A Resposta – Kathryn Stockett


“A Resposta” conta a história de três mulheres, uma branca e duas negras, na década de 60, em Jackson no Mississippi. Era um tempo difícil para os negros, que não eram tratados como iguais pelos brancos, eram vistos como inferiores e trabalhavam para eles. Vários nem estudavam por muito tempo já que precisavam conseguir um trabalho desde novos para se sustentar.
Além disso, brancos e negros não se misturavam. Existiam comércios voltados para negros diferentes dos para pessoas brancas, hospitais, Igrejas, onde morar e até mesmo banheiros próprios para cada cor.
Os capítulos são intercalados e narrados pelas três protagonistas, Skeeter, Aibileen e Minny, que são bem diferentes entre si, cada uma com sua história, jeito de ser e modo de agir. Mas, juntas construíram uma narrativa muito bem desenvolvida, porque podemos entender diversos acontecimentos vistos com esses três pontos de vistas tão distintos.
Skeeter é a moça branca, que tem 22 anos e acabou de se formar na faculdade e volta a morar com os pais, já que não tem marido – coisa incomum na idade dela para a época, e por isso, sua mãe ficava insistindo para arranjar logo um pretendente. Ela foi criada pela empregada negra de sua família, Constantine, e possuía um carinho muito grande por ela. Quando foi estudar, Constantine ainda trabalhava em sua casa, mas quando Skeeter voltou, ela havia desaparecido e ninguém quis lhe contar o que realmente aconteceu. Ela é uma mulher inteligente, destemida, independente e decidida e seus cabelos rebeldes, traços físicos e altura elevada não são atributos muito atraentes e acabam a atrapalhando na hora da conquista. Mas Skeeter tem um bom coração e, apesar de não discutir com quem maltrata os negros, não concorda em nada com eles e suas leis. Então resolve fazer algo para mudar a visão de algumas pessoas: escrever um livro com relatos de como é ser uma empregada negra na década de 60. Gostei muito dessa personagem por todas as suas características, principalmente sua bondade e iniciativa, e gostei de como sua história foi finalizada.
Aibileen é a mais velha das três, é uma empregada negra que prefere cuidar de bebês e já está no seu 17° neném branco. No decorrer da história, ela trabalha na casa da Dona Leefolt, uma das amigas mais antigas de Skeeter, que é casada e tem uma filha: a pequena e doce Mae Mobley, por quem Aibileen possui um carinho imenso. Ela ensina alguns valores positivos à menina, entre eles que não devemos distinguir as pessoas pela cor. Mesmo tendo vivenciado situações trágicas em seu passado, tem um coração enorme. Ela é uma das pessoas que ajuda Skeeter com seu projeto, sempre apoiando-a, mesmo com medo do que poderia acontecer. Apesar de ter gostado muito de todas as três protagonistas, senti um carinho maior por Aibileen, admirei a personagem profundamente, mesmo não se passando de uma ficção. Foi o final que eu menos gostei, infelizmente.
E, por último conhecemos a vida de Minny, melhor amiga de Aibileen, também é negra e empregada doméstica. É uma mulher forte e destemida, mas também tem um grande coração e protagoniza cenas hilárias. Mas, apesar de ser uma excelente cozinheira, ela não tem papas na língua e não consegue se manter calada diante de diversas situações, o que acaba gerando demissões atrás de demissões. Porém ela tem um marido e vários filhos e precisa se fixar em um emprego. Depois que Hilly Holbrook – a encarnação de tudo que há de malvado e preconceituoso que poderia existir – a demite do seu último trabalho e inventa calúnias sobre ela, Minny começa a ficar desesperada, afinal ninguém mais iria querer contratá-la. É aí que surge Celia Foote, a excêntrica esposa de Johnny, ex-namorado de Hilly, que é “nova” na cidade e que está tentando conquistar a amizade das outras mulheres em vão. Ela a contrata, mas possui mais segredos do que Minny gostaria de presenciar.  Achei bem legal esse casal. Gostei muito do final dessa personagem.
O livro foi oferecido pela Bertrand como o primeiro de nossa parceria. Relutei por um momento antes de escolhê-lo para resenha porque não é o estilo que mais gosto. Mas fico muito feliz por tê-lo feito, porque se não tivesse perderia a oportunidade de conhecer essa obra tão incrível e tocante.
Quando o solicitei para ler, não imaginei que fosse me apegar a ele tanto quanto de fato ocorreu. Os personagens são tão incríveis que me dava vontade de abraçar alguns deles diversas vezes. Parabenizá-los por suas atitudes e reconfortar outros dizendo que tudo ia acabar bem.
Se eu tivesse que escolher apenas uma palavra para definir esse livro, sem dúvida nenhuma seria: cativante. A história nos envolve de uma maneira tão profunda e sensível que não há como não sentir um carinho por ela.
As personagens principais são o grande destaque. As três são bem diferentes entre si, mas conseguem transformar um pouco da vida de outras pessoas, estando separadas ou unidas. E todos os personagens são tão reais que, com certeza, quem viveu naquela época deve ter conhecido pessoas iguais.
Eu demorei para terminar de ler essa história maravilhosa, mas não me arrependo, porque pude me deliciar com todas as suas páginas intensamente.
É estranho quando a gente acaba a leitura de um livro que nos marcou como “A Resposta” fez comigo. Terminei de ler o livro há dois dias e os personagens não saem da minha cabeça, fico pensando em continuar a leitura, mas ela já acabou. É uma sensação ruim, mas ao mesmo tempo boa. Difícil de ser explicada, fácil de ser entendida por quem já passou por algo parecido.
Essa é uma obra de ficção, mas determinadas cenas foram baseadas em algumas experiências da autora. Inclusive uma das que eu achei das mais fofas do livro: Aibileen sempre dizia para Mae Mobley que ela era linda e especial, e a empregada de Kathryn a tratava assim também.
Acho incrível quando um autor conta um pouco de sua experiência pessoal e sua vida em relação ao livro que acabei de ler. Parece que fico ainda mais ligada à história do que poderia supor que conseguiria. Esse relato torna tudo ainda mais real, por mais ficcional que a obra tenha sido. E admiro muito isso, de verdade.
Esse não é um livro romântico, nem uma história alucinante de prender o fôlego, muito menos uma aventura, mas sim a emocionante história de como os negros eram tratados pelos brancos na década de 60, uma época difícil, onde eles sofriam calados, e os que tentassem se opor [negros e até mesmo brancos] sofriam graves consequências.
Há muita crueldade, preconceito e coisas absurdas que despertaram uma raiva imensa em mim, e outras muito tristes. Mas também há cenas lindas e emocionantes que me fizeram sorrir e suspirar por ver como existem pessoas incríveis no mundo e por ver que mesmo no meio de todo caos e preconceito, existe a amizade verdadeira. E uma das maiores características dele, com certeza é a esperança. Infelizmente, mais decepcionante é saber que ainda existem pessoas preconceituosas e cruéis assim hoje em dia.
Apesar do assunto tratado ser bem pesado, a autora o descreve de uma maneira leve e sensível. Quando você pega para começar a ler, o livro te envolve de um jeito que quando você percebe já leu diversas páginas sem sentir.
Sobre a parte gráfica, adorei a capa versão do filme, não gostava da original aqui do Brasil. Além disso, ela é soft touch (emborrachada), o que eu adoro. A diagramação é simples, mas condiz com o conteúdo.
Estou ansiosa para assistir o filme, Histórias Cruzadas (não entendo esses nomes que ficaram todos diferentes do original), ver como cada personagem foi caracterizado e como o enredo foi passado para as telonas, se modificaram muita coisa da história ou se foram fiéis com as coisas que aconteceram nas páginas do livro. Inclusive fiquei bem contente em saber que Octavia Spencer, a Minny, recebeu o Oscar 2012 de melhor atriz coadjuvante.
Essa foi uma das melhores leituras que já tive na vida. Kathryn conseguiu ser rica em detalhes sem soar cansativa e possui, em sua forma de escrever, uma delicadeza incrível, que com certeza toca o coração de todos que leem sua obra. Recomendo para quem gosta de uma história profunda, que é ao mesmo tempo simples e forte, cômica e emocionante.
 Avaliação







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12 comentários:

  1. Uau! 5 casinhas, esse eu vou ler!
    Gosto muito das décadas de 50 e 60, mas só conheço a parte boa dessas épocas como, moda, música e movimentos artísticos nunca fui atrás da parte ruim, será legal conhecer esse lado da história.

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  2. Este é um dos livros que mais quero ler, conheci ele atrave de uma caixinha de correio e comecei a pesquisar sobre ele e parece ser realmente interessante
    adoraria te-lo em minha estante

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  3. Eu quero muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito ler esse livro. Ele tá na minha lista, ahhh se tá! E virou filme e eu quero ver também!!! *0*

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  4. Amei a resenha! Fiquei com muita vontade de ler o livro.
    Fiquei curiosa sobre o que pode ter acontecido com a Constantine.

    Que bom que a autora conseguiu pegar um assunto mais pesado e transformar em leve né?

    5 casinhas? Então que bom mesmo que você acabou lendo o livro. Já vi que deve ser uma história surpreendente. Certamente irei comprar o livro para ler antes de ver o filme.

    Beijos

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  5. To com vontade de ler esse livro, mas gosto mais da outra capa, sem ser esta que representa o filme.

    Também adoraria assistir o filme, mas não tive oportunidade.

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  6. Ai que resenha linda! Se já me emocionei lendo ela, imagina o livro? A história parece ser bem fantástica, e mesmo sendo triste, quero muito ler. A realidade sempre nos ajuda a olhar a vida com outros olhos. Parabéns pela resenha!

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  7. A-D-O-R-O livros nesse estilo. Só descobri ele depois que soube do filme, e agora fico dividida entre ver o filme agora ou esperar e ver só depois que conseguir ler o livro.
    Histórias que intercalam a narrativa com um pouco de fatos históricos (nesse caso, o racismo nos anos 60), geralmente entram para a minha lista de favoritos. O último que li nesse estilo foi "A vida em tons de cinza", ótimo livro também. E adoro um drama! :D

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  8. Amei sua resenha! Li outras sobre esse livro e gostei bastante dele, pois falar muito da história da época, sobre a qual eu não conheço nada! É um daqueles livros que nos educam, deve ser ótimo!

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  9. Quero muito ler este livro, acredito que o filme seja bom, mas não tão profundo como o livro, também não entendo porque o livro e o filme não possuem o mesmo nome.

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  10. Que resenha maravilhosa!!

    Quero muito, mas muito mesmo ler esse livro. Fiquei com muito vontade por tudo que você falou. Confesso que igual a você não tinha muita curiosidade sobre esse título não, mas se você amou e ainda te despertou vários sentimentos, fico pensando se isso pode acontecer comigo também.

    Eu li até essa resenha para minha mãe. Acredita que ela gostou tanto que comprou o livro para ler. Então depois que ela ler eu vou ler também.

    Tomara que eu goste tanto quanto você gostou!

    Beijos

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