Mais Lindo Que a Lua - Irmãs Lyndon #01 - Julia Quinn

Robert Kemble nunca pensou que esse dia chegaria, mas, assim que viu Victoria Lyndon pela primeira vez, se apaixonou instantaneamente pela moça. Então eles logo começaram a se envolver e passaram a trocar juras de amor, porém ele é ninguém menos do que o elegante conde de Macclesfield, filho do marquês de Castleford, enquanto ela é apenas a filha do novo vigário.
Claro que ambos os pais foram totalmente contra essa união, afinal o pai de Robert era obcecado por seus títulos e por suas terras e queria um casamento no mesmo nível para o filho. Enquanto o pai de Victoria acreditava fortemente que um homem do nível social dele e com tamanhas riquezas só iria querer brincar com os sentimentos dela e desgraçar a vida da moça, que acabaria tendo sua reputação arruinada e sem chances de um casamento. Mas, contra tudo e todos, eles resolvem viver esse amor e decidem fugir na calada da noite. Só que algo acaba dando terrivelmente errado e ambos acabam se separando.
Depois de passados sete anos, Robert e Victoria encontram por acaso em uma situação totalmente diferente do passado e com tudo mudado em suas vidas, principalmente na dela. E Robert acaba percebendo que seus sentimentos pela moça ainda estão ali presentes e ele não conseguirá resistir a seus encantos, mesmo que os dois tenham ficado muito magoados com o que aconteceu entre eles anteriormente.
Porém, mesmo que Victoria ainda sinta algo por ele, não consegue lhe dar o que o jovem deseja e tenta resistir a seus encantos, já que não se acha capaz de dar uma segunda chance ao homem que despedaçou seu coração e destruiu suas esperanças. Ela deseja se manter firme a seus ideais e a sua liberdade, e não vai se “vender” por nenhum dinheiro e nem pela proposta de virar a amante do homem que nunca deixou de amar.
Mas Robert quer Victoria e não vai desistir até que ela seja dele, custe o que custar. Então ele vai fazer de tudo para que ela aceite este destino, nem que para isso precise forçar algumas situações que considera necessárias. Mas será que depois de tantas mágoas e decepções, Victoria vai ceder a ele e eles poderão se perdoar mutuamente e viver esse amor?
Devo confessar que pensei que nunca diria isso a respeito de uma obra escrita por Julia Quinn, mas detestei esse livro. A trama em si não é totalmente ruim, em minha opinião até a considero mediana e daria três casinhas na minha avaliação final. Porém, as atitudes do protagonista masculino, Robert, foram ficando cada vez piores conforme a leitura avançava. E algo muito desagradável aconteceu no meio do livro, que me deixou extremamente incomodada. E de um jeito tão ruim que eu fiquei com vontade de parar a leitura naquele momento. Admito que fiquei xingando uma atitude de Victoria e precisei correr para comentar sobre aquilo com alguém de tão indignada que fiquei.
Não posso dar muitos detalhes sobre isso porque seriam spoilers, mas vou comentar um pouquinho a respeito. O que acontece é que Robert ficou boa parte do tempo querendo provar a Victoria que a amava. Mas não de um jeito fofo, e sim mostrá-la agindo de certa forma em uma situação específica, se é que vocês me entendem. Só que em determinado momento, ela resolve agir por pura pena, já que ele lhe fez se sentir mal por uma decisão que ela tomou. Nem preciso comentar mais, apesar de querer muito para vocês poderem entender a intensidade dos meus sentimentos de raiva (se alguém quiser falar abertamente sobre isso com spoilers, me manda inbox no Face ou e-mail), mas fiquei muitíssimo chateada com essa situação e com a autora. Imagino que garotas mais novas ou mais ingênuas podem ler isso e se deixarem influenciar pelo mal exemplo da protagonista, que só teve sorte porque este é um livro ficcional e, portanto, o personagem masculino realmente a amava, mas na vida real as coisas nem sempre funcionam de maneira tão romântica.
Em compensação, a narrativa de Julia continua maravilhosa, leve e envolvente. A gente começa a leitura e ela flui tão bem que quando percebemos já avançamos muitas páginas. Além disso, há uma pitada de humor bem gostosa, que faz com que o leitor se divirta com facilidade enquanto acompanha a trama e se delicie com comentários e diálogos sarcásticos e perspicazes, situações engraçadas e personagens com pequenas e significativas participações.
Também gosto bastante da ambientação, da forma como ela consegue descrever as situações de maneira vívida e cenários e cenas de forma quase palpável, fazendo com que tenhamos a possibilidade de imaginar cada coisa muito bem, visualmente falando, enquanto mergulhamos numa época bem diferente da nossa, com damas e cavalheiros vivendo na sociedade da Inglaterra no século XIX.
Victoria pode até não ser a pior das mocinhas protagonistas de histórias românticas que li na vida, mas também não chega nem perto de ser ótima. Isso porque ela foi muito infantil em diversos momentos e, pior, mesmo que sempre tentasse evitar Robert e suas investidas (o que estava mais do que certo!), acabou cedendo facilmente a tudo o que ele queria. A força dela acabava sendo ofuscada pela obsessão dele e ela acabava aceitando todas as situações. Para mim, esse relacionamento abusivo que eles tiveram foi algo bem triste e, ainda que realista, senti como se estivesse fazendo com que as pessoas achassem que é algo legal e que poderia ser aceito. Eu não concordo e fico incomodada de saber que isso existe.
E Robert definitivamente foi o pior protagonista de romances de época que tive a chance de conhecer. Além de não confiar em Victoria em um momento de suma importância e não tentar conversar com ela em nenhuma oportunidade, agia como um perfeito homem das cavernas, obrigando, manipulando e usando a garota da forma como achava melhor, levando somente seus próprios gostos, tempo e sentimentos em consideração. E se ela não aceitasse ou acatasse um de seus “pedidos”, ele fazia mesmo assim, nem que tivesse que forçá-la de forma psicológica ou colocando-a numa situação em que ela não pudesse fazer nada a não ser seguir em frente, obrigando-a a lidar com aquilo do jeito que fosse. Ele não respeitava a garota, era mimado, inconsequente, abusado, chato e possessivo, e eu realmente não gostei do personagem.
A única coisa que me conforta é saber que este é um dos livros mais antigos escritos por Julia Quinn, ou seja, com certeza ela deve ter notado o tipo de homem que criou aqui porque mudou completamente isso nos livros mais recentes dela. Pelo menos é o que parece, já que todos os demais exemplares publicados no Brasil – todos lançados posteriormente a este lá fora – tiveram mocinhos adoráveis, encantadores e apaixonantes.
Como vocês puderam notar pela minha resenha, não gostei desta leitura. Inclusive é o único livro da autora que eu já li (li todos os já publicados no Brasil) que eu não recomendo. Mas, claro, cada pessoa tem seu próprio gosto e pode até gostar mais do que eu, talvez encontrar alguma beleza nas cenas ou na essência dos personagens que eu não tenha visto. Então eu sempre digo que é melhor cada um ler o que tem vontade para tirar suas próprias conclusões a respeito daquela obra, independente de quem gostou ou não. Porém, aconselho que não mergulhe na leitura com tanta empolgação como eu fui, pois pode acabar se decepcionando amargamente como infelizmente aconteceu comigo.
Avaliação




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