Lena Wise
está se preparando para o futuro, já que vai começar o último ano do colégio e
depois a faculdade, e adora passar um tempo com os amigos, então quer
aproveitar bastante essa fase da vida. Talvez até mesmo consiga criar coragem
para se declarar ao seu melhor amigo de infância e vizinho, Sebastian, de quem
ela gosta há muito tempo. Com planos, um futuro promissor e toda a juventude a
sua frente, Lena está bem e empolgada.
Até que um
momento muda tudo. Ela não deveria ter feito a escolha que fez, mas acabou
decidindo seguir em frente. Só que o destino nunca é certo e isso gerou um
resultado irreversível e arrebatador. Agora Lena não é mais a mesma, ninguém ao
seu redor é. Como ela vai conseguir seguir em frente se a culpa abateu sobre
si? Como vai se perdoar pelo que fez e, mais ainda, como alguém mais vai
conseguir perdoá-la depois que ela permitiu que aquilo acontecesse, aquele
pequeno momento, uma decisão que trouxe consequências inimagináveis? A
existência de todos ao redor foi completamente transformada e para seguir em
frente ela precisa superar tudo, mas não sabe como será capaz, já que o futuro
não tem garantia de que vai mesmo acontecer para nenhum deles.
Sempre
escuto maravilhas a respeito das obras e da escrita de Jennifer L. Armentrout,
mas até o momento ainda não tinha tido a oportunidade de conferi-las. Com o
lançamento recente de seu novo título no Brasil, “Se Não Houver Amanhã”, pela
Universo dos Livros, sabia que precisava mergulhar nessas páginas para verificar
se também ia me apaixonar pela autora.
E agora
posso dizer que realmente entendo tudo o que escutei sobre ela, afinal sua
trama foi muito bem desenvolvida, construída de maneira verossímil – deu para
notar que Jennifer fez uma grande pesquisa sobre culpa e superação, – e com personagens cativantes e reais. Eu que
não gosto muito de ler dramas ou histórias com um peso emocional de tristeza
muito grande, ainda assim me vi encantada por esse livro, então quem realmente
busca esse tipo de sentimento numa leitura vai gostar ainda mais da
experiência.
Como
comentei acima, esse é um livro com um ar bem triste em diversos momentos e
também é angustiante e melancólico. Mas ao mesmo tempo é real, reflexivo e também
tem seu lado motivador, pois mostra que por maiores que sejam nossos problemas
e a culpa que carregamos, podemos dar a volta por cima, aprender a lidar com
tudo e seguir com nossas vidas. É claro que não é fácil. Nunca vai ser fácil.
Porém o ser humano tem o potencial para batalhar e continuar lutando a cada
novo dia. Uma hora fica menos difícil e a vida pode voltar a ser pelo menos normal
e bonita novamente, já que nunca se pode voltar a ser ou viver igual ao que era
antes.
A narrativa
é em primeira pessoa sob o ponto de vista de Lena, então temos a chance de
conhecê-la muito bem e profundamente, o que é um ponto muito positivo, pois só
dessa forma conseguimos entender melhor o que está passando e tudo o que sente
dentro do seu coração e de sua mente.
Algo que
achei realmente muito interessante foi que a autora construiu uma personagem
complexa, real, que sente e tem dificuldades de superação. Alguém ferido que
muitas vezes não quer continuar a seguir em frente porque a culpa e os sentimentos
lhe atormentam, mas que em outros momentos sente uma pontada de esperança pela
vida novamente. Uma vontade de seguir em frente, de entender e aceitar seus
erros exatamente como eles são, erros.
Gostei bastante também de como ela trabalhou com essa questão e pudemos notar que esses erros nem
sempre são culpa do indivíduo que o comete, que muitas vezes a vida nos leva a
agir de certa maneira porque é o que todos fazem, porque é algo que parece
banal e normal, mas que pode ter uma grave consequência porque em um momento
aquela pessoa não teve sorte. Que muitas vezes as pessoas fazem as mesmas
coisas, cometem os mesmos deslizes, mas não notam simplesmente porque não
sofrem as consequências deles, e muitos depois ainda julgam os demais.
Mostra como
é importante você saber lidar com suas escolhas, ainda que as mesmas não tenham
sido pensadas de maneira racional ou que você tenha demorado algum tempo
refletindo sobre o assunto, e as consequências delas.
Curti muito
poder acompanhar o processo de superação da personagem. Como ela foi lidando
com aquilo, passando por diversas etapas e sentimentos e buscando ajuda para
conseguir superar ou suportar cada coisa que havia acontecido. Nada foi rápido,
fácil ou leviano. Nada aconteceu de uma hora para a outra. Não aconteceu de ela
simplesmente acordar um dia e perceber que estava tudo ótimo. Ou se apaixonou e
o simples fato de ter um namorado fez com que ela melhorasse (já li livros
assim, por incrível que pareça! Então fico feliz que aqui não ocorra isso). Em
alguns momentos foi difícil e desesperador, em outros havia esperança e um
motivo para sorrir. Tudo foi bem complexo, assim como o ser humano é na vida
real.
Adorei quase
todos os personagens de maneira geral, em especial da protagonista, Lena, e do
mocinho, Sebastian. Porém tem uma personagem que me incomodou muito, do tipo que
me dava raiva quando ela fazia algum comentário sobre o assunto, a amiga Abbi.
Entendo a existência dela e sua importância para a história, e que Jennifer L.
Armentrout quis mostrar que algumas pessoas julgam os demais sem notar que
poderiam cometer os mesmos erros ou que os cometem, mas nunca enfrentaram
resultados impactantes ou consequências ruins por conta disso e, portanto,
culpam os demais por algo que poderia ter sido “feito” com ele mesmo. Porém,
mais do que isso, detestei-a pela falta de humanidade e empatia de falar certas
coisas absurdas para alguém que estava sofrendo. Ela foi egoísta e eu
definitivamente não ia querer alguém assim em minha vida.
O romance é
maravilhoso e fofo. Sebastian é apaixonante e entendo o motivo de Lena ter
gostado dele por tanto tempo. Claro que, por conta de todo o teor dramático da
trama e da vida deles, não encontramos uma grande exploração do relacionamento
do casal, mas ainda está ali, sutilmente presente, e de uma forma muito bonita
e verdadeira. Gostei de cada interação entre eles, ver aqueles sentimentos
começarem a se expandir para fora de seus corações e ver como lidaram com
aquilo no momento de vida que estavam vivendo. Só queria um pouquinho mais de
cenas ou exploração no final. Entendo o motivo de não ter, mas desejei por elas
ainda assim.
Com meu
primeiro contato com a escrita de Armentrout pude perceber que sua narrativa é
realmente deliciosa, leve, envolvente e flui maravilhosamente bem. Gostei tanto
desse livro e dessa primeira experiência com algo de sua autoria que já estou
empolgada para ler mais de suas obras o quanto antes.
Se você
busca um livro emocionante, dramático, reflexivo, melancólico, que te faz
analisar a vida, o destino e o que as escolhas podem fazer com o ser humano, se
quer encontrar personagens enfrentando a culpa e depois encontrando uma
superação, então leia “Se Não Houver Amanhã”, que reúne tudo isso de maneira
cativante e ainda traz uma ótima protagonista e uma narrativa muito fluida.
Avaliação
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