Leon vivia
um sonho. Sua família estava prestes a ganhar mais um membro, já que sua amada
esposa estava grávida, o trabalho ia bem, morava num dos locais mais cobiçados
do mundo, Nova York, e seus familiares podiam não ser os mais unidos, mas havia
amor. E eles tinham um lindo futuro pela frente. Mas, como num piscar de olhos,
tudo mudou. Durante um assalto, Melissa foi usada como escudo, sua pressão
arterial subiu e ela foi levada às pressas para o hospital, onde fez um parto
de emergência. Porém, ela não aguentou e seu filho teve o mesmo destino pouco
depois.
Completamente
perturbado, desorientado e arrasado, Leon não consegue mais enfrentar a vida e
decide ir embora. Ele agora é um morto vivo e se transformou num ermitão,
morando numa cabana afastada da civilização, sem energia elétrica, água
encanada ou internet, e está completamente isolado do mundo. E passa três
longos anos assim. Até que recebe uma carta da mãe, pedindo seu retorno, já que
seu pai está bastante doente e com pouco tempo de vida.
Zayla é uma
jovem independente e ambiciosa, que não tem interesse em relacionamentos sérios
e nunca pensou em casar ou constituir uma família. Tudo o que ela quer é
trabalhar, juntar dinheiro, conquistar uma brilhante carreira e construir seu
próprio negócio. Um belo dia, ela é “atacada” por uma fofura em forma de
cachorro quando está no Central Park e acaba conhecendo Leon.
A atração
física entre eles é forte, e, num segundo encontro naquele mesmo dia por conta
do destino, acabam ficando juntos. Até que Zayla descobre um segredo sobre ele.
E agora precisa decidir se quer ir em frente com o que quer que seja que eles
começaram. Enquanto Leon também precisa lidar com uma novidade que ela está
vivendo para decidir se quer embarcar num relacionamento depois de tudo o que
já viveu e sofreu na vida.
Em meio a
muitas reviravoltas, intrigas, máscaras caindo, acontecimentos de abalar as
estruturas, e muito mais, a relação entre Leon e Zayla vai se fortalecendo cada
vez mais. Até que percebem que o que sentem pode ser mais forte do que
esperavam. Mas será que o amor é suficiente para quebrar as barreiras que ambos
trazem em seus corações? Ou o relacionamento está fadado ao fracasso, já que
eles podem ainda não estar preparados para enfrentar o que estiver pelo
caminho?
Confesso que
eu ainda não conhecia a autora Angie Mello, porém, desde que eu vi este seu
livro no catálogo da Rico Editora, fiquei completamente encantada pela obra e
desejando ler tudo de sua autoria o quanto antes. A primeira oportunidade que
tive foi com “Leon”, que, assim que tive em mãos, corri para ler, devorei e
simplesmente me apaixonei! Com certeza essa autora já entrou na lista de escritores
nacionais que eu definitivamente vou acompanhar!
Algo que
realmente adorei foi o fato de Angie nos entregar respostas originais para os
clichês. Afinal, hoje em dia não há como escrever um livro livre de clichês,
pois tudo já foi escrito anteriormente, e alguns dos pontos acabam virando
lugar comum e presença certa em histórias de gêneros iguais. Então eu gosto de
clichês, porque são inevitáveis e também muitas vezes funcionam nos entregando
aquilo que queremos. Porém, o mais bacana da autora é que, mesmo nessas
situações clichês, ela acabou entregando uma reação um pouco diferente do
esperado ou do que é mais comum em diversos momentos e isso me pegou de
surpresa positivamente. Ou seja, juntou o útil ao agradável.
A narrativa
é em terceira pessoa, porém em alguns momentos muda para a primeira pessoa para
podermos adentrar os pensamentos dos protagonistas. Achei isso bem
interessante, pois conseguimos ter uma visão ampla das cenas e, quando havia
algo importante ou algum pensamento relevante, tínhamos a possibilidade de entrar
em suas mentes para podermos entendê-los melhor e de forma mais próxima.
A escrita da
autora é bem gostosa, envolvente e flui muito bem. Gostei bastante que temos a
oportunidade de acompanhar diversas reviravoltas e muitos acontecimentos importantes
– alguns deles inclusive me pegaram de surpresa, pois dessa forma a trama ficou
bem movimentada e nada cansativa.
Adorei o
Leon e a Zayla, e conhecê-los melhor foi maravilhoso. Suas personalidades são
incríveis, eles não são daqueles tipos de pessoas que enrolam muito ou que
escondem as coisas, pelo contrário, são sinceros, decididos, fortes e encaram
os problemas de frente. Algo que gostei muito é que Angie Mello teve um cuidado
especial com os discursos de todos os personagens, evitando comentários
irritantes ou diálogos vergonhosos para os dias atuais, coisas que encontramos
aos montes por aí.
Confesso que
achei que o relacionamento entre Leon e Zayla ficou muito forte rápido demais
para o meu gosto pessoal. Gosto mais quando há um pouco mais de exploração
deles se conhecendo antes de nutrirem sentimentos tão intensos para eu também
ter a possibilidade de sentir junto com eles. Porém, depois que me acostumei
com isso, achei esse casal simplesmente maravilhoso. Eles combinam
completamente, têm uma química incrível e são realmente adoráveis juntos. Virou
um casal queridinho, com toda certeza.
Também achei
especial a forma como lidavam com os problemas e as questões que apareciam pelo
caminho, de forma madura e responsável. Claro que os sentimentos também estavam
presentes, mas não houveram dramas desnecessários ou brigas por falta de
comunicação, já que eles sempre colocavam tudo em pratos limpos. E, o melhor,
pediam desculpas quando havia necessidade.
E amei que o
Leon é um homem interessantíssimo e não esses machistas disfarçados que
encontramos aos montes tanto na vida real quanto na ficção. Fora que ele saiu
totalmente do padrão clichê geralmente encontrado na literatura, com homens
mulherengos, donos de empresas, que maltratam as pessoas, etc. Ele é humano,
real, fofo, decente, trabalhador, responsável, amoroso e carinhoso. Mulheres
fortes são mais fáceis de encontrar em livros, por isso que, mesmo adorando
Zayla, foi o Leon que mais fez meu coração ficar quentinho e feliz.
Só acho que
ficou faltando um pouco de maior exploração nas personalidades anteriores de
ambos os personagens. Zayla com sua falta de interesse em relacionamentos
amorosos e Leon com a questão terrível que aconteceu em seu passado. Nós fomos
informados de ambas as coisas e elas foram citadas em alguns momentos, mas acho
que poderiam ter sido mais exploradas.
Eu sou
totalmente a favor de os autores escreverem o que quiserem e em qualquer
cenário. Acho muito válido quando escritores nacionais saem de suas zonas de
conforto e exploram outros lugares, cidades e países. A única coisa que eu acabo
esperando é que os personagens construídos tenham ações, reações e discursos
baseando-se na realidade e na cultura em que estão inseridos (se a
nacionalidade deles, por exemplo, for coreana, espero que tenham hábitos do seu
país de origem – a menos que não tenham sido criados lá ou que tenham contato
próximo com pessoas de outras culturas ou pelo menos demonstrem interesse por
algo assim). Porém, em alguns momentos não consegui ver isso neste livro. Pelo
contrário, em diversas situações, pude ver o modo de falar e pensar dos
brasileiros, e até mesmo algumas das ações são semelhantes as nossas e
diferente das dos americanos. Então passa um ar um pouco irreal para a trama.
Penso que os personagens poderiam ser brasileiros vivendo nos EUA ou pelo menos
terem famílias ou pessoas próximas de nosso país para poderem soar como nós.
Se você
gosta de Romances Contemporâneos, realmente indico “Leon”, obra da autora
nacional Angie Mello. Além de embarcar numa trama deliciosa e envolvente, vai
ser surpreendida em alguns momentos, se encantar pelo casal de protagonistas e ver
como são maduros, se apaixonar por Leon e Zayla, passar com eles por diversas
reviravoltas e ainda terminar com um final de alegrar o coração. E de bônus
ainda ganha a chance de prestigiar mais um talento nacional!
Avaliação
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