Cal leva uma
vida bem diferente de seus tempos de colégio, afinal naquela época ele era mais
quieto e não tinha sorte com as garotas. Agora, na faculdade, ele ganhou massa
muscular e novos amigos, frequenta várias festas, e de quebra conquistou a
atenção das mulheres, apesar de ainda não saber como lidar com elas realmente.
Mas uma coisa nunca mudou: ele ainda não esqueceu da menina que fazia seu
coração balançar desde que ainda era bem novinho, Nicole Bentley.
Sua vida
segue normal, sem que ele tenha qualquer informação a respeito dela há mais de
um ano, quando se formaram no ensino médio, e não fala com ela há anos, desde
que Nicole parou de falar com ele e seus antigos amigos para andar com novos e
mais populares.
Até que ele
encontra uma garota nervosinha, dona dos mais belos olhos azuis, e percebe que
aquela é Nicole. Mas, ao mesmo tempo, não é, já que essa garota se chama Nyelle
Preston, tem uma aparência desleixada, completamente diferente da que conhecia
em seu passado, que sempre vivia arrumada impecavelmente, e uma personalidade
oposta a dela, sendo impulsiva, ousada, meio doidinha e dona das ideias mais
inusitadas de todas.
Mas Cal fica
intrigado. Quem será essa garota que se parece tanto com Nicole em alguns
aspectos, mas é totalmente diferente na maioria deles? Ela só quer aproveitar a
vida e o convida para curtir com ele, e, claro, Cal aceita, fascinado pela bela
mulher à sua frente e empolgado por compartilhar com ela alguns momentos que
com certeza serão memoráveis. Enquanto isso, tenta desvendar seu passado,
afinal ela é completamente misteriosa e evasiva quando se trata de sua vida
pessoal. Mesmo assim, Cal não vai desistir de encontrar respostas. Só que,
talvez, ele não esteja preparado para as revelações que virão com isso.
Desde que a
Globo Alt publicou “E Se For Você?”, em 2015, tenho vontade de ler este título,
já que trata de um assunto que muito me interessa e me faz ter vontade e
grandes expectativas de ler: uma pessoa que você não vê há anos reaparece em
sua vida, mas com outra personalidade e outro nome. Será que é a mesma pessoa?
Se sim, o que pode ter acontecido? Ela perdeu a memória ou está apenas fingindo
a coisa toda? Ou será que há alguém tão semelhante a ela no mundo que lhe faça
questionar se há uma irmã gêmea que você nunca conheceu? Com esse enredo bem intrigante
que nos faz querer desvendar tudo enquanto criamos as mais diversas teorias,
esta obra me chamava para si.
Porém, algum
tempo se passou sem que eu tivesse a oportunidade de lê-la. Até que finalmente
este dia chegou e posso dizer que gostei bastante, mas minhas expectativas
estavam bem altas, então acho que ficou devendo um pouquinho para o que eu
esperava. Talvez por conta de alguns comportamentos de Cal, que vou explicar
mais abaixo. Mas, resumindo, eu gostei muito do que encontrei, só não vai
disputar a vaga de melhor leitura do ano até o momento.
Uma das
coisas que mais curti no livro é a amizade nele retratada, já que nos apresenta
pessoas que se conheceram ainda na infância, que viviam fazendo tudo juntos, e
continuaram (ou ao menos alguns deles) muito unidos no futuro.
A leitura
flui muito bem e a narrativa de Rebecca, que eu não conhecia até então, é
realmente muito gostosa e nos prende com facilidade, fazendo com que nem
percebamos a leitura avançando e, quando enfim nos deparamos, já estamos nos
aproximando do fim.
Além do
mais, essa pontinha de mistério faz com que a gente se envolva muito com a
trama, desejando saber o que realmente aconteceu ali, quais são os segredos
escondidos por trás de cada resposta de Nyelle, e o que ela vai revelar a Cal
com o passar das páginas e com a interação entre eles aumentando. É muito
instigante esperar por mais informações enquanto bolamos nossas próprias
teorias a respeito de tudo.
Gostei da
personalidade de Nyelle, mesmo que não tenha concordado com cada uma de suas
atitudes, e acho que a autora soube construí-la muito bem, principalmente
quando desvendamos seu passado e entendendo o que a fez ser do jeito que é.
Só teve uma coisa
que me incomodou: fiquei com a impressão de que Cal realmente gostava de Nyelle
por conta de sua aparência, não por sua maneira de ser e agir. Não posso
explicar detalhadamente sobre isso, porque provavelmente eu acabaria soltando
algum spoiler, mas Nyelle possui uma personalidade bastante semelhante a alguém
que Cal havia conhecido em sua infância, Richelle, por quem ele nunca nutriu
sentimentos fortes além de amizade (por mais que tenha tido algum envolvimento
com ela – também não posso me aprofundar a respeito disso), enquanto a sua
paixão de infância/adolescência, Nicole, que ele acha que possui uma aparência
idêntica à Nyelle, tinha uma personalidade completamente oposta. Ou seja, fiquei
com a impressão de que ele gostava das duas garotas (Nicole e Nyelle) mais por
como aparentavam do que pelo que eram, já que elas possuíam personalidades
muito diferentes (opostas até), e ele comentava sobre suas belezas inúmeras
vezes, o que soou meio irritante.
E achei Cal
um pouco bobo demais, afinal ele fazia absolutamente TUDO o que Nyelle queria,
por mais que fosse louco ou perigoso e ele não quisesse ir com aquele plano
adiante, era só ela pedir que ele fazia. Podia questionar a insanidade dela – e
a dele também – em sua própria mente, mas nunca dizia nada a respeito disso a
ela, apenas a seguia no que quer que fosse, quase sem questionar (quando fazia
isso era tão rápido e insignificante, que nem mesmo fazia alguma diferença).
Por isso, não consegui gostar inteiramente do protagonista, Cal podia ter boas
intenções, mas precisava aprender a palavra NÃO quando se tratava da garota por
quem era apaixonado, e podia ganhar um pouquinho de personalidade própria
também, porque isso não iria me incomodar em nada, pelo contrário, gosto de
pessoas que tenham suas próprias opiniões em pelo menos alguns assuntos e não
sigam tudo que alguém manda como em um “mestre mandou”.
Duas
personagens merecem comentários e um pequeno destaque nesta resenha, afinal
fizeram bastante diferença na trama são Rae e Richelle. Ambas foram as duas
outras grandes amigas de Cal e Nicole na infância, a primeira, que se tornou a
melhor amiga de Cal até hoje, e é quem tem ótimas tiradas e uma grande
personalidade, e Richelle, que é uma pessoa super fofa, dona de uma
personalidade maravilhosa, e foi de extrema importância na vida de Nicole e de
Cal, mudando e ajudando a primeira a ser alguém melhor e diferente, e lhe dando
bateria para enfrentar muitas coisas em sua realidade nada favorável.
A narrativa
é em primeira pessoa sob o ponto de vista de Cal na maioria dos capítulos, o
que foi ótimo para podermos entender melhor esse personagem, seus sentimentos e
ações. Mas também temos a chance de acompanhar capítulos do passado deles,
narrados ora por Nicole, ora por Richelle, ambos também em primeira pessoa,
quando os quatro amigos andavam juntos, e, assim, podemos entender como a
amizade entre eles começou e quais foram os pontos mais importantes que
viveram, e como estes afetaram de alguma forma o presente.
E podemos
notar o crescimento de alguns personagens e como ações do passado ajudaram a
desenvolvê-los para um presente melhor e mais natural, fazendo com que algumas
pessoas pudessem ser elas mesmas (sim, estou sendo enigmática porque vocês
precisam ler para entender isso).
Chegando ao
final, nos deparamos com algumas revelações, e, consequentemente, com cenas
bastante tristes, também. Eu já imaginava algo semelhante enquanto ia lendo, e
pouco antes do próprio Cal saber, já conseguimos encontrar evidências ainda
mais fortes, mas ter certeza daquilo realmente pesou meu coração. É triste,
emocionante e faz com que a gente derrube algumas lágrimas fortes.
Confesso que
já imaginava o desfecho em determinado ponto da leitura, porém em alguns
momentos eu ficava refletindo se seria algo diferente e se uma personagem teria
sido “utilizada” pela autora de uma forma distinta da que foi.
“E Se For
Você?” é uma ótima leitura, e merece que aqueles leitores que buscam obras com
personagens jovens adultos mais maduros, uma trama carregada de mistérios,
revelações, com pontos bem desenvolvidos e encaixados perfeitamente, lhe deem
uma chance. Além do mais, a narrativa da autora é bem gostosa, há uma pitada de
romance, momentos divertidos, outros muito reflexivos, e ainda aqueles que vão
te levar às lagrimas facilmente. Recomendo bastante!
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