A Mulher Na Janela – A. J. Finn

Anna Fox viu sua vida mudar drasticamente quando começou a desenvolver agorafobia, transtorno de ansiedade que faz com que a pessoa tenha pânico ao frequentar lugares ou situações, fazendo com que ela possa começar a ficar reclusa em seu lar. Então vive seus dias no conforto de sua casa, sem conseguir sair ou ter uma rotina igual a que tinha anteriormente. Vivendo sozinha, já que está separada do marido e da filha, ela acaba passando seus dias em frente à televisão assistindo filmes em preto e branco, bebendo muito vinho e tomando remédios controlados.
Para se distrair, Anna também fica bastante tempo na internet, e frequenta um fórum, onde pode conversar e até ajudar pessoas que também sofrem de algum tipo de transtorno psicológico, e também pesquisa sobre pessoas com quem já teve algum tipo de contato anteriormente ou alguém novo na vizinhança. Além disso, ela gosta de espionar os vizinhos, vendo tudo o que fazem, sabendo até mesmo seus horários e muitos segredos.
Quando os Russells se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica completamente obcecada por aquela família aparentemente perfeita. Bisbilhotando o pai, a mãe e o filho com frequência, ela quer saber cada vez mais sobre eles. Até que um dia acaba assistindo um crime que a deixa aterrorizada.
Porém, com tamanho consumo de bebidas alcoólicas misturadas com remédios pode acabar resultando em alucinações. Quando ninguém acredita nela, Anna acaba se questionando até onde o que viu pode ser verdade ou apenas fruto de sua imaginação. Será que aquilo foi real e ela ou alguém mais pode estar em perigo? Ou a única que está verdadeiramente em perigo é a própria Anna devido ao jeito que está conduzindo a sua vida?
Esse livro foi publicado há alguns meses pela Editora Arqueiro e, desde então, só tenho escutado comentários muito positivos sobre ele, inclusive de algumas pessoas que o consideraram uma das melhores leituras do ano. A sinopse já tinha me interessado bastante, então com tantas opiniões tão boas a respeito desta obra, eu sabia que precisava conferi-la também. E foi o que fiz. E agora só tenho uma coisa a dizer: UAU!
Quando eu leio um thriller psicológico, tenho a tendência de pensar e questionar tudo o que está acontecendo, diferentemente de quando leio outros tipos de livros, o que eu acredito que aconteça com a maioria dos leitores também. Então é inevitável que a gente acabe criando diversas teorias em nossas cabeças, inclusive algumas que acabam se revelando verdades. Uma das coisas mais interessantes a respeito dessa obra de Finn é justamente o fato de nada ser tão evidente, como acontece com alguns outros autores. Então, por mais que a gente pense em algo, não temos certeza de que aquilo é realmente o que de fato aconteceu. E, no meio de tantas coisas, ele ainda conseguiu me surpreender em alguns momentos, o que foi realmente maravilhoso.
Devo dizer que achei Anna realmente fascinante e carismática. Gostei muito de poder acompanhá-la e vê-la lidando com sua nova realidade, ainda que as coisas fossem difíceis. E senti falta dela depois de terminada a leitura. Entendi o que a fez agir de determinadas formas e tomar as decisões que tomou, ainda que não fossem as melhores ou nem mesmo ideais, até porque essas foram as maneiras que encontrou de lidar com tudo aquilo, o que não é fácil. E isso é sempre algo muito individual. Não que eu esteja dizendo que ela realmente deveria beber e misturar remédios, mas nem tudo que todo mundo faz deveria ser feito. E ela é bem real. Vi alguns comentários a respeito de sua vida monótona ou que ela não tomava melhores decisões, mas na minha opinião foi exatamente o contrário. Ela tem um transtorno psicológico, então essa foi a melhor forma que encontrou para lidar com sua situação. O mundo precisa de pessoas mais empáticas para entender a realidade alheia, ainda que a sua seja totalmente diferente.
A narrativa flui muito bem, é envolvente, bem desenvolvida, realista, nos apresenta a personagens interessantes, que nos fazem questionar muitas coisas e ficar intrigados a respeito de suas participações na trama. Também nos faz refletir, questionar determinados pontos, e nos presenteia com reviravoltas e plot twists arrebatadores. Nem parece um livro de estreia, já que A. J. Finn construiu tudo com maestria e de forma bem agradável, nos mantendo presos na leitura com facilidade.
Algo na escrita do autor que eu achei muito interessante é que nos faz pensar muito sobre diversas questões. Entre as opções que tinha na minha mente sobre o desfecho desse livro, uma das que eu mais estava inclinada a acreditar era justamente a realidade do que foi, porém, como comentei acima, em nenhum momento eu tive certeza de que tinha acertado. E essa falta de certeza quando estamos lendo um thriller é uma das melhores sensações, já que nos deixa curiosos, empolgados e ansiosos para saber o que vai ser revelado, então só queremos ler rapidamente as páginas para alcançar o final o quanto antes e isso é maravilhoso – pelo menos para mim
Outro ponto que achei espetacular foi o que o autor fez com a pós revelação. Anna passou por muitas coisas em sua vida e, como resultado, tem agorafobia e outras questões psicológicas para resolver. E em nenhum momento A. J. Finn tratou isso de forma leviana ou sem importância, pelo contrário, ele mostrou que é algo sério e que uma ajuda para poder enfrentar tudo aquilo pode ajudar a alcançar o resultado esperado. Não posso comentar com detalhes sobre isso, pois poderia ser spoiler, só posso dizer que a cura na vida real não acontece de maneira fácil, como alguns livros que li fazem parecer, e ele mostra a realidade como é, não algo fantasioso e rapidamente solucionável, mas sim, lento, difícil e muitas vezes agoniante. Mas há esperança e tudo pode melhorar, ainda que não necessariamente volte a ser como antes.
Amei o livro do jeito que é, do início ao fim. No entanto, confesso que não me incomodaria de saber mais sobre alguns detalhes sobre outras pessoas (e gato) que não foram revelados. E também estou torcendo pela melhora de Anna com todo o meu coração. Então é claro que eu queria mais do futuro da personagem também, não que isso tenha faltado, porém eu sempre quero saber mais.
Esse livro teve seus direitos cinematográficos comprados e a adaptação já está sendo planejada. Inclusive os nomes dos autores já foram confirmados. Amy Adams dará vida a protagonista Anna Fox, e Julianne Moore e Gary Oldman são outros nomes que estarão presentes no longa, que terá Joe Wright como diretor e Tracy Letts como roteirista. A previsão de lançamento é para o final de 2019.
“A Mulher Na Janela” é um thriller psicológico fascinante, que me prendeu completamente, fazendo com que as páginas fossem rapidamente avançadas. Adorei acompanhar a carismática Anna, entender mais a sua vida e o que a levou a viver daquela maneira. Com certeza indico muito essa leitura para quem curte tramas que te deixam vidrados de uma forma deliciosa, fazendo com que você fique tentando descobrir o que vai acontecer no desfecho e criando diversas teorias a cada virada de página. Já quero mais obras de A. J. Finn na minha vida para ontem!
Avaliação




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