Olivia
Middleton é filha de um dos casais mais ricos e influentes da sociedade nova
yorkina atual e está prestes a se formar na faculdade. Porém, depois de ter
passado por uma situação, quer se afastar de tudo para lidar com seus
sentimentos em segredo. E é por isso que acaba conseguindo um trabalho como
cuidadora de um ex-soldado da guerra no Afeganistão, que possui diversas
cicatrizes físicas e psicológicas.
Lá ela acaba
se surpreendendo ao perceber que o homem de quem vai cuidar é um jovem um pouco
mais velho do que ela, totalmente lindo. Porém, ele é completamente amargurado,
além de ser enigmático e não querer sua presença ali e fazer de tudo para
demonstrar isso abertamente. Mas, por conta de uma questão pessoal, ele acaba
entrando em um acordo com o pai – tão rico quanto os pais de Olivia –, para
permanecer no local e continuar recebendo sua mesada semanal, ele só precisará
aturar a nova cuidadora por três meses sem expulsá-la de casa.
Então eles
passam a conviver no mesmo teto, enquanto Olivia tenta lidar com a culpa e
superar seu passado e Paul quer que o tempo passe rapidamente para poder se
livrar dela e voltar para sua vida solitária e amarga. Porém, por mais que ele
deseje isso, não consegue resistir a garota e, mesmo tentando afastá-la de
perto de todos os jeitos possíveis, acaba cedendo. Mas será que o amor será
mais forte do que tudo o que ele passou? Será possível que Olivia pode funcionar
como uma cura e fazer com que toda a sua dor seja superada?
Quem
acompanha minhas resenhas aqui no blog já deve ter reparado que eu amo
romances. Então, sempre que um título do gênero é publicado, eu fico com muita
vontade de lê-lo. Se parecer uma trama divertida e gostosa fico ainda mais
interessada. E tem alguns livros que nos deixam ainda mais empolgados do que
outros, e esse foi o meu caso com “Em Pedaços”. Primeiro porque é uma releitura
(adoro!) de A Bela e a Fera, o meu
Conto de Fadas preferido. Segundo porque prometia trazer personagens com uma
carga emocional bem intensa que iam encontrar a saída para suas questões pessoais
e encontrar a felicidade. E terceiro porque li há pouco tempo outra obra de
Lauren Layne, “Mais Que Amigos”, e até resenhei aqui no blog (clique no título
para ser redirecionado a resenha), então já sabia que a escrita da autora seria
bem gostosa.
Até
determinado momento da leitura eu estava gostando bastante da mesma, me
divertindo e torcendo para ver os protagonistas superando suas questões
pessoais. Porém, com o desenrolar da trama, algumas atitudes dos personagens me
incomodaram muito, o que ficou ainda mais agravante no final da obra, fazendo
com que eu não conseguisse gostar do resultado final tanto assim.
Uma das
primeiras coisas que me incomodou foi que Olivia mal tinha chegado na casa para
trabalhar como cuidadora de Paul e logo cedeu a uma atitude dele. Até onde sei,
antes de qualquer atração física, a gente primeiro quer respeitar nosso trabalho,
principalmente quando começamos um novo. Então não entendo o motivo de ela ter
se deixado levar pela aproximação física dele e ter cedido ao seu contato,
passando para níveis íntimos sem que mal se conhecessem e ela estivesse ali
apenas para trabalhar. E isso se repetiu várias vezes, já que ela nunca teve
nenhuma vontade de usar a palavra não
quando estava em seu horário de trabalho servindo seu chefe em algo que não era
para ser carnal.
Outro ponto
que eu considero péssimo foi a forma como Paul tratava Olivia. E, sim, era
terrível. Ele fazia os piores comentários e agia da maneira mais ridícula
possível quando se tratava dela. E aqui entra uma questão muito pessoal minha,
mas eu detesto – com ênfase neste
sentimento – quando um homem maltrata uma mulher, seja física ou verbalmente
(neste caso foi mais da segunda forma, isso sem levarmos em consideração como a
agarrava e a beijava, mesmo sem conhecê-la e saber o que ela queria). Eu sei
que Paul tinha ido para a guerra (porque quis) e enfrentado coisas terríveis,
como era de se esperar porque era uma guerra, e ficado com inúmeras questões
físicas e, principalmente, psicológicas para lidar, mas não acho que justifique
fazer comentários baixos e pesados direcionados somente para ela e com total
intenção de feri-la profundamente, o que ele fazia continuamente. Com
sinceridade, não entendo como uma garota como Olivia conseguiu, ainda assim, se
apaixonar por ele, mas enfim. Até planos ridículos para magoá-la só porque ele
se sentiu chateado com uma coisa (bem fútil por sinal!), ele colocou em prática
para machucá-la, e agiu como uma criança mimada que é, e ela simplesmente deixou passar. E depois ainda ficou com
ele de novo. Não dá para mim!
E, para
finalizar as coisas que mais me chatearam tem relação com o final. Mas pode ler
tranquilamente porque não vou soltar spoilers. Durante a maior parte da trama,
gostei da forma como a autora abordou a questão psicológica de Paul, juntamente
com seu trauma por tudo o que vivenciou na guerra. Mas no final ela resolveu
tudo isso de maneira tão simples, irreal e leviana, que me chateou. Conheci
várias pessoas e pesquisei diversas vezes a respeito de assuntos psicológicos e
sei que é muito difícil alguém sair disso tudo sozinho, ainda mais com tantas
coisas ruins que Paul tinha passado e com tantas sequelas psicológicas que
estavam enraizadas dentro dele e por tanto tempo. Em diversos momentos, Olivia percebeu
que ele precisava de ajuda e que tudo o que qualquer pessoa podia fazer era
simplesmente estar ali para apoiá-lo e fez isso até quase o final, o que foi
ótimo. Mas, então por que depois o pressionou para fazer coisas que lhe metiam
medo ou desconforto só para felicidade dela própria ou porque achava que era a
maneira correta de lidar com aquilo? E, só porque tinham se passado algumas
semanas e ela queria voltar para sua vida agitada, tinha que lhe falar coisas
terríveis e dar a entender que ele só estava sendo daquele jeito porque queria?! Ninguém quer ter traumas, deixar de viver uma vida comum e deixar de fazer
coisas que todos os outros fazem só porque sofreu um trauma. Mas a vida é assim
e é preciso lidar com isso com calma, perseverança e força de vontade, não com
pressão.
A melhor
maneira de lidar com isso, na minha opinião, era ficando ao lado de Paul
enquanto buscava ajuda profissional e lutava, dia após dia, para se livrar das
amarras que sua mente fazia consigo mesmo. Não abandoná-lo só porque ele não pôde
mudar de um dia para o outro porque você já não tem mais paciência (já falei
que só tinham se passado algumas semanas, certo?). E a autora ainda fez com que
outras coisas ruins acontecessem juntas na vida dele ao mesmo tempo, resultando
em um Paul completamente solitário com seus problemas. Se fosse vida real, a
possibilidade de isso ter gerado um resultado muito negativo era grande. Mas,
como é um livro, ele só quis mudar e, fácil assim, conseguiu.
Além do mais,
além do processo de cura, acho que a autora esqueceu de aprofundar alguns
outros pontos importantes da trama, como o motivo de Paul continuar vivendo na
casa do pai (nós sabemos sobre isso, mas não o que aconteceu depois), e tentou
se focar mais no romance dos dois apenas. Então considero o final meio aberto
com relação a tudo o que não foi a parte “romântica” da história.
Por outro
lado, a escrita de Lauren Layne é bem gostosa, flui muito bem e nos prende nas
páginas. Foi por conta disso que eu continuei a leitura até o fim, mesmo não
curtindo o desenrolar de alguns fatos e, principalmente, o personagem
masculino.
Enfim, acho
que esta resenha já ficou bem grande e quero me desculpar pelos meus argumentos
enormes, porém esses pontos realmente me incomodaram bastante e fiquei chateada
porque estava certa de que iria amar a história. Mas já li inúmeras resenhas
positivas e comentários de pessoas que amaram esse livro. Então, aconselho que
leia para tirar suas próprias conclusões, pois pode ser que tudo isso não seja
incômodo para você e que a leitura, pelo contrário, seja maravilhosa. Só posso
dizer que comigo não funcionou e, se, você acha que pode se sentir como eu, não
recomendo esse título.
Avaliação
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