Laços de Sangue – Bloodlines #01 – Richelle Mead

Apesar desse livro possuir spoilers da série Academia de Vampiros, essa resenha não apresenta nenhum spoiler, nem desse livro, nem da série VA.

A trilogia Bloodlines é uma spin-off da série Academia de Vampiros, ou seja, a autora pegou um personagem que teve alguma participação na outra série e a colocou como protagonista nesta e, apesar de serem histórias diferentes com personagens distintos, a mitologia é a mesma, e há a participação de alguns personagens de lá, aqui.

No mundo criado por Richelle Mead, há humanos e vampiros convivendo juntos, mas sem que a maioria dos primeiros saiba da existência dos outros. Os vampiros são divididos em tipos, os Moroi, que não são tão diferentes dos humanos, já que não são imortais, não tem força descomunal, podem ficar expostos ao sol (mas por muito tempo pode causar danos à saúde, como fraqueza, tontura, entre outros), se alimentam de sangue humano, mas não matam suas presas (na verdade elas são voluntárias), e possuem um tipo de magia, que pode ser relacionado com os elementos da natureza, água, fogo, ar e terra, ou com espírito; do outro lado há os Strigoi, que são mais perigosos, matam as vítimas para beber todo o seu sangue, são imortais, não podem ser expostos ao sol, e são bem fortes; mas também há os Dampiros, que são filhos de Moroi com humanos ou Moroi com Dampiros, são, portanto, os mais parecidos com os humanos, não sendo tão pálidos quanto os outros, não precisam de sangue para viver, são bem fortes e treinam para ser guardiões (como se fossem seguranças) dos Moroi.

No campo dos humanos, conhecemos os alquimistas, que são os responsáveis pelo segredo da existência dos vampiros não ser revelado para toda a população. Eles possuem diversos materiais químicos para fazer soluções que possam ajudar a combater os Strigoi, ou ser usados para segurança, entre outras coisas. Os alquimistas aprenderam a renegar os vampiros, já que estes são considerados por eles como algo antinatural e terrível, e qualquer tipo de relação que não estritamente profissional com eles é repugnante e visto como traição.

Sydney Sage é uma alquimista e, por ser criada com esses valores, ela também pensa assim. Mas, após ter participado de um ato que ajudou um dampiro em seu passado recente, ela precisa mostrar que é leal aos alquimistas e na verdade não é uma “adoradora de vampiros”, como eles passaram a vê-la. Para isso, e para proteger sua irmã mais nova, Zoe, ela resolve se voluntariar para ficar no lugar dela em uma missão que envolve proteger Jill, uma princesa vampira, que precisa ser levada para um local seguro e se misturar com os humanos para não ser descoberta. Para isso, Sydney vai precisar viver com Jill, como sua irmã e colega de quarto, em um colégio interno em Palm Springs, e para não revelar nada sobre esse mundo com quem não deve, ela precisa retocar sua tatuagem com um lírio dourado no rosto, que guarda um certo tipo de magia.

Vejo muita gente falando maravilhas da história e da escrita da autora na série Academia de Vampiros, e tenho vontade de conhecer seu trabalho desde então. Já li um livro adulto dessa autora, A Filha da Tempestade, e não gostei tanto assim, mas também li seu conto “Luz do Sol”, que saiu na coletânea Beijos Infernais, e foi o meu preferido do livro! Desde então, minha vontade de ler a série de vampiros dela só aumentou. O problema é que são seis livros, o último ainda nem foi lançado no Brasil (vai ser lançado só agora, finalmente, para a alegria dos fãs), e eu não estou com tempo para lê-los, até porque, se tivesse tempo sobrando minhas prioridades seriam outras.

Então, mesmo que geralmente eu não goste de spoilers, e com o lançamento dessa nova trilogia da autora nesse mesmo “mundo”, resolvi abrir uma exceção e começar Bloodlines, e não me arrependo, gostei bastante da história, apesar de não ter amado, e vou poder acompanhá-la tranquilamente.

Sydney é uma protagonista mais ou menos, em minha opinião. Não a odiei, mas também não chegou nem perto de eu tê-la adorado. Uma característica que não gostei muito nela é que ela é tipo perfeita em tudo, sabe tudo de TODAS as matérias, fala quinhentas línguas fluentemente, e até é perfeita nos esportes, coisa que não fez quase nunca na vida, além disso, se dá muito bem em convívio social, mesmo que não tenha frequentado escolas antes, e não sabia como lidar com aquilo até aquele momento, e ainda critica Jill, que não está tendo o mesmo sucesso, como se todas as pessoas no mundo deveriam se comportar da mesma maneira que ela, a que ela acha correta, e até em mini golfe, que ela nunca havia jogado na vida, se torna expert com apenas uma tacada.

Sydney também me irritou profundamente quando ficou chateada porque sua roupa, que geralmente é PP, acabou sendo do tamanho P no novo colégio, e o quanto ela se sente mal perto dos vampiros, porque eles são magros e elegantes e ela não se sente nada disso na presença deles, e repetiu esse caso das roupas mais de uma vez. Eu achei esse drama bem desnecessário, é só um número abaixo, pelo amor!

Também acho que fugiu do propósito que Sydney estivesse ali na missão para proteger Jill, mas parecia estar mais interessada em resolver assuntos escolares, já que priorizava eles mesmo quando Jill tinha sumido ou estava passando por algum problema, e mesmo que ela já tivesse se formado no colégio, e estava ali apenas para cobrir seu disfarce. Falando nisso, não entendo muito essa missão, e o motivo de a escolherem, sendo ela bem mais velha que Jill, se ela não poderia frequentar as mesmas aulas e então a menina ficaria sem vigilância a maior parte do tempo, se o emprego de Sydney era exatamente ficar de olho na garota.

A construção dos personagens foi muito bem feita, cada um apresenta suas características próprias e diferentes dos demais, mas, infelizmente nenhum deles me conquistou totalmente, acho que posso ter gostado mais do Eddie, mas as participações dele não foram assim tão frequentes, espero que isso mude nos próximos volumes. Não gostava de Adrian no começo, porém no final do livro ele se tornou alguém melhor (era meio óbvio que isso ia acontecer) e, portanto, passei a gostar mais dele. Com certeza é de se esperar que ele vá se tornar o par romântico da protagonista. Já Jill ficou meio indiferente para mim, não cheguei a odiá-la, mas também não curti muito sua personalidade, principalmente porque me irrita o fato de quase todos os garotos (os mais velhos), se apaixonarem por ela tão rápido quanto um piscar de olhos.

O livro segue em um ritmo constante, e nada muito grandioso acontece na maior parte do tempo, só quando estamos nas últimas páginas é que as ações começam a se desenrolar com mais intensidade, despertando mais interesse do leitor (pelo menos comigo foi assim). Acho que essa é uma característica da narrativa da autora, já que, relendo minha resenha de “A Filha da Tempestade” (pois é, minha memória é falha e eu precisei reler para lembrar o que achei), percebi que foi mais ou menos assim lá também. Não sei se é por causa do meu momento de leitura, ou se por causa dessa lentidão para algo mais agitado acontecer, que fiquei lendo esse título por muitos dias, o que acabou cortando com meu ritmo de leitura, que estava maravilhoso (e isso é uma pena), então não posso dizer que a trama flui muito bem, já que comigo não aconteceu isso.

Como comentei no começo da resenha, só tinha lido um conto com esse mundo criado por Richelle Mead, e agora consegui me aprofundar mais com essa série, e gostei bastante, além de achar interessante essa abordagem dela de criar tipos diferentes de vampiros, e até me fez gostar mais desses seres (pois é, não sou uma grande fã).

Admito que não fiquei tão surpresa com as descobertas e revelações por trás dos acontecimentos deste livro, porque eu já imaginava tudo aquilo. Claro que não sabia perfeitamente de tudo, mas não foi nada inimaginável, e acho que a autora pecou nesse aspecto, porque eu gosto de me surpreender e isso não aconteceu.

Em uma conversa com a Bruna Costenaro, uma das colunistas aqui no blog que resenhou os quatro primeiros livros de VA (O Beijo das Sombras - resenha 01 e 02, Aura Negra, Tocada pelas Sombras, e Promessa de Sangue), e com muito cuidado para nem eu nem ela soltarmos spoilers, acabei descobrindo que algumas coisas que acontecem nessa série ainda não foram citadas até o quarto livro de VA, que é até onde ela leu. Então se você não quer spoilers e está com vontade de ler esse, espere para fazer isso apenas depois de ter terminado o último livro de VA.

Quem está buscando um jovem adulto sem romance ou com muito pouco, indico Laços de Sangue, já que, pelo menos nesse volume, chegou a quase 0% de romance (não foi nulo porque só contei um secundário), com a protagonista não saiu do zero, mal teve algum indício de alguma coisa.

O que eu acho legal é que a publicação da trilogia está saindo pela Editora Seguinte, que já vai lançar O Lírio Dourado, próximo livro da série, ainda esse ano, o que é um alívio para os fãs, já que não terão que esperar tanto assim.

Sobre a parte gráfica, meu livro é uma prova então não posso dar detalhes de diagramação, mas eu acho que vai ficar parecida, e ela é simples e muito bem feita com fonte e espaçamento em tamanhos confortáveis; nem da versão impressa, já que eu não sei o que vai mudar, só parece que a capa tem verniz localizado no título. A única coisa que eu possa comentar com certeza é que não gosto tanto assim dessa capa, ela não me atrai em nada, então se eu não conhecesse a história ou a autora, ela nem me chamaria a atenção em uma livraria, mas isso é questão de gosto e sei que tem gente que adorou.

Com uma narrativa gostosa, apesar de lenta, personagens bem construídos, uma nova abordagem dos vampiros, essas criaturas que sempre dão o que falar, indico a leitura de Laços de Sangue.

Avaliação

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