Eu continuo sempre me fazendo a mesma
pergunta se determinados livros são insossos ou se eu que não estava no momento
da leitura. Eu acredito que não saberei a resposta de alguns deles nunca, pois
alguém com uma lista de leituras como eu não relê muitos livros. A Ameaça
Sombria, segundo volume da trilogia Echo, publicado pelo selo Seguinte, da
autora Melissa Grey é um destes livros que me gera dúvida. Ah esta resenha pode
conter spoilers do volume anterior.
Neste volume, Echo depois de
descobrir e libertar o pássaro de fogo e com isso se tornar dona de um poder
que não sabe sequer a dimensão, vê seu mundo antes estável tomar rumos
inesperados, já que torna-se a figura central entre o conflito entre os Avicens
e Drakharin. Precisando descobrir o que fazer para que esta guerra termine,
antes que mais mortes aconteçam, antes que uma sombra mais sombria domine a
todos, ela parte em uma nova jornada. Só que linha entre a luz e as trevas não
está bem definida, nem dentro de si mesma!
Grey segue sua narrativa em
terceira pessoa com enfoque especial em Echo. Sem se prender em grandes
detalhes ou densidade ela cria páginas e mais páginas que são lidas de forma
rápida, mas que parecem não acrescentar muito a grosso da estória. Chegando ao
fim do livro a sensação é que pouco foi dito e menos ainda explicado, como se
nem a autora soubesse do que se trata afinal o conflito central do livro. Se a vontade da mesma era explorar a luz e as
trevas dentro da protagonista ela o fez de forma muito breve e superficial.
Echo acaba por contar mais sobre
seu passado, antes de se envolver com os Avicen, sua infância foi marcada por
violência, e este detalhe faz toda diferença em quem é, embora ela acredite que
tudo ficou no passado. Este detalhe importante surge, mas poderia ter inclusive
deixado uma mensagem além do os pais devem amar e não devem bater em seus
filhos. Como protagonista Echo não tem muita maturidade e suas ações se
desenrolam sem muito planejamento ou objetivo. É uma personagem muito solta que
têm contornos porque sabemos de sua estória, mas não porque suas ações
demonstram.
Caius, o drakharin é outro
personagem que tem uma estória pregressa que deve ser rica, mas tudo fica no
subentendido, e pouco de fato é falado. Um personagem com mais de cem anos não
pode soar como um adolescente, não pode flertar com uma adolescente como se não
soubesse como conquistá-la ou ser seguro, mesmo que seu coração já tenha estado
em luto pela perda, o tempo gera maturidade.
Dorian, o amigo e fiel
companheiro de Caius, é outra criatura antiga que parece um jovem de quinze
anos. Em todos estes anos parece não ter assumido sua homossexualidade, e passa
o livro inteiro em um flerte com Jasper, que esse sim é um adolescente. Já
disse na resenha do livro anterior, mas este casalzinho tem muito o clima de
Instrumentos Mortais entre Alec e Magnus.
Ivy, a avicen amiga de Echo tem
bastante destaque neste livro, é uma jovem doce que aos poucos descobre que as
vezes para curar é necessário agredir. É determinada e faz o necessário pelo
bem maior. Quinn, um feiticeiro é um homem sedutor que busca apenas alimentar
seu próprio ego e vontades.
Por fim um triângulo amoroso
surge de Caius, Echo e Rowan, e não convence. Simplesmente porque parece que o
único que banca seus sentimentos e escolhas é o avicen Rowan, e os demais
passam mais tempo divagando do que sentindo, logo não dá nem para torcer por
eles.
E se você chegou até aqui sem
entender muito bem o propósito do livro é essa a sensação mesmo que eu tive,
que ele não precisava existir, que tudo de interessante que ele citou não foi
para frente! Mas embora cheio de problemas não é um livro que você queira jogar
fora, ou liste entre os mais ruins, é sim um livro sem sal.
A Ameaça Sombria prepara a
estória para o terceiro volume que para dar certo vai ter que acumular tudo que
seus volumes anteriores não disseram, um desafio que beira o impossível, mas
que pode ser feito, afinal o tempo gera experiência, e quem sabe Grey depois de
várias bolas na trave finalmente alcance o gol?
Avaliação
Infelizmente não tive oportunidade de ler o primeiro livro desta série, por isto fiquei um pouco perdida durante sua resenha, mas percebi que a trama não atendeu suas expectativas, talvez pelo fato de esperar uma trama mais envolvente e eletrizante, ao contrario de uma estória sem sal como você citou. A premissa do livro me cativou e talvez quem sabe eu não dê uma chance a leitura.
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