O Hobbit - Em quadrinhos - J. R. R. Tolkien

Já falei mais de uma vez aqui no blog que sou muito fã de Tolkien, não só como um escritor maravilhoso, que ele certamente é, mas também como pessoa. Então, para mim, é sempre um prazer poder ler mais uma de suas obras, mesmo que desta vez na verdade eu esteja fazendo uma releitura e que ela tenha sido adaptada, porque o que vale é a essência de sua criação que, claro, está presente neste volume, e me deixa extasiada de poder lê-la numa forma diferente, como nesta HQ fantástica.
Acredito que a maioria das pessoas, mesmo as que não leram “O Hobbit” ou assistiram alguma de suas adaptações cinematográficas, já deve ter escutado falar desta obra, que é considerada um dos clássicos da literatura fantástica. Mas, para quem não sabe sobre o que se trata, vou comentar um pouco sobre ela.
Bilbo Bolseiro é um hobbit tranquilo, que vive uma vida agradável, simples e pacata em sua toca confortável num buraco sob a Colina. Até que um dia, numa manhã bonita e quieta, enquanto ele estava sentado à sua porta depois do desjejum, fumando um cachimbo, eis que surge Galdalf, o mago errante que havia vivido histórias incríveis e tinha uma reputação e tanto, procurando por alguém que quisesse participar de uma aventura, coisa da qual o hobbit já vai se esquivando, pois aventuras são desagradáveis, desconfortáveis e fazem com que eles se atrasem para o jantar.

Mas Galdalf vê potencial no pequeno Bilbo e resolve mandá-lo para esta aventura mesmo assim, marcando uma reunião com treze anões para acertarem os detalhes e, depois, todos partirem juntos numa jornada para reaver um tesouro roubado pelo dragão Smaug, o mais terrível de toda a Terra-Média.
Então Bilbo, os anões e Gandalf partem em uma viagem cheia de perigos e criaturas aterrorizantes, mas também com lugares belos e novas amizades que eles acabam fazendo pelo caminho. Durante sua aventura, o hobbit acaba se descobrindo mais grandioso do que poderia supor sobre si mesmo um dia, surpreendendo ele mesmo quando tem que enfrentar situações difíceis com muita sabedoria e jogo de cintura, e acaba se divertindo também, em momentos menos perigosos, claro, sem nunca deixar de recordar de sua adorada toca.

Cheia de ação, momentos de tensão, e também partes mais leves e divertidas, esta incrível jornada tem seu ápice quando acontece a Batalha dos Cinco Exércitos, que foi extremamente terrível e triste. A narrativa do autor é deliciosa e envolvente, o leitor se pega facilmente torcendo para que Bilbo consiga superar suas próprias expectativas, conseguir conquistar o tesouro que busca, e terminar sua expedição feliz, são e salvo, junto com seus companheiros de aventura.
Em sua viagem, Bilbo acaba conhecendo Gollum e o Um Anel, essenciais para o desenvolvimento da trilogia “O Senhor dos Anéis”, minhas obras preferidas do autor, e as continuações de “O Hobbit”, que acabaram sendo bem maiores e ganhando ainda mais destaque do que seu prelúdio.

Como eu li O Hobbit pela primeira vez há mais de dez anos (eu tinha mais ou menos treze na época), e a segunda pouco tempo depois, não me lembrava de muitos detalhes, apenas do essencial, então foi como se eu tivesse lendo esta história novamente pela primeira vez, o que de certa forma é, já que esta edição é adaptada, inclusive porque não daria para ser na íntegra já que a original é mais extensa e detalhada, e aqui acompanhamos as ilustrações junto com os textos – ou seja, cenários e emoções físicas estão ali presentes nas imagens, não precisando estar no texto também.

Então não posso afirmar com certeza o que foi modificado, nem o que foi mantido para ser encaixado nas partes escritas em relação ao livro normal, mas o trabalho de Charles Dixon funcionou muito bem, transmitindo de uma forma ótima as ideias do mestre Tolkien em sua essência. Eu dei uma folheada na versão normal do livro e encontrei bastante trecho parecido, então quando for reler ela novamente, eu comento se está mesmo fiel.

Também gostei da forma como a obra foi adaptada, com um narrador comentando os pontos importantes, assim como no livro, que é narrado em terceira pessoa, além de haver muitos diálogos. Esta forma fez com que nada de importante ficasse esquecido ou deixado de lado, pelo contrário, tudo ganha seu devido destaque no momento certo, ora sendo através dos textos, ora das ilustrações.

Só tem uma coisa que eu estou em dúvida, apesar de saber que esta história foi criada por Tolkien para o público mais novo, sendo considerada uma das mais conhecidas obras do gênero infantojuvenil. Acredito que esta adaptação ficou mais leve e mais juvenil ainda do que o livro, não que isso seja um ponto negativo, pelo contrário, acho até que combinou com o formato dos quadrinhos, podendo atrair ainda mais jovens para a leitura. Mas não posso ter certeza desta informação neste momento porque, como comentei acima, li o livro quando eu era uma adolescente, então não sei se naquela época eu poderia achar que a obra era voltada mesmo para a minha idade, o que eu poderia não achar hoje em dia, ou se apenas a adaptação foi moldada desta forma por conta do formato, inclusive porque perde muito da forma de Tolkien de narrar.

Ainda falando nesta edição, gostei bastante do trabalho visual do ilustrador David Wenzel, aclamado artista por suas detalhadas versões de histórias fantásticas, entre outras, e reconhecido por sua habilidade “para criar cenários e personagens imaginativos, com aquarela e tina acrílica.” Como sou muito fã de ilustradores e suas habilidades de desenho, fiquei encantada de poder conhecer de perto o trabalho deste artista em específico, e com muita vontade de conhecer mais criações dele. As cores casaram muito bem com os detalhes gráficos e acho que suas imagens traduziram muito bem o texto de Tolkien, transformando sua história e suas palavras, além de nossa imaginação, num visual incrível. Só não gostei tanto do rosto do hobbit Bilbo em todos os momentos, acredito que ele poderia ter uma aparência de mais novo, acho que é porque minha visão dele é bem diferente do que encontrei aqui.

Esta edição belíssima publicada pela WMF Martins Fontes está com qualidade superior em termos de impressão, as páginas são em papel couché (aquele tipo folha de revista, só que muito mais grosso), a impressão das páginas, ilustrações e textos está sem nenhuma falha, e as cores estão vivas. A fonte, o espaçamento e os quadrinhos e balões de fala estão em tamanhos confortáveis, proporcionando uma leitura mais prazerosa e fácil. E o formato do exemplar é grande, tendo 27,50 cm x 20,50 cm. O único ponto negativo que consegui encontrar é que não tem orelhas e eu não gosto de edições sem orelha porque amassa as pontas da capa.

Tolkien teve a ideia para escrever esta história no começo da década de 1930, de forma meio inusitada, quando “examinava documentos de alunos que queriam ingressar na Universidade e encontrou uma página em branco”, e daí surgiu uma inspiração e ele escreveu no papel as palavras: "Num buraco no chão vivia um hobbit". A primeira edição de O Hobbit foi publicada em 21 de setembro de 1937 e o autor inclusive ganhou prêmios, como, por exemplo, melhor ficção juvenil do ano (1938). E ainda hoje ela é conhecida e adorada por muitos, tornando-se uma obra atemporal e muito lida. Eu com certeza vou incentivar meus filhos (que ainda terei um dia) a lerem os trabalhos do autor.

E também pretendo rever os dois primeiros filmes, “Uma Jornada Inesperada” (2012) e “A Desolação de Smaug” (2013), para compará-los com esta HQ em breve aqui no House of Chick. Aliás, quem aí está super empolgado com a estreia da última parte da trilogia cinematográfica, "A Batalha dos Cinco Exércitos", que será lançado no Brasil em onze de dezembro? Porque eu com certeza estou contando os dias.

Recomendo demais esta edição de “O Hobbit - Em quadrinhos” para todos os fãs de Tolkien, para quem curtiu a leitura de “O Hobbit” e/ou de “O Senhor dos Anéis”, ou de suas adaptações cinematográficas, para aqueles que ainda não leram, mas querem conhecer a obra, para os apaixonados por literatura fantástica, para os mais novos que querem se aventurar a conhecer uma nova história, para os amantes de quadrinhos e HQs. 
E, claro, indico também para todos os leitores que não conhecem, mas gostariam de acompanhar o corajoso hobbit Bilbo Bolseiro em uma incrível jornada, com novos ótimos amigos, criaturas peculiares, um dragão perigoso, magia, beleza e um tesouro magnífico, numa aventura cheia de reviravoltas de tirar o fôlego.
Avaliação



Comente com o Facebook:

Um comentário:

  1. Que linda resenha e que lindas fotos! E esta edição de O Hobbit em quadrinhos está perfeita. Eu preciso dela para ontem, obrigada por nos mostrá-la por dentro e com palavras tão legais! Beijinhos

    ResponderExcluir