Já fazia muito tempo que tinha me
decidido em ler Metade Sombria, do autor Stephen King, publicado pela Suma de
Letras, a ponto de eu nem me lembrar porque queria ler esse livro. O bom dessa
memória falha é que a leitura não tem spoiler nenhum e expectativas baixas (não
exatamente já que trata-se de King não é mesmo?!).
Thad Beaumont é um escritor que
ganhou fama com uma série de livros escritos sob um pseudômino de George Star,
uma pessoa não muito agradável. Após ter seu segredo descoberto ele para de
escrever atrás desse nome, 'matando' o mesmo. O que ele não esperava é que
Stark não aceitaria a aposentadoria, e ganharia vida e não contente com sua
morte acabaria por espalhar o caos por onde passa. Agora Thad tem que
compreender o que está acontecendo já que os pardais estão voando novamente!
Narrado em terceira pessoa com a
personalidade já consagrada de King que equilibra momentos calmos e quase
poéticos, com cenas de brutalidade e sangue como se estivesse descrevendo mais
um dia na vida de uma pessoa comum. É muito perceptível como o autor sabe bem o
que pretende com sua narrativa transparecendo toda a loucura que sua mente se
envolve para criar a narrativa. Entretanto o que me incomodou é que ele pesou
na extensão do livro, e muitas páginas poderiam ter sido retiradas, e em
determinados momentos a leitura ficou cansativa.
Thad Beaumont é um autor casado
com filhos gêmeos, ao lado de Liz parece ser uma pessoa comum já que além de
escrever ainda é professor em uma universidade. Mas seu passado esconde um fato
estranho, aos onze anos de idade ele passou por uma cirurgia para retirada de
um tumor no cérebro, e o que foi encontrado em sua cabeça foi muito bizarro. É
um homem quieto e misterioso, mas é dedicado aos filhos e a sua esposa.
Liz, a esposa é uma verdadeira
companheira, e depois de passar por situações ruins ainda se mantêm ao lado do
marido, tentando compreender e aceitar a loucura e as criações do marido. É
também uma mãe protetora, capaz de tudo para proteger seus filhos.
Alan, é o xerife de Castel Rock,
local onde Thad tem uma casa de veraneio. A primeira vítima de Star é neste
local, e logo Alan se vê envolvido com o autor e estranhas pistas que o
primeiro crime deixa. Aos poucos passa a conhecer Thad, mas tem dificuldade em
aceitar a verdade que parece não ser possível.
Stark é um vilão terrível, por
ser alguém que não tem ninguém e que quer só vingança e posteriormente evitar
sua própria morte, e não se preocupa em se esconder e menos ainda poupar vidas.
Todas suas mortes são grotescas e cruéis. É nojento e despertou total ódio em
mim rs! Sua intimidade com Thad trás mais perturbação ainda!
A ideia de um pseudônimo ganhar
vida e vingar sua morte é muito original, nas páginas finais King explica que a
ideia nasceu quando seu próprio pseudônimo (Richard Bachman) foi descoberto e
ele teve que deixá-lo para trás. Metade Sombria nasceu em 1989, e estava
esgotado no Brasil até ganhar essa nova edição de capa dura na Coleção
Biblioteca King.
A dualidade é um aspecto muito
trabalhado pelo autor, já que ele trabalha a ideia de os opostos habitarem uma
mesma pessoa, mesmo que ela desconheça essa parte de si mesmo. O conceito não é
novidade, já que Jung trabalha bem o conceito de sombra, mas a sombra ganhar
vida definitivamente nunca antes ganhou vida em algum livro que eu li.
As páginas finais são muito tensas
e quase até o fim ficamos em dúvida qual lado da gangorra vai vencer, e como é
que esse lado vai vencer. Minha maior angústia é ver os bebes gêmeos passarem
por algum sofrimento, já que eu lido bem com adultos sofrendo, mas crianças e
animais eu não consigo lidar bem! Nessa constante tensão e expectativa a
leitura foi muito inquietante.
Metade Sombria é mais um livro
que entrega o que promete e explica porque King é tão aclamado. Sua narrativa
nos traga para a maldade de alguém que não tem nada a perder e que desconhece o
amor. Pode ser forte para alguns que tenham problemas com violência gratuita e
crua.
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