Scarlet – Crônicas Lunares #02 – Marissa Meyer

Apesar de esta resenha ser de uma continuação, não escrevi nenhum spoiler deste, nem de “Cinder”, primeiro volume das “Crônicas Lunares” (clique no título para conferir a resenha).
Depois das grandes revelações que Cinder acaba descobrindo no final do primeiro exemplar, e também das consequências pelos seus atos, ela agora precisa encontrar um jeito de fugir de onde está para se livrar de um futuro muito pior, e também para ir atrás de mais respostas e do que deve fazer com as novas informações que possui. No caminho ela conhece Thorne, um “capitão” que vai apoiar e ajudá-la em sua jornada.
Enquanto isso, conhecemos e acompanhamos a jovem Scarlet, que vive e trabalha com sua avó em uma fazenda em Rieux, no interior da França, na qual produzem e distribuem alimentos. A senhora Michelle Benoit, ex-militar, mas agora uma senhorinha muito boa e dona de uma personalidade forte, desapareceu sem deixar rastros, abandonando seu chip de identificação e seu tablet para trás.
A polícia não acredita que tenha ocorrido um crime, então desiste de fazer novas buscas, mas Scarlet sabe que sua avó não iria embora assim, sem mais nem menos, muito menos sem falar com ela antes. Então decide procurar por conta própria uma forma de saber de seu paradeiro para, enfim, encontrá-la. Em suas investigações, Scarlet acaba descobrindo que a avó não havia lhe contado todos os seus segredos e que ela também corre um grave perigo.
Neste meio tempo Scarlet conhece Lobo, um lutador de rua que pode ter informações sobre o paradeiro da senhora Benoit e, mesmo não confiando totalmente no cara, ele é sua única opção de descobrir o que houve com sua avó para, talvez, encontrá-la e, com sorte, com vida ainda. Por isso, com seu capuz e cabelos vermelhos, a jovem viaja com Lobo, por quem inexplicavelmente acaba se sentindo atraída (o que é recíproco), para uma jornada em busca de respostas para desvendar este mistério antes que seja tarde demais.
Tudo fica ainda mais estranho quando Cinder e Scarlet acabam se encontrando no caminho, achando muito mais verdades perigosas, e descobrindo que suas vidas estão interligadas de uma forma.
Eu não gostei tanto assim da leitura de Cinder, mas, na época em que li (julho de 2013), encontrei uma resenha de Scarlet muito boa, que me fez ficar empolgada para ler esta sequência, e foi ela, e não o fato de ter lido o primeiro livro da série, que fez com que minhas expectativas estivessem altas. E não é que desta vez deu tudo mais do que certo?
Meyer não sofreu da maldição do segundo volume, pelo contrário, ela soube desenvolver muito bem sua trama, acrescentando coisas novas e evoluindo o que antes havia sido proposto, como, por exemplo, conhecemos mais do passado de Cinder e coisas novas sobre os Lunares, e ainda nos deixou cheios de possibilidades para o que vem por aí.
O livro é dividido em quatro partes e na página em que cada uma se inicia, há um trecho de Chapeuzinho Vermelho. A narrativa é em terceira pessoa e intercalada em vários personagens, com foco maior em Scarlet e Cinder, que era a única protagonista no primeiro volume, mas também podemos acompanhar Kai, Lobo e Thorne, e até encontramos um capítulo com enfoque na rainha Levana.
Esse tipo de narrativa deixou tudo mais amplo e a autora soube trabalhar muito bem com diferentes pontos de vista, ou seja, nada ficou embolado e, sim, bem explicado e conectado. Admiro muito mais seu trabalho agora e não vejo a hora de ler as continuações das Crônicas Lunares.
Eu gostei muito mais deste volume do que do primeiro por conta da protagonista, Scarlet, e também de outro personagem muito importante, Lobo. Eles separados são demais, juntos são melhor ainda, e se tornaram meus personagens preferidos. Fiquei apaixonada pelo casal, e quero muito mais dos dois nos próximos livros da série.
Scarlet é daquele tipo badass, corajosa, dona de uma personalidade forte, cheia de atitude, segura de si e de suas decisões, determinada e também meio louca, afinal enfrentava o que viesse pela frente sem medo, mesmo tendo grandes possibilidades de sair morta daquilo, para salvar a pessoa que mais ama no mundo (o que também é extremamente admirável).
Lobo é um fofo e também um personagem misterioso, alguém que tem toda uma aparência de durão, mas apresenta um jeito inseguro, que tem seu lado negro e o lado bom, o tímido e o animalesco. Ele possui características bem opostas, mas que se completam, fazendo com que seja dono de uma personalidade marcante. E confesso que ficava dividida, assim como Scarlet, em confiar ou não nele, mas depois ele se mostrou alguém digno (o que já era de se esperar desde o começo).
Achei este casal muito mais interessante do que Cinder e Kai, que até agora não encheram meus olhos, inclusive acho que o imperador é muito sem sal e Cinder merecia alguém melhor, mais à altura dela.
Por falar nela, até que eu achei Cinder melhor nesta sequência e achei ótimo ela estar bem longe de todo aquele drama e coisas ruins que aconteciam em sua vida. Está mais segura de si e também gostei de ver sua coragem, força, determinação e luta. Seu papel será grande daqui para frente, e senti mais a segurança de que ela vá conseguir fazer tudo o que precisa muito bem.
Thorne é um personagem engraçado e eu ri com algumas de suas tiradas. Ainda não sei exatamente qual será o seu papel com certeza, mas tenho fortes desconfianças. Gostei muito de conhecê-lo e mais ainda de que ele amenizava algumas situações, e espero mesmo que eu esteja certa e ele continue sendo bem utilizado nos próximos livros.
Um dos pontos mais legais é que aqui nenhum personagem é dependente de outro, todos eles lutam pelo que querem, indo atrás dos seus objetivos, mesmo que seja perigoso e que as consequências não sejam as mais otimistas (exceto por um personagem que preferiu acarretar a proposta/ameaça de terceiros). Acho isso ótimo, porque nos faz admirar cada um, e ainda nos faz torcer para que dê tudo certo e que consigam alcançar o que precisa ser resolvido. Além disso, nenhum deles fica fazendo dramas desnecessários, nem reclamando da vida, o que é ainda mais louvável.
Novamente a autora interliga toda a história muito bem, mas vai soltando algumas dicas durante as páginas que, se você prestar atenção, consegue ligar os pontos antes mesmo de Marissa revelá-los, o que é meio ruim porque é meio previsível e acaba com a chance de nos surpreendermos tanto assim. A escrita dela é ótima, muito envolvente e flui maravilhosamente bem. Você começa a ler e, quando se dá conta, já avançou bastante sem nem notar.
Meyer sabe dosar muito bem vários elementos diferentes em sua história, dando destaque a tudo no momento certo e de forma natural, como mistério, romance, ação, comédia, drama, amizade, entre outros. Também curto muito ver a criatividade da escritora e a forma como ela coloca suas ideias no papel, de modo que nos faz entender facilmente e visualizar cada parte muito bem.
Este volume fecha algumas pontas que foram propostas no começo dele, e ainda abre muitas possibilidades para o que vai vir a seguir, muitas delas que já tinham sido reveladas no primeiro livro, mas que ainda não tiveram uma conclusão. Gostei de como “Scarlet” foi finalizado, mesmo que tenha ficado bem triste com um fato que ocorreu um pouco antes, e de como as coisas ficaram resolvidas, como ponto de partida para o que vai acontecer nas sequências.
Esta série por enquanto tem cinco volumes (mais alguns contos), sendo que apenas os dois primeiros, “Cinder” e “Scarlet”, foram publicados aqui no Brasil. O terceiro, “Cress”, ainda não tem previsão de lançamento nacional, apesar de já ter sido publicado no começo de 2014 lá fora, nem as sequências, “Fairest”, que é um livro, mas considerado o volume #3.5, cujo lançamento será só no final de janeiro nos EUA, e “Winter”, quarto volume, que tem previsão de publicação para o final de NOVEMBRO DE 2015 no exterior (!!!). Nem mesmo algum dos contos tem previsão de chegarem ao país, e nem sei ainda se serão traduzidos para o português algum dia.
A diagramação segue o padrão do volume antecedente, com fonte e espaçamentos em tamanhos confortáveis para uma leitura duradoura sem incômodos. A capa é linda, eu gosto mais desta do que a anterior, e adoro que combina com o título e o enredo. A versão impressa está maravilhosa, com título e nome da série prateados e em alto-relevo, e verniz localizado na ilustração. Além disso, a edição conta com páginas amarelas e a parte de trás das capas está em preto.
Com uma incrível mistura de contos de fadas com ficção científica, Marissa Meyer construiu uma trama magnífica, cheia de pontos que se conectam perfeitamente numa rede de mistérios e perigos, com ação e romance na medida certa. Super recomendado!
Avaliação



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