O que uma capa bonita e uma
proposta de uma estória envolvendo fadas, magia e espiritualistas pode gerar em
que vos escreve? Necessidade imediata de leitura! Entretanto venho aqui dizer
que a propaganda foi um pouco enganosa, e faltou um pouco de todas estas coisas
em Thomas e sua Inesperada Vida Após a Morte, da autora Emma Trevayne, pelo
selo Seguinte.
Thomas Marsden ainda é uma
criança mas já ajuda o pai com o trabalho. Isso não seria estranho se o negócio
em questão não fosse o de abrir túmulos e roubar seus pertences. O menino sabe
que precisa fazer para ter o que comer, e embora a ideia seja bizarra ele vê o
cemitério como seu lar. O trabalho só passa a ser assustadora quando em uma
cova recente ele encontra um corpo idêntico a si mesmo enterrado, e com ele uma
pista sobre quem ele é. Seu passado vem a tona, e sua família conta sobre sua
origem, mas desesperado para descobrir mais ele parte em busca das migalhas
deixadas em seu caminho em uma Londres repleta de ferro e antigas lendas.
O título desse livro e sua capa
me atraíram muito juntamente com sua proposta na sinopse, é com muita tristeza
que digo que o potencial deste volume foi mau explorado pela autora. Com uma
narrativa feita em terceira pessoa, Trevayne foi muito superficial em sua
estrutura, e demorou muito para desenvolver sua estória, perdendo diversos
ganchos e momentos em devaneios desnecessários. A pedra bruta estava lá a todo
momento, mas quando parecia que um mergulho além da superfície iria ser dado
ela se limitava a pouco, muito pouco.
Explorar a revolução industrial
que trouxe consigo o ferro e afastou a natureza da cidade de Londres foi ótimo,
mas porque não dar mais vida as fadas? Porque limitá-las a criaturas acanhadas
em um porão? Sim elas estavam sofrendo, mas retratadas como foram poderiam ser
qualquer outro tipo de criatura que não faria diferença, a magia delas se
perdeu. A estória por trás da missão que Thomas tem pela frente também é boa,
mas mais uma vez foram páginas de mais em nada, e poucas no que interessa. E
vejam bem eu não tenho problemas com livros descritivos ou mais lentos, mas o
caso é que as descrições foram breves e a estória simplesmente não andava, os
personagens muitas vezes soavam perdidos e confusos. E mesmo para um público
juvenil, que é o público alvo da obra, a enrolação da ação pode afastar os
leitores.
Thomas vive em uma grande
pobreza, o trabalho que executa não chega a incomodar, mas parece que sua vida
não encaixa muito bem, assim como a relação com os pais parece faltar de liga.
Quando ele descobre sobre sua origem, foi também um momento de descobrir partes
que faltavam em sua alma. É um garoto muito esperto, inteligente, ágil e
perspicaz. Diante do problema é prestativo, e foi capaz de mostrar que a magia
está além das fadas.
Entre as fadas duas são destaque,
Cravo-de-Defunto, o mais antigo, é ele quem faz de tudo para proteger as fadas
restante do malvado vilão, Mordecai. É um personagem um pouco irritante porque
tantos anos de sofrimento o fizeram medroso, acanhado e sem brilho. Já
Rosa-da-Índia, é tão jovem quanto Thomas, e foi capaz de aprender mais do que
lhe foi ensinado, é essa capacidade alegre e vivaz que ajuda Thomas em sua
missão.
Mordecai, o vilão, é muito
citado, mas aparece brevemente. Sua relação com a trama principal é
interessante, mas brevemente explorada. Os Pais de Thomas, Silas e Lucy, são
adultos endurecidos e objetivos na vida, e no fim mostram o seu real caráter
quando Thomas pede ajuda a eles. Charley seu único amigo é fiel, e fundamental
no desfecho da trama que foi previsível em diversos sentidos, mas não
decepcionou quanto a sua mensagem final.
Thomas e sua Inesperada Vida Após
a Morte é um livro que morreu na praia, repleto de potencial para tocar em
pontos importantes da vida e de uma boa fantasia não foi capaz de cativar o
coração de uma apaixonada por fadas, contos de fadas e magia. Não é total
desperdício de tempo, desde que se tenha em mente que é apenas entretenimento leve.
Avaliação
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