu fiquei interessada na leitura novamente e a peguei para dar continuidade de onde havia parado. E não é que tudo fluiu maravilhosamente bem? Os personagens passaram a ficar bem mais interessantes, a trama me prendeu mais e me conquistou completamente! E agora pude notar a beleza de cada parte, aceitando as coisas que nos deixam indignadas (afinal as coisas não são sempre boas), e amei o resultado final. E vim contar a vocês o que fez eu me encantar com essa obra da queridíssima Nora Roberts.
O maior destaque de tudo é, definitivamente, a protagonista feminina, Anna Whitfield, que é uma mulher de personalidade forte, à frente de seu tempo, que não abaixa a cabeça por nada, muito menos por pessoas que a julgam por ser quem ela estava destinada a ser e por homens que se acham superiores só porque nasceram do sexo masculino. E até mesmo não se diminui ou muda seu jeito/seus pensamentos pelo homem por quem se apaixonou. Então, muitas palmas para ela! Mais ainda por saber que enfrentou tudo isso numa época que ainda era bem difícil para as mulheres, a década de 1940 (não que hoje seja fácil).
Já conheci diversas personagens femininas que acabam cedendo um pouquinho aqui, outro pouquinho ali, para poder se adaptar ao que a sociedade e/ou ao homem que ama e o que esperam delas. Mas não Anna. Ela finca seus pés no chão e, por mais que sofra com as consequências disso, muitas vezes ruins, não muda. Fazendo com que o Daniel comece a se questionar, assim como sua visão do mundo, e passe a aceitá-la. A aceitar que as mulheres também são fortes e capazes e que também merecem seu lugar no mundo. Não foi fácil, não foi rápido, mas aconteceu. E isso foi realmente maravilhoso de acompanhar.
Por conta de comentários machistas e visões fechadas, Daniel definitivamente não poderia nem chegar perto de ser um dos personagens masculinos que me conquistou na vida. Porém, vê-lo mudando, amadurecendo, se adaptando e crescendo como ser humano com certeza fez com que eu começasse a apreciá-lo mais e até terminei a leitura gostando dele. Porque o problema maior não é ter tido pensamentos retrógrados, já que isso muitas vezes vem de família e meio ambiente em que foi criado. O importante é a pessoa ser aberta a novas visões, a poder amadurecer e perceber que o mundo é muito mais do que aquilo que estava acostumado. É aceitar o diferente e mudar.
Então palmas para Nora Roberts por construir um personagem masculino tão complexo e que se tornou interessante com o passar do tempo, tudo por conta daquele sentimento tão especial que pode fazer as pessoas mudarem – até as bem difíceis –, o amor.
Gostaria de ressaltar que essa obra foi escrita na década de 1980 e publicada em 1987, antes mesmo de eu nascer. Se hoje o mundo ainda possui muitas pessoas machistas e/ou com pensamentos retrógrados (e olha que já estamos no século XXI!), fico imaginando como era naquela época, mais de trinta anos atrás. E uma autora escrever um livro com uma protagonista tão forte e determinada, seja para aquela década ou ainda mais para a década em que a trama se passa (como comentei antes, 1940), é ainda mais incrível e admirável!
Esse é o quinto volume da série de obras independentes MacGregors. Você não precisa ler mais de um exemplar, nem mesmo seguir uma sequência. Eles até podem possuir alguns elementos citados em outras obras, mas nada que atrapalhe ou interfira nos demais livros. Eu mesma não li nenhum dos outros títulos e me apaixonei por este daqui, que até me deixou com vontade de correr atrás dos demais para conferir.
A narrativa é bem gostosa, leve, envolvente e também divertida. A escrita de Nora flui muito bem, fazendo com que a gente se sinta preso nas páginas e nem perceba o tempo passar e, quando damos conta, já finalizamos a leitura. Além do mais, esse exemplar é bem curtinho e não possui nem duzentas páginas, então é uma ótima dica para ser lida em um dia ou naqueles períodos em que você precise de algo leve, rápido e bem desenvolvido.
“Hoje e Sempre” me apresentou a uma das melhores protagonistas femininas que já tive a oportunidade de conhecer no mundo da literatura, isso levando em consideração que leio muitos títulos por ano há muito tempo. Fora que é bem gostoso acompanhar o desenvolver da trama e o amadurecimento de Daniel. E o romance é delicioso! Recomendo muito!
Avaliação






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