O Inverno das Fadas - Carolina Munhóz

Junto aos vampiros as fadas estão entre as minhas criaturas fantásticas favoritas (sendo que não considero os bruxos e magos nessa lista de criaturas, afinal eles são 'humanos'). Então todo livro que sai com a temática feérica me atrai fatalmente. Logo O Inverno das Fadas, da autora brasileira Carolina Munhóz, pelo selo Fantasy - Casa da Palavra foi vontade a primeira vista com uma boa dose de expectativa.

Nesta obra conhecemos Sophia Coldheart, um espécie de fada - Leanan Sídhe, que para viver se alimenta da energia criativa e do amor de seus escolhidos, que sempre culmina na morte destes. Acostumada a sua vida, Sophia aguardava por mais um escolhido quando começa a sentir Willian Bass, um autor jovem que quer escrever seu primeiro livro.

Mas o inesperado acontece, a fada se apaixona por sua caça, e tudo muda para Sophia ao conhecer o verdadeiro amor. Dividida entre se energizar e viver, e lutar pelo amor descoberto, a fada busca por um caminho que não leve a morte de seu amado.

A primeira coisa que gostaria de ressaltar neste livro são os pontos positivos. É muito original a apropriação da autora da mitologia féerica para criar a narrativa, e muito original o fato das vítimas da fada serem artistas conhecidos por nós que morreram de maneira precoce como: Brittany Murphy, Kurt Cobain, Michael Jackson, Amy Winehouse e, se não entendi errado, Heath Ledger. Foi interessante localizar os artistas a medida que ela narrava sobre cada um deles. E em segundo lugar destaco o conhecimento da autora a cerca de alguns conhecimentos esotéricos abordados de leve que não costumam ser muito recorrentes em YA.

Mas as coisas boas acabam por aí, infelizmente o livro não funcionou para mim. O começo estava excelente, com uma narrativa em terceira pessoa detalhada de rituais pagãos e detalhes do reino das fadas. Mas que ao longo do livro tornou-se sem graça e maçante. Não existe um propósito maior, apenas o caso de Sophia com Willian, onde boa parte do tempo ela se lamenta de não poder tê-lo e faz muito pouco a respeito. A ação é escassa, assim como pensamentos mais profundos dos personagens.

Tudo aconteceu de forma muito lenta, e podia ter sido melhor explorado. Os elementos estavam lá, as ideias, o cenário, tudo está no livro, mas é como um quebra cabeça que não foi montado direito. Uma pena, porque bem montado daria um livro excelente. O fim foi simples e sem graça, embora tentado ser até filosófico.

Embora a história se passe na Inglaterra, eu só me lembrava disso quando nome de lugares eram ditos, não havia a essência do comportamento inglês ali, faltou maiores detalhes a cerca do que seriam e como seriam os ingleses. Algumas frases soaram muito brasileiras.

Sophia é uma personagem egoísta, só consegue ver seu próprio umbigo em boa parte da trama, logo não enxerga as pessoas a sua volta, não compreende bem o mundo, e até mesmo suas vítimas. Demora muito a ver que sua posição de vida é muito passiva.

Willian é um personagem até que interessante, mas uma vez que cai de amores por Sophia só vê a garota em tudo que faz, e se torna chatinho. Afinal quando você vive uma paixão proibida você procura saídas para ela, luta, e não aceita simplesmente.

A diagramação é simplesmente, mas conta com um detalhe interessante, cada início de capítulo é uma frase de música (na última página do livro a lista das músicas e artistas está listada) que se relaciona com o momento da história.

Espero que autora amadureça suas ideias, porque existe potencial na sua escrita que precisa apenas ser melhor desenvolvida. Mas indico que cada um leia e tire sua conclusões a cerca do livro, afinal o que é ruim para mim, pode ser bom para você!

Avaliação

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