Não tem nada pior do que ler um
livro com tempo para acabar em mente, isso acontece, as vezes temos metas
pessoais a cumprir e nos colocamos nessas ciladas, mas também não tem nada mais
gostoso do que devorar um livro rápido e nem se dar conta das suas páginas. O
Enigma de Blackthorn, escrito pelo autor Kevin Sands, publicado pela editora
Leya, é um destes livros que devoramos sem perceber!
Christopher Rowe é um aprendiz de
boticário, por três anos ele tem aprendido com seu mestre não só o ofício de
criar poções como também a resolver enigmas e códigos complexos. Mas uma
misteriosa seita ameaça os boticários de Londres, o rastro de mortes chega
muito próximo a botica Blackthorn, e Christopher terá que usar seus dons e
habilidades para descobrir o grande segredo por trás destes assassinatos.
Sands foi muito feliz em sua
narrativa em primeira pessoa através de Rowe, tudo se desenvolve de maneira
muito rápida e inteligente, e a leitura passa muito ligeira sem esforço. O
mistério e as maneiras como ele se esconde através de pistas e enigmas também
ajudam a prender a atenção, e fazer com que a leitura nos prenda e também
querer chegar logo ao fim. Mas essa mesma característica que fez tudo fluir bem
acabou pecando ao seu final. Sim o desfecho acontece e nele faltam dados para
explicar como o jovem conseguiu chegar a suas conclusões de quem era o mentor
dos assassinatos.
Christopher é órfão, viveu até os
onze anos fugindo de tapas e trabalhando na cozinha do orfanato até ser aceito
pela guilda dos boticários, e ir trabalhar com o mestre Blackthorn. Muito
esperto e inteligente ele aprende rápido o que seu mestre o ensina, além
daquilo que não é dito ou proibido. É essa perspicácia que o ajuda a sobreviver
e desvendar o mistério. Por ainda ser jovem ele ainda não teme de forma muito
realista por sua vida, apenas quer desvendar o mistério que lhe foi confiado.
Seu melhor amigo, Tom, é filho de
um padeiro, e é seu fiel escudeiro em todas suas aventuras, mesmo depois que
ele fica com sua cabeça a prêmio. A lealdade entre os meninos é muito legal, e
é a partir das divagações de Tom que Rowe acaba conseguindo chegar a muitas
conclusões, além de suas ajudas factuais.
O Mestre de Rowe tem breve
atuação, e lamento por isso, porque adoro personagens sábios e mais velhos que
tem muito a transmitir. Gostaria muito que ele tivesse tido mais espaço, embora
ele acabe por aparecer indiretamente durante todo o livro. E temos até uma
personagem pomba, Bridget, é uma das pombas que moram na casa de Rowe e que
sempre aparece para ajudar o garoto.
Os demais boticários e aprendizes
que aparecem não ficam tempo suficiente para nos apegarmos a nenhum deles, seja
positivamente ou negativamente. A narrativa é bem focada em Christopher e Tom,
e claro a todo o enigma que é o carro chefe do enredo.
A edição da Leya está bem
interessante, com muitos símbolos em toda parte, ficou bem bonita. Durante a
narrativa os enigmas que aparecem através de símbolos também aparecem desenhados,
isso nos aproxima do mistério, e nos convida a desvendá-lo junto com
Christopher.
Ainda há muita estória a ser
explorada neste universo na Londres do século 17, com seu realismo dos dias
medievais e seus humores para descrever doenças, mas com um pequeno toque
fantástico quanto a arte desenvolvida pelos boticários e alquimistas. E de fato
a estória continua com mais três livros lançados Mark of the Plague, The
Assassin's Curse e Call of the Wraith. Espero que os livros não demorem a serem
lançados por aqui, mas a verdade é que parece que a Leya não vai dar
continuidade a série depois de tanto tempo =/!
O Enigma de Blackthorn é um
infanto-juvenil muito gostoso de ler, feito com muitos detalhes e com um
excelente ritmo. Surpreende na sua franqueza e no seu universo tão colado ao
real. É divertido, é misterioso e nos impede de largar até que o fim se
descortine.
Avaliação
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