Tudo e Todas as Coisas - Nicola Yoon

A vida de Maddy se resume a sua casa, sua rotina e a companhia de sua mãe e a enfermeira, Carla, que se tornou uma grande amiga – a única além de sua mãe. Isso acontece porque ela tem uma doença rara, que basicamente a define como alérgica ao mundo. Depois que o marido e o filho morreram em um acidente, a mãe fez de tudo para proteger a filha, contratando uma enfermeira e adaptando a casa para que Madeleine pudesse viver bem em sua bolha de salvação. E é lá que ela vive, sem nunca ter saído de casa, por dezessete anos.
Tudo segue normal e Maddy aceita sua vida e seu destino, afinal ela nasceu assim e não há nada que possa fazer para mudar isso. Então é melhor submeter-se do que desejar algo que não pode ter. Até que tudo muda.
A casa ao lado recebe novos moradores e Olly, um dos vizinhos, acaba atraindo a atenção dela de uma forma que ninguém mais fez. Ela passa a acompanhar a família do garoto pela janela e o modo como ele é diferente dos demais membros e não mantém uma rotina, além de ser lindo e se vestir inteiramente de preto, o que a deixa curiosa.
E ele também passa a observá-la e começa a interagir com nossa protagonista, fazendo com que ela passe a desejar mais da vida e de sua existência. Apaixonar-se por Olly é inevitável e as consequências disso também são. Mas agora Maddy está disposta a correr riscos, mesmo que isso signifique arriscar a própria vida, afinal ela prefere morrer a ter que continuar apenas sobrevivendo. Ela precisa viver e vai fazer o que for preciso para tornar isso uma realidade.
Estava looouca para ler esse livro desde que ouvi sobre sua publicação em 2015, quando ele ainda nem tinha sido publicado no exterior, quanto menos aqui no Brasil. Desde então queria tê-lo na minha estante e essa vontade só aumentava a cada comentário positivo sobre o mesmo que eu lia ou ouvia por aí. Por conta disso, é claro que minhas expectativas estavam bem altas quando eu enfim pude tê-lo em mãos para começar a minha leitura. Só que o problema com esperar muita coisa de algo é que geralmente aquilo não alcança o patamar almejado. E foi isso que infelizmente aconteceu com “Tudo e Todas As Coisas”.
E não é que eu não tenha gostado, porque eu simplesmente A-D-O-R-E-I a leitura! Só tenho que confesso que estava esperando um pouco mais do que encontrei, já que acreditei que iria amá-lo fortemente e que seria um grande candidato para meus livros preferidos do ano, porém isso não aconteceu.
Mas, para falar a verdade, eu acho que faltou profundidade na trama e nos detalhes da mesma. A gente acompanha essa menina e seu dia a dia, mas nada tão emocionante é narrado, e não porque ela não faz nada de interessante, porque ela faz, sim. Só que faltou uma sensação de mergulhar mais na história, de entender melhor seus sentimentos e o que Maddy estava vivendo. Senti mais como um relato menos aprofundado, e eu estava desejando me envolver mais com aquilo. Não sei se vocês conseguem entender meus sentimentos, mas foi isso.
A evolução do relacionamento dela com Olly também não foi tão bem explorada sob meu ponto de vista, já que em um momento eles se conheceram e, depois de meia dúzia de mensagens trocadas, ele já estava indo visitá-la e os sentimentos já estavam ali. Em outro momento aconteceu a mesma coisa, eles estava longe um do outro e depois se reaproximaram (não vou explicar isso melhor porque seria spoiler) de um jeito meio sem graça. Acho que faltou um pouco de emoção, parece até que ficou faltando uma lacuna.
Para quem acompanha minhas resenhas, eu já comentei antes aqui no blog que gosto de sentir junto com os personagens, entender seus sentimentos e torcer para que eles fiquem juntos, torcer para o casal e para sua felicidade. E não é que eu não tenha torcido por eles, só que não criei aquela grande expectativa ou meu coração se encheu de calor e alegria. Foi fofo, mas...
Em compensação, gostei muito da trama e acho que a autora soube nos apresentar a tudo de uma maneira bem gostosa, leve e descontraída. A gente logo se vê envolvida pelos acontecimentos e conseguimos visualizar todo o cenário, já que a narrativa tem uma característica bem visual e descritiva, de um jeito que facilmente podemos ver os lugares e as coisas que os complementam, como se de fato tivesse desenhos nas páginas.
A narrativa é em primeira pessoa sob o ponto de vista de Madeleine, então podemos nos aproximar bastante da protagonista e também entender tudo o que ela vive, o que pensa e o que sente. Gostei muito de acompanhar a trama sob sua perspectiva.
A escrita de Nicola Yoon é bem direta e flui maravilhosamente bem, de um jeito delicioso e envolvente. A gente começa a ler e quando nos damos conta já avançamos muitas páginas e já está quase na hora de dar tchau para esses personagens incríveis. E devo admitir que já até bateu uma grande saudade de tudo aquilo.
Além do mais, adorei uma revelação e o plot twist que a mesma gerou, assim como compreendi as consequências e as atitudes que Madeleine teve como resposta a isso. Se ela tivesse aceitado tudo mais facilmente com certeza iria me incomodar porque acharia irreal. Acho que a autora foi feliz com essa ideia, porque ao mesmo tempo em que é provável, também tem algo de inesperada. Então gostei do caminho que ela seguiu e das consequências do mesmo.
Mesmo que algumas pessoas não gostem de capas de filmes, eu não me importo tanto assim com elas. Claro que em algumas edições a original é bem melhor, porém em outras a do filme ganha de lavada. Não estou dizendo que acho essa melhor, até porque eu amo a original, mas também não a achei feia, pelo contrário, achei linda e adorei.
A edição da Editora Arqueiro está maravilhosa e conta com oito páginas com fotografias lindas do filme. A diagramação do texto está bem confortável para a leitura com fonte e espaçamentos em tamanhos ideais, e há ilustrações em preto e branco em diversas páginas, como se fossem de Maddy. As folhas são amarelas.
Como adorei a leitura e as fotos despertaram uma vontade ainda maior, PRECISO assistir esse filme para ontem! Espero que tenha sido bem adaptado e vou torcer para que o romance tenha ganhado um pouco mais de profundidade. Depois volto para contar para vocês o que achei e quais são as diferenças e semelhanças com a obra literária.
“Tudo e Todas as Coisas” é uma obra deliciosa, apresentada através de uma narrativa simples e direta, que com certeza vai encantar os leitores que buscam uma obra jovem adulto leve e descontraída, com uma pitada de romance e uma reviravolta daquelas.
Avaliação


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Um comentário:

  1. Mads sente falta de viver o mundo lá fora, apesar da doença ela precisa desse dia perfeito!! Fiquei curiosa para saber qual é a tragédia que acontece e o desfecho final da história!! Ainda bem que ela pode contar com a ajuda de seu vizinho, Olly!!

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