Ano passado um canal literário no
Youtube fez uma live com o autor Taran Matharu, onde eles responderia perguntas
deixadas previamente e entre quem fez estas pergunta seriam sorteados seu livro,
foi assim que tive minha pergunta respondida e que ganhei o livro O Aprendiz,
primeiro volume da série Conjurador, publicado aqui pela Galera Record.
Fletcher é um adolescente orfão
aprendiz de ferreiro, ele mora no pequeno vilarejo de Pelego, próximo a fronteira
élfica, e último posto de batalha de Hominum. Todos os anos uma feira com os
comerciantes é realizada, e entre os novos visitantes ele conhece um soldado
vendendo relíquias da guerra. Essa amizade resulta em um presente, um livro com
uma invocação, e logo o jovem se vê com um jovem demônio salamandra e uma fuga
do único lugar que conhece.
Só me dei conta que um ano
inteiro se passou desde que tenho o livro quando olhei a data nele, o tempo
passa de maneira tão rápida e imperceptível que parece que fazem apenas alguns
meses que ele estava na minha lista de logo leio! Demora a parte estava com
boas expectativas para o livro, e elas foram basicamente supridas. A narrativa
de Matharu é realizada em terceira pessoa sempre sob a ótica de Fletcher. É dinâmica,
interessante e descritiva na medida certa. Suas influências são explícitas,
conseguimos ver características estruturais de Harry Potter, o modo de batalha
e evolução do demônios que são similares ao Pokémon com o toque medieval de O
Senhor dos Anéis, e não sou eu quem diz é o próprio autor quem se define assim.
Senti uma estranheza quanto ao
tempo, o livro se passa ao longo de meses, e hora ele se demorava em alguns
momentos, ora ele corria os meses. E nisso acho que as relações que se formaram
não foram mostradas e nem a evolução do protagonista que nada sabia sobre magia
e passou a aprendiz. Talvez a questão seja até inconsciente visto que faltam um
pouco de argumentos para explicar esse vácuo que o livro me fez sentir.
Fletcher é um personagem muito
interessante, porque ele consegue fazer com que sua origem pobre não seja seu
limite. Diante das dificuldades ele usa sua inteligência de maneira muito
esperta e ágil, desafiando o convencional e sempre de maneira muito moralista.
Alias o livro evoca muito questões como preconceito e abuso de poder, tantos
entre a distinção de raças, e mais ainda dos nobres versus plebeus. E esse
abuso dos ricos que mais desperta revolta no personagem e em quem lê!
Durante sua fuga ele acaba por se
alistar na escola de Magos de Batalha, e lá conhece seus novos amigos, uma elfa
Sylvia, que embora seja uma garota não tem medo do perigo e tem um coração
nobre que faz o que for necessário para ajudar seu povo. E o agradável Otelo,
um anão bonachão que se torna o melhor amigo de Fletcher. Outros personagens
surgem como Serafim, e outros estudantes plebeus, mas com menos espaço. Claro
os vilões são os nobres e seus aliados, e um professor que muito me lembrou o
Snape!
Embora possa parecer que com
tantas referências a estória possa soar como uma cópia a outras já existentes,
mas não é o que acontece, a questão dos demônios, por exemplo, é nova e bem
explorada. E soa vezes engraçada pela relação de afeto que humano e demônio
acabam por estabelecer. O cunho político também é muito marcante, já que
diversos acontecimentos estão focados não apenas em medidas para guerra contra
os orcs mas também medidas de nobres para ganhar mais dinheiro, mesmo que isso
resulte em mortes de aliados.
Um aspecto que não gostei do livro foi o desfecho, acho que ele merecia mais capítulos, e diria que foi injusto com o protagonista. Tanto que corri olhar a sinopse do próximo livro para tentar imaginar do que ele falaria, e a explicação dada lá deveria ser as páginas finais deste livro.
O Aprendiz é o primeiro livro do
autor que é filho de um indiano com uma brasileira, mas mostra que é o começo
de uma imaginação capaz de produzir bons frutos. O segundo livro, A Inquisição já
saiu com uma capa tão bonita quanto do primeiro, espero que ele venha logo para
minha estante e não demore a ser lido!
Avaliação
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