Um homem
chamado Jack tinha um trabalho a cumprir: assassinar uma família inteira,
composta por um pai, uma mãe e dois filhos. Depois de realizar com sucesso os três
primeiros homicídios, só falta um bebê para concluir o serviço. Porém, algo sai
errado e o bebê desaparece. Com um misto de curiosidade e sorte, este pequeno
fugiu do berço e de casa, indo parar num cemitério, onde foi encontrado por
almas que lhe ajudaram prontamente. Quando o fantasma da mãe aparece e implora
para que aqueles espíritos antigos salvem seu filho, a Sra. Owens lhe faz uma
promessa de que cuidará dele como seu fosse o seu próprio filho, e, com a
bênção dos outros moradores do cemitério e também de Silas e da Dama de cinza,
montada em um cavalo, ela o faz.
O menino
ganha o nome de Ninguém Owens, comumente chamado de Nin, e passa a viver no
Cemitério com todos aqueles fantasmas de diversas épocas e costumes, e recebe a
Liberdade do Cemitério, podendo enxergar no escuro e se locomover por onde quer
que vá dentro daquele espaço. Entre covas e lápides, o garoto vai crescendo e
vamos acompanhando sua vida, seus aprendizados e as amizades que constrói. Ele
passa a viver rodeado de almas boas e prestativas e com carinho, além de ter a
companhia de seu guardião, Silas, o único que pode sair do local, que sempre
lhe trata bem, como a um igual, cuida dele e lhe explica tudo o que Nin lhe
pergunta, sem enrolações.
Em meio a
aventuras, Nin começa a se questionar a respeito de algumas coisas e, mesmo
obediente, passa a ultrapassar algumas barreiras devido a sua curiosidade
aguçada. Ele conhece outras pessoas de fora e passa por situações que ficarão
para sempre em sua memória. Mas o mal está sempre à espreita e ele deve ter
cuidado, pois Jack ainda não terminou seu serviço e, mesmo que anos tenham se
passado desde aquele fatídico dia em que toda a família de Ninguém foi
assassinada, ele não desistirá até cumprir com sua missão.
Já li
algumas obras de Neil Gaiman e, claro, já tinha escutado comentários sobre “O
Livro do Cemitério”, um dos trabalhos mais famosos e bem-sucedidos do autor.
Mas nunca antes tinha parado para ler esta história, ainda que a mesma tenha
sido publicada pela primeira vez em 2008 no exterior e em 2010 pela Rocco
Jovens Leitores aqui no Brasil. Porém, no final de 2017, uma edição em HQ
chegou por aqui e não resisti a ela. Afinal, queria conhecer essa trama tão
premiada deste autor consagrado.
Essa versão
que li foi uma adaptação feita por P. Craig Russell, ganhadora dos prêmios
Harvey e Eisner, do romance que já era best-seller ganhador das Medalhas
Newbery e Carnegie. As ilustrações ficaram a cargo de Kevin Nowlan, P. Craig
Russell, Tony Harris e Scott Hampton, Galen Showman, Jill Thompson e Stephen B.
Scott, sendo que cada um ficou responsável por um capítulo, no qual Nin aparece
com uma idade diferente.
A história é
bem interessante, tem um quê de poética e é repleta de aventuras e até
passagens reflexivas. Nin é um personagem adorável e gostei de poder
acompanhá-lo vivendo no cemitério e aprendendo as coisas da vida com pessoas já
mortas. Todos ali sempre lhe trataram muito bem, em especial seu guardião
Silas, que pode parecer frio por fora, mas tive a impressão de que é alguém
digno e que se importa muito com nosso pequeno garoto.
Como li a
edição adaptada, não posso comentar com detalhes sobre a escrita de Gaiman,
porém conheço o trabalho do autor e sei que é maravilhoso. Além do mais, é
possível notar toda a sensibilidade do texto, mesmo através dessas frases
curtas encontradas nos quadrinhos. Sua narrativa é leve, envolvente e viciante,
e o leitor logo se vê inserido naquele universo, sentindo-se próximo de
Ninguém, esse personagem cativante e curioso.
A leitura
flui muito bem e é possível ler a obra inteira em pouquíssimas horas. As
ilustrações destes talentosos artistas casaram muito bem com o enredo, fazendo
com que se tornassem um complemento certeiro para a leitura, o que resultou em
um trabalho fantástico.
Mesmo os ilustradores
de cada capítulo sejam diferentes, achei bem bacana acompanhar seus trabalhos e
particularidades, que deram o tom certo em cada momento da trama. As cores
também se encaixaram com maestria no contexto, fazendo com que a harmonia fosse
linda e passasse o clima da história, com um ar mais sombrio, sensível e
misterioso ao mesmo tempo.
O livro
original foi dividido em dois volumes quando ganhou essa adaptação. Ou seja,
esse é apenas o primeiro volume de uma duologia, o que quer dizer que ainda não
soubemos o desfecho da história de Ninguém, nem tivemos a oportunidade de
acompanhar seu embate com o temido Jack. Espero que Nin saia “vitorioso”,
porque ficarei muito chateada e triste se o contrário acontecer. Mas agora só
me resta esperar que a Rocco Jovens Leitores não demore muito com a publicação
da continuação.
Acho esta
capa bem bonita, ainda mais porque passa totalmente a ideia do enredo. A edição
impressa está maravilhosa, a começar pela alta qualidade de impressão, passando
por um miolo com páginas em papel couché (aquele tipo folha de revista, porém
mais grosso). A capa é flexível, porém de um material mais durinho e
resistente, o título é dourado tanto na capa quanto na lombada, que ganha destaque
com um fundo preto e é arredondada, chamando bastante atenção na estante.
Depois vou atualizar o post com fotos do miolo para vocês conferirem melhor
esse trabalho incrível da Rocco Jovens Leitores.
“O Livro do
Cemitério” é uma deliciosa história juvenil, que mistura um pouco de realidade
com fantasia, com pitadas de mistério, terror leve e sobrenatural, um texto
sensível, personagens interessantes e um protagonista muito cativante. Com
certeza indico a leitura para todos que se interessam por tramas leves, com um
quê de sinistras e bem envolventes.
Avaliação
Olá! Essa é a primeira resenha que vejo desse livro, curto muito fantasia e sobrenatural, a história parece super interessante, fiquei bem curiosa em conferi isso tudo que foi dito aqui.
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