A Rainha das Trevas - Trilogia das Joias Negras #03 - Anne Bishop

Terminar uma série e gostar dela é um feito para quem lê muitos livros, afinal as séries nos dias de hoje sempre tem vários volumes e raramente valem a pena até o seu fim. Logo quando A Rainha das Trevas da autora americana Anne Bishop, último volume da Trilogia das Jóias Negras, lançada pela Arqueiro eu estava torcendo para que a estória terminasse bem, e Bishop foi feliz em seu desfecho. Pode conter spoilers.

Jaenelle já é uma mulher, sua corte está estabelecida e sua família reunida novamente. Tudo começa a caminhar bem, mas existem Sangues que não aceitam seu reinado. Sem conseguir alcançar a rainha eles tramam para atingir aqueles que estão a sua volta. Jaenelle por sua vez começa a buscar por uma solução definitiva que traga paz para seu povo, mesmo que isso custe muito caro a si mesma.

A leitura desta trilogia não foi fácil desde de seu início até o seu fim, a trama criada por Bishop é tudo menos evidente ou previsível. Sua fantasia trevosa e densa foge de qualquer lugar comum evocando criaturas e magias que eu nunca havia lido em outro local. Com tanta originalidade e densidade não poderia ser diferente a leitura de seus livros que nos faz sofrer com seus protagonistas, além de dizer sem medo sobre as crueldades e sangue derramado tanto com homens quanto com inocentes.

Embora o ritmo do livro em sua maioria tenha sido tranquilo sem acontecimentos muito impactantes, em sua reta final a autora nos joga em uma corrente de acontecimentos que deixa o leitor desnorteado. Quando o livro acaba tudo que você pode fazer é recolher os pedacinhos do que sobrou e torcer pelo final feliz que sonha, pelo menos que eu desejo. Longe de ser o esperado, o final é impactante e forte, e talvez por isso mesmo bom, embora não seja o que eu desejaria a cada um deles.

Jaenelle está mais madura quanto a extensão de seu poder assim como de suas obrigações, mas é interessante perceber o quanto está jovem ainda é uma criança quando o assunto é o amor e homens. Ela guarda nas memórias o que aconteceu quando esteve internada, e não sabe lidar bem com o sexo quando se vê diante dele. Uma feiticeira tão poderosa mas que não sabe sequer beijar! É um contraste interessante e com todo sentido. Dona de uma personalidade forte e sensível foi uma protagonista que me conquistou e por quem torci muito.

Saetan, o senhor supremo do inferno deveria ser alguém a temer mas ele sempre me soou aquele tio legal que tenta ser do mal. Até o fim me diverti muito com ele e a tentativa de ser um bom pai. Lucivar, seu filho está agora aprendendo a lidar com a ideia de viver próximo ao irmão. É leal a sua rainha e não nega qualquer desafio que precise enfrentar para que consiga a proteger.

Daemon finalmente encontra um pouco de sombra para seu sofrimento. Depois de sofrer um bocado no último volume ele pode dedicar sua atenção a sua rainha. O que não vai ser fácil será dominar seu lado sádico quando precisar defender Jaenelle. Suas cenas no desfecho final da trama são de muita inteligência ao mesmo tempo que criam um forte desconforto.
Dorothea e Hekatah são as grandes vilãs que despertam com vontade toda a raiva possível com suas ações inescrupulosas para destruir toda a corte das sombras. São as típicas pessoas que estão na 'merda' mas continuam achando que irão vencer.

Destaque para os parentes, grupo de animais sangue da corte, que tem diversas atuações importantes e fundamentais para que tudo tenha um bom desfecho, este que só nos é revelado nas páginas finais.

São inúmeros os personagens secundários da trama, como Surreal a feiticeira/assassina que passa a trabalhar na corte, e é da família SaDiablo, Tersa mãe de Daemon, os diversos parentes e etc, com personalidades muito bem exploradas e delineadas que contribuem para a riqueza da estória.

A Rainha das Trevas é um desfecho sangrento e sombrio como toda a série, mas que ao mesmo tempo que evoca o que existe de pior nos personagens também trabalha com o amor e a sutileza que vem dos lugares mais inesperados. Não é fácil, mas sua leitura vale a pena porque nos desperta ao seu final a satisfação de uma estória bem contada e de um quero mais deste universo que a Bishop soube criou e conquistou cada cantinho do meu coração sombrio!

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