“Lady Whistledown Contra-Ataca” é uma
antologia com contos de quatro autoras diferentes, Julia Quinn, Mia Ryan, Karen
Hawkins e Suzanne Enoch, que se interligam entre si de alguma forma e contam
com a participação para lá de especial de Lady Whistledown, a cronista mais
famosa da sociedade na época, que sempre contou as melhores fofocas sobre os
membros da alta sociedade britânica, escandalizando e relevando segredos ocultos.
Quem já leu a série mais famosa de Quinn, “Os Bridgertons” (clique no título
para conferir as resenhas de todos os nove volumes), vai conhecer muito bem
esta personagem, que foi de suma importância nos quatro primeiros livros.
Vou comentar
brevemente sobre cada história para vocês poderem saber um pouco sobre o que cada
uma trata, sem revelar muito para não ter risco de spoilers, visto que são
tramas relativamente curtas. Como fio condutor do enredo, há um intrigante roubo
de uma pulseira de rubis milionária que aconteceu num jantar na casa de lady
Neeley, cujos culpados são um grande mistério.
No primeiro
conto, “O Primeiro Beijo”, de Julia Quinn, conhecemos a jovem Tillie Howard,
filha do conde de Canby, que perdeu o amado irmão no campo de batalha em
Waterloo. Ela é uma moça doce e também o melhor partido da temporada. Do outro
lado, há Peter Thompson, um ex-soldado, que lutou junto com o irmão dela em
Waterloo, de quem era o melhor amigo. Ele não tem dinheiro ou dotes e precisa
encontrar uma noiva o quanto antes. E acaba se apaixonando por Tillie, mesmo
sabendo que ela não está a sua altura e que será difícil provar que está
interessado apenas nela, não em seu dote.
Esse conto é
completamente apaixonante. Tem uma pitada de melancolia e também alguns pontos
bem tristes, mas de maneira geral é divertido, leve e fofo. Os personagens
combinam muito bem e o romance é daquele tipo que nos faz suspirar e torcer
pelo final feliz.
Em seguida,
há “A Última Tentação”, de Mia Ryan, no qual conhecemos Isabella Martin, a dama
de companhia de lady Neeley há dez anos, que sabe como produzir festas e as faz
com maestria. Ela, então, é convidada a fazer uma festa para Anthony Doring, lorde
Roxbury, já que o pai deseja que ele encontre logo uma noiva. A grande questão
é que ele logo se vê envolvido por Bella, mas será bem difícil lidar com toda alta
sociedade por conta de um possível relacionamento com a criadagem.
Gostei
bastante da protagonista independente criada por Ryan. Bella é forte, alegre e
sempre busca sorrir, independentemente da situação em que está passando. Roxbury
é um homem interessante e apoia a moça e seus sonhos. Algo que me incomodou
neste conto é em relação a escrita, já que na maioria das páginas Isabella ria,
sorria, gargalhava ou outro verbo com o mesmo significado, inúmeras vezes.
Ficava meio chato e desnecessário ler isso repetidamente.
“O Melhor dos
Dois Mundos”, de Suzanne Enoch, é a terceira história da obra e traz Charlotte
Birling como protagonista, uma moça recatada que segue à risca tudo o que uma
jovem dama deve ser e como agir, já que seus pais temem que ela seja pega pelo
mesmo escândalo de sua prima, que foi abandonada depois de se casar há muitos
anos. Ela está sendo cortejada por um homem tão sem graça quanto sua reputação,
até que chama a atenção de ninguém menos do que o maior libertino de Londres,
lorde Xavier Matson. Um homem que seus pais nunca aprovariam. Mas ele fica tão
envolvido que fará de tudo para provar para ela que, sim, se interessa pela
aparência e pela personalidade da jovem, que nada de sem graça é pelos olhos dele.
Eu realmente
adorei essa história! Achei maravilhoso o fato de um personagem masculino tão
disputado se interessar pela moça “apagada” e mostrar para Charlotte que ela é
muito mais do que acha, fazendo-a se enxergar com melhores olhos e desejar mais
da vida para si mesma. Afinal, nada tem a ver com os escândalos alheios. E
achei lindo que Xavier tenha continuado tentando de tudo para ficar com ela,
mesmo que tivesse tudo contra ele.
E,
finalizando este volume, conhecemos Sophia e Max, o visconde de Easterly, seu
esposo que não vê há anos, em “O Único Para Mim”, de Karen Hawkins. Depois de
uma grande confusão no passado, ele foi embora, deixando sua esposa, com quem
havia se casado recentemente, para trás. Agora, depois de doze anos, ela decide
que quer pedir a separação para talvez encontrar a felicidade de novo. E é
quando ele volta para poder impedi-la e também conquistá-la novamente, mesmo
sem ter tido qualquer contato pessoal com ela desde que foi embora e deixando-a
sozinha durante todo aquele tempo. Pode até ser difícil, mas o fogo da paixão
entre eles sempre entrou em combustão rapidamente, então Max está disposto a mostrar
que ele ainda pode existir.
Deste último
eu não gostei muito porque não consigo entender como duas pessoas que se amam
ficam tanto tempo separadas só porque não param para refletir sobre suas vidas
e conversar civilizadamente como dois adultos, como são. Acho que doze anos é
tempo demais para retornar de onde parou, sendo que Sophia ficou na sociedade,
se comportando como uma dama e seguindo as regras à risca, com medo de sofrer
ainda mais do que já havia sofrido com o escândalo de ter sido abandonada bem
jovem pelo marido. Enquanto Max vivia pelo mundo fazendo o que bem entendia e
sem sofrer consequências de nada. Outro ponto que me incomodou foi o fato de
eles deixarem bem claro que a aparência física de um atraía muito o outro e vice-versa,
e a química sexual entre eles era grande demais. Isso me deixou com a sensação
que o amor era mais baseado nisso do que nos sentimentos, já que quando não se
veem podem ficar separados, mas se estão perto um do outro não conseguem
resistir à força da atração física.
Julia Quinn
é uma das minhas autoras preferidas da vida, como não canso de afirmar em todas
as resenhas de suas obras. Isso porque já li quase todos os seus livros
publicados no Brasil (de um total de dezesseis volumes, só não li um – mas
pretendo ler em 2018) e me apaixonei por todos eles. Claro que alguns com um
pouco mais de intensidade do que outros, mas a menor nota que já dei foi três
casinhas, e apenas para um livro, todos os demais foram quatro ou cinco.
Com o
segundo volume da duologia “Lady Whistledown”, não foi diferente. Fiquei
encantada por seu conto – que na minha opinião vale nota máxima – e amei poder
rever personagens tão queridos por mim de outras de suas obras. E também adorei
os demais contos, escritos por autoras convidadas por ela, que também
apresentaram histórias lindas e apaixonantes.
Das demais
escritoras, ainda não tinha tido a oportunidade de ler nenhum trabalho. Então
gostei muito de ter tido essa oportunidade, já que romance de época é meu gênero favorito e
sempre quero conhecer novas autoras. De todos, meus preferidos foram o da Julia
e o da Suzanne Enoch, e adorei o de Mia Ryan.
Só não
gostei tanto assim do último conto, de Karen Hawkins, como comentei acima. Mas considero
que seja algo pessoal com relação ao enredo e não a escrita da autora, já que
eu não sou muito fã de casais que se separam porque não pararam para conversar
porque deixam o orgulho falar muito mais alto do que o amor.
Algo que
acho muito, muito legal é que Julia sempre coloca personagens de uma série para
aparecerem nas demais e aqui aconteceu isso tanto com personagens de outros
livros dela, quanto com protagonistas de um conto aparecendo nos demais. Todas
as histórias foram interligadas, sendo que há cenas semelhantes em cada uma delas, que foram exploradas sob outras perspectivas e pontos de vista. Achei isso
sensacional!
Outro ponto
que amei foi que todas as autoras souberam desenvolver muito bem suas
respectivas tramas. E eu considero que essa é uma das formas de sabermos que um
escritor é realmente bom, quando, mesmo em poucas páginas, consegue entregar
uma trama completa, com começo meio e fim, apresentando bem os seus
protagonistas, os sentimentos de cada um e suas histórias, e ainda um romance
bem construído, que nos faz entender e sentir junto com os personagens. Todas
elas souberam fazer isso e fiquei extasiada ao término da leitura, com um
sorriso no rosto e com aquele gostinho maravilhoso de que leu algo completo, mas queria
mais de tão legal que foi.
Esse é o
segundo volume desta duologia independente. Não sei o motivo de a Editora
Arqueiro ter decidido publicar esse antes do primeiro, mas acredito – e espero
– que o anterior seja publicado em breve. Inclusive porque já tem título, “Nada Escapa
a Lady Whistledown”, e capa relevados. Como são antologias de contos
independentes, não tem problema ler fora de ordem. E quem não tiver lido a
série “Os Bridgertons” também não precisa se preocupar porque aqui não há
absolutamente nada revelador sobre qualquer coisa de lá, e isso inclui a
identidade de Lady Whistledown, que está guardada a sete chaves neste volume.
Para quem
gosta de antologias bem escritas, “Lady Whistledown Contra-Ataca” é uma ótima opção
para ser lido. Com quatro curtos romances de época maravilhosos, com tramas
leves, descontraídas, apaixonantes e personagens carismáticos e adoráveis, você
também vai ficar encantado!
Avaliação
Olá! Estou doida pra ler esse livro, curto muito um romance de época, gosto muito de contos e dessas autoras só conheço a escrita da Julia Quinn, estou super curiosa pra conhece a escrita das outras, essa resenha me deixou ainda mais curiosa.
ResponderExcluirbjs
Depois dos Bridgertons, leio qualquer coisa da Julia Quinn! Hahaha
ResponderExcluirNão imaginava que esse livro era de contos mas tenho certeza de que é tão bom quanto os outros. Ainda mais que conta com Lady Whistledown, adorava os comentários dela na série! Ainda não li nada das outras autoras, mas a cada dia que passa gosto mais de romances de época! Ótima resenha! =D