“Cada Um é o Que é” é uma obra mediúnica pelo
Espírito Thomas e psicografada pela autora nacional Meire Campezzi Marques, de
quem eu ainda não tinha lido nenhuma obra, apesar da curiosidade. Gostei muito da
experiência de leitura pela forma com que ela nos transmite uma mensagem de
coragem e de fé, e nos mostra como uma pessoa pode sair da escuridão em que
vive e, com a ajuda de pessoas do bem, se reerguer e ter uma vida melhor.
Este livro
também retrata a situação hipócrita de um homem machista e homofóbico e o que é
capaz de fazer contra mulheres e homossexuais. Me senti muito envergonhada e
triste por saber que existem seres humanos, ou seja, que no papel seriam como
eu, mas que na realidade é meu oposto, que ajam desta forma. E mesmo esta sendo
ficção, histórias assim existem na realidade também, e criam uma revolta muito
grande no meu coração. O conforto desse livro, porém, vem através de suas
páginas, que mostram, tanto no plano terreno como no plano espiritual, o que
vai acontecendo ao longo dos anos com pessoas como estas, que fazem, mas também
pagam pelos seus atos. São forças que a doutrina espírita nos faz acreditar e
nela confiar. É saber que o espírito é eterno e que Deus nunca desampara seus
filhos. Tudo o que passamos tem um porquê. Apagamos da memória quando vestimos
outro corpo e este fica aqui na Terra e só o espírito vai de encontro com suas
dívidas, suas necessidades, sua vida além, mostrando que somos eternos e que
para Nosso Senhor, nada foge dos Seus olhos.
A história é
passada no estado do Espírito Santo (me identifiquei muito, pois meu pai era de
lá e teve grande carinho por uma cidade da região), num pequeno povoado de
pescadores, próximo a uma cidade não muito grande. Na parte da aldeia, mora uma
família de pescadores que, claro, vive da pesca. Sua filha, Marta, é policial,
e seu irmão é pescador junto com o pai. São pais maravilhosos e muito amorosos.
Já na cidade
vive nossa protagonista, Paula, que é casada com Humberto, o homem
preconceituoso que citei no começo da resenha. Paula sofre muito e fica calada
com os maus tratos de seu marido, que muitas vezes a espanca e também sempre
ameaça quem ela ama. E, para completar, ele tem amantes na oficina o tempo todo
e a cidade inteira sabe e comenta. Só que ela, com medo, não fala nada e nem dá
queixa na polícia, e também porque nunca teve o apoio de sua mãe, que não
acreditava nela e, sim, no que o genro falava, pois ele se fazia de santo. Para
ela (a mãe), uma mulher deve ser sempre submissa ao marido. E Paula tinha medo
de tudo.
Paula tem um
irmão, Igor, que vive com seus pais, sendo que sua mãe é extremamente rígida e
preconceituosa. Ele é gay, mas ainda não tinha assumido perante a família, e
como o Humberto sabia disso, o espancou até quase matá-lo, pois afirmava que
ele era afeminado e não aceitava isso, fazendo com que o jovem acabasse indo
parar no hospital. No mesmo dia, ele espanca o cunhado e a esposa. Foi aí que
surgiu Marta, que tendo conhecimento de que Humberto tinha espancado o Igor, foi
até a casa de Paula, que era sua amiga de infância, prendê-lo. E com sua
sensibilidade mediúnica sentiu que sua amiga também precisava de ajuda e a
descobriu espancada no chão, levando-a para o hospital também.
A partir
deste momento, e com a ajuda de seu mentor espiritual, João Pedro, Marta fica
na vida de Paula como se fosse um anjo, fazendo de tudo para ajudá-la. Então,
depois de Paula receber alta do hospital, Marta a leva para sua casa para apoiá-la
com sua determinação e coragem e faz com que a mesma encontre seu caminho,
ajudando-a a melhorar a sua autoestima, ensinando-a a ter respeito por si
própria e não voltar mais para junto daquele monstro. Foi fundamental a participação
da mãe de Marta, Helena, pois com toda a falta de amor que teve de sua própria
mãe, ganhou nesta uma verdadeira figura materna, passando a morar na casa dela.
Muita coisa
acontece nessa maravilhosa história, a lição que nos mostra em suas linhas é
impressionante e muito real. Coisas do nosso cotidiano que nos leva a crer no espírito
que é eterno, que é passado através de uma leitura fluida e muito bem escrita.
A gente se sente fazendo parte da trama, porque todos nós, uma hora ou outra,
passamos por situações tão ruins quanto estas, e estamos aqui para evoluirmos,
e é essa chance que nos é dada. Se erramos novamente, voltamos, quantas vezes
forem necessárias para melhorar. O amor, a recíproca, o respeito e o carinho
devem acompanhar nossas vidas sempre, pois estamos aqui para evoluir.
No começo,
Paula era uma pessoa muito submissa e medrosa, que nunca conseguia encarar de
frente as coisas que passava e nunca pedia ajuda a ninguém, nem denunciava os
maus tratos e ameaças do marido. Foi bem agoniante estar lendo isso e não poder
ajudá-la, principalmente porque sei que muitas mulheres enfrentam situações semelhantes
na vida real, mas o medo impede que elas ajam. Porém, com o passar das páginas,
e com o auxílio de sua amiga, Marta, a vemos evoluir e se transformar numa
pessoa mais confiante, corajosa e forte, e realmente senti uma grande admiração
por ela. Resta torcer para que todas as mulheres que enfrentam coisas parecidas
no nosso mundo, consigam o mesmo futuro que ela teve.
Apesar de
haver muitas coisas tristes, também há as cenas/elementos felizes nesta obra.
Afinal, além da evolução da protagonista, ainda temos a chance de vê-la
encontrar o verdadeiro amor, que a faz muito feliz. Gostei ainda mais de ver
que era um casal interracial, nos mostrando que o preconceito é ridículo e incabível.
Fernando é um amor de pessoa, fofo, atencioso, amoroso, e é um policial justo e
trabalhador. Eles formam um casal maravilhoso. Até a Marta conseguiu seu
romance e adorei poder acompanhá-la também ganhando sua própria felicidade.
Devo dizer
que amei este livro e que Meire Campezzi Marques é uma autora que eu
definitivamente vou querer continuar acompanhando. Se todas as suas obras forem
tão boas quanto esta, e eu acredito que serão, ela se tornará uma das minhas
escritoras favoritas. “Cada Um é o Que é” é um suspiro de esperança no meio do
preconceito e também do abuso contra a mulher, que ainda existem no mundo, e,
com os fundamentos espíritas no pano de fundo, nos mostra que mesmo com muito
sofrimento, as pessoas podem, sim, encontrar a felicidade em seus futuros e
transmiti-las ao próximo.
Avaliação
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