Desvendando Princesas - Vanessa Marques

A primeira coisa que chamou bastante minha atenção nesse título foi a capa maravilhosa, que só de olhar já despertou meu desejo. Assim que li a sinopse, fiquei encantada com o enredo que esse volume prometia trazer e logo o coloquei na minha lista de desejos. Agora, depois de ler essa obra deliciosa da brasileira Vanessa Marques, venho compartilhar com vocês as minhas opiniões.
Nesse título conhecemos a história de Isabela, uma jovem que saiu da sua cidade natal com apenas dezessete anos e jurou nunca mais voltar. Certo dia, porém, ela recebe um telefonema, no qual descobre que a sua irmã Luciana Haddad, que iria se casar com o príncipe Nicolas, foi sequestrada e ninguém tem ideia de quem foi o responsável ou do seu paradeiro, fazendo com que Isabela volte a sua cidade natal para ajudar na busca de sua irmã.
A trama se passa em São Vicente, um país que possui regime de monarquia no tempo atual. E, quando Isabela chega lá, precisa ajudar a guarda real a desvendar os mistérios, e com isso encarar seu passado, já que ela vai ter que trabalhar com Lucca, o atual major da Guarda e seu ex-namorado, quem ela abandonou no passado sem dar nenhuma explicação. Seu grande amor, o qual ela teve que abrir mão em nome de um bem maior.
Lucca é um homem forte e destemido, que mesmo tendo uma grande ferida causada pelo abandono de sua ex-namorada dez anos atrás, seguiu com a sua vida e seus planos. Estava tudo indo bem, até que ele se vê obrigado a trabalhar com a sua ex e ter toda aquela confusão de sentimentos voltando à tona.
Isabela é uma mulher forte e determinada que faria qualquer coisa pela sua irmã. Dona de um coração incrível, ela se coloca em segundo plano diversas vezes, pensando primeiro nos outros. Quando se vê obrigada a encarar o seu passado, sua vida muda completamente.
Com uma escrita cativante, esse volume conseguiu me conquistar em todos os momentos misturando romance, suspense e personagens maravilhosos e complexos. Tudo isso com uma narrativa leve, rápida e fluida, que faz com que a gente não consiga parar de ler até chegar ao final.


O Assassinato do Comendador Vol.1 - Haruki Murakami

Foi por pouco (um pouco mais de um mês) que meu último livro lido não foi do mesmo autor do primeiro livro lido no ano. Haruki Murakami ganhou minha atenção em janeiro, e agora mais uma vez provou em O Assassinato do Comendador Vol.1, publicado pela Alfaguara, ser um autor com uma narrativa fantástica única.
Um pintor retratista abandona Tókio após ser dispensado pela esposa, sem rumo ele anda com seu carro pelo Japão sem saber o que fazer até que se estabelece entre as montanhas em uma casa que era do pintor Tomohiko Amada. Dia após dia ele busca uma nova maneira de ser e pintar até que ele encontra um quadro de Amada perdido ao mesmo tempo em que um vizinho faz um pedido inusitado a ele. Uma jornada entre a realidade e o que parece um sonho começa, e este jovem pintor nunca mais será o mesmo!
Murakami tem um talento incrível de transformar aparente estórias sem potencial em boas narrativas. O livro começa com o protagonista narrando em primeira pessoa sua separação e os rumos que ela gerou, até este momento você não compreende a relevância e em que ponto o autor quer chegar, já que seu ritmo é lento e detalhado. Mas a medida que a estória se estabelece e começa a brincar com os sentidos compreendemos a importância de cada detalhe que o autor se demorou em narrar.
Pautada no realismo fantástico a cada cena nos perguntamos se o pintor está aos poucos perdendo a noção da realidade com o isolamento ou se os eventos sobrenaturais começam a de fato acontecer com ele. Estes eventos são tão pontuais e sutis que não geram em momento algum a dúvida no leitor. Minha única questão com o livro foi o autor pesar um pouco no excesso de páginas para contar sua estória, isso porque a Alfaguara ainda dividiu o livro em duas partes, ele na verdade passa das 600 páginas! Por conta desta divisão temos um fim repentino e sem sentido.
O protagonista, o pintor, tem como obsessão a irmã que morreu muito jovem do coração. Todas as suas escolhas sejam conscientes ou inconscientes são de coisas ou pessoas que lembram ela seja pela aparência ou pelo comportamento dos mesmos. Essa fixação acaba por prejudicar ele já que estabelece relações com esse pano de fundo, não vê as pessoas como são de fato.
Sua jornada pessoal é bem detalhada, ele quer deixar de ser retratista e passar a fazer quadros para si mesmo. Talvez no fim deste caminho ele veja que fazer retratos não seja algo que ele fez só por dinheiro, pelo menos este é o rumo que o livro deixou até o seu final. Suas relações amorosas também são bem detalhadas, desde a escolha de sua esposa até de suas amantes.
Seu vizinho, Wataru Menshiki, é um personagem enigmático, a impressão é que todo tempo ele escolhe partes da verdade para contar, e nunca toda a verdade. Não sei até agora se ele só tem boas intenções, mas ele é um homem culto e muito rico que passa a ser amigo do pintor, e até a compartilhar algumas coisas estranhas.
Alguns personagens surgem ao longo da trama, mas tirando o vizinho nenhum deles é constante. Temos o amigo filho do pintor Amada, as amantes, a ex-esposa, e até a irmã morta. Todas descritas e apresentadas com densidade, possibilitando riqueza na imaginação da estória.


O Último Golpe do Amor - Cris Barbosa

Janaína Albuquerque é uma jovem de ótima personalidade, que acaba tomando decisões ruins por conta de sua mãe. Isso acontece porque ela tem uma carência desde novinha por conta dos pais negligentes, o pai porque tinha outra família e nunca fez nada por ela – a não ser deixar dinheiro de herança quando morreu – e a mãe, que é uma interesseira que sempre quer buscar o melhor e mais caro para si. Então, para agradar e ser mais aceita pela mãe, Jana acaba ouvindo-a e tomando atitudes que não são boas e não lhe fazem bem.
Por conta disso, ela termina seu relacionamento com Matheus Vasconcelos e vai para o Rio de Janeiro começar uma nova vida com outro homem. Porém, nem tudo sai como o esperado e ela acaba passando por um grande golpe, fazendo com que tenha que voltar para sua cidade do interior e voltar a viver na casa de sua avó.
Numa cidade pequena e sem muitas oportunidades, Jana se vê com muita dificuldade de arranjar emprego ou um futuro. E é justamente seu ex, Matheus, que vai ser o único com capacidade e “disposição” a ajudá-la. Com muito esforço e dedicação, ele fez o bar da família crescer e ganhar sucesso, sendo um dos mais frequentados do local. E é lá que Jana vai começar a trabalhar.
Depois de ter sido abandonado pelo amor de sua vida, Matheus fechou completamente o seu coração e não consegue se envolver emocionalmente com nenhuma mulher, então tem muita dificuldade em aceitar a presença de Jana em sua vida novamente. Mas ela está disposta a fazer o que for necessário para mostrar que se arrepende e nada nem ninguém vai poder ficar entre os dois de novo. Resta saber se o amor que ele sentia ainda existe em seu peito e se esse sentimento é suficiente para fazer com que consiga perdoar Janaína, passar por cima das mágoas e ressentimentos que guarda dentro do seu coração e voltar a viver esse amor.
Algo que sempre gosto de fazer é prestigiar obras de autores nacionais para descobrir novos talentos do Brasil. O livro escolhido da vez foi “O Último Golpe do Amor”, de Cris Barbosa, publicado pela Editora Pandorga, que eu ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer. Como adoro romances, fiquei muito empolgada por essa leitura, principalmente depois de ter lido tantas críticas positivas por aí. E agora o que eu posso começar afirmando é que adorei essa primeira experiência com ela e mal vejo a hora de ler outras de suas obras (até o momento vi que ela tem mais um livro, “Uma Incontrolável Atração”, também publicado pela Pandorga. E já espero outros)!
A escrita da autora é muito gostosa. Daquele tipo que te prende nas páginas e faz com que você não tenha vontade de fazer outra coisa até acabar a leitura. E, se mesmo assim precisar parar (porque tem trabalho, aulas, etc.), fica pensando no livro e querendo voltar para ele. Além disso, a narrativa flui muito bem, fazendo com que a gente avance rapidamente na leitura e, quando percebemos, já chegamos ao final.
A trama faz com que a gente sinta um misto de sentimentos o tempo inteiro. Ora estamos felizes, ora indignados. Em algumas situações nosso coração está repleto de um calorzinho bom, em outras ficamos com raiva. E também há momentos em que a tristeza fala mais alto e depois é o amor quem vira protagonista. Uma das partes mais tocantes para mim foi poder conhecer a avó da Jana, já que eu perdi a minha no começo de 2018 e ela era uma das pessoas mais importantes da minha vida, então sinto muito a sua falta, ainda que sua personalidade não tenha sido parecida com a da vó Chica.
Gostei muito da Jana na maior parte do tempo, exceto por alguns detalhes e achei maravilhoso poder acompanhar a sua evolução e amadurecimento em toda a trama. Foi bonito e inspirador de se ver. Também curti muito a avó Chica, o Gil, amigo da protagonista. Porém, não posso dizer que senti o mesmo por Matheus. Acredito que ele tenha sido um babaca em alguns momentos e me irritei com muitas de suas atitudes.
Não sou uma nada fã de homens como ele, então por um gosto pessoal meu não consegui torcer tanto assim pelo casal, apesar de ter gostado muito de que o relacionamento entre eles não foi fácil, já que havia mágoa e ressentimentos, então soou real que tivesse que ser reconstruído aos pouquinhos. Teria sido simplesmente maravilhoso se não fossem essas atitudes do Matheus que mencionei acima.
A história foi narrada em primeira pessoa e temos a oportunidade de acompanhar as perspectivas de ambos os protagonistas. E dentro de cada capítulo o texto é separado ora pelo ponto de vista de Jana, ora pelo de Mah, com o nome do narrador principal em destaque. Gosto bastante deste tipo de narrativa, pois assim podemos conhecer mais a fundo cada um dos personagens, seus pensamentos, sentimentos e como agem, e também a trama de forma mais ampla, já que temos a chance de ver os dois lados de uma mesma situação.
“O Último Golpe do Amor” é um romance delicioso, leve e envolvente, que vai te conquistar com essa protagonista que vai em busca de redenção no amor, da reconquista e da confiança de seu amado por conta de um erro que cometeu no passado. Você vai sentir as mais diversas emoções e um quentinho no coração quando perceber que no final o amor sempre vence.
Avaliação





Black Hammer #01: Origens Secretas - Jeff Lemire, Dean Ormston & Dave Stewart

Quando um grupo de Super-Heróis salvou a metrópole Spiral City, não imaginava que iriam ficar presos numa fazenda em uma remota cidade-prisão suspensa no tempo. Mas foi isso o que aconteceu com a Menina de Ouro, Barbalien, Abraham Slam, Coronel Weird e Madame Libélula, que não sabem como ou porquê foram parar ali, nem como fazem para finalmente terem sua liberdade de volta.
Através de flashbacks sobre seus passados, as origens de seus poderes e suas histórias antes do acontecimento que fez com que ficassem presos ali por dez anos, vamos conhecer melhor cada um dos protagonistas enquanto eles tentam sobreviver na vida pacata que levam e tentam descobrir uma forma de escapar da realidade em que vivem – ou apenas se adaptam a ela.
Confesso que estava esperando um pouco mais dessa leitura, que tem um teor mais introdutório, apenas nos apresentando aos personagens de maneira não muito aprofundada, ainda que nos faça entender o que é necessário para seguirmos em frente com a história. Mas, de um modo geral gostei bastante do resultado final.
Algo que curti muito foi que o autor resolveu focar nos personagens e não nos acontecimentos em si, fazendo com que o leitor tenha a possibilidade de criar um vínculo maior com cada um e entender mais a fundo a maneira de ser deles individualmente e também o que enfrentam com sua realidade, como gostariam que as coisas fossem diferentes, como agem diante do cenário permanente em que vivem, suas reações, angústias, etc. Tudo isso faz com que a gente entenda-os para depois começarmos a ver como as coisas vão finalmente se modificar nas continuações, as quais estão ansiosa para conferir.
Sobre os acontecimentos, assim como com os protagonistas, não temos muitas informações ainda a respeito de como foram parar ali e como finalmente vão conseguir escapar do local e dessa situação, mas já temos a chance de ver alguma coisa podendo acontecer e estou bem curiosa para saber o que vem por aí.
Como eles estão presos nessa situação e também no local, sem entender como chegaram e se um dia vão conseguir sair, conseguimos sentir a angústia geral deles, assim como isso afeta mais umas pessoas do que outras, que acabaram se adaptando ao meio em que estão vivendo com uma facilidade maior. E, por conta disso, e de suas reflexões e busca por respostas, há um tom mais melancólico na trama.
Alguns personagens com certeza chamaram mais a minha atenção do que outros, porém todos eles me instigaram na mesma proporção. Há um clima sombrio por trás de algumas histórias e também permeando a realidade dessas pessoas que nos deixa aflitos e entusiasmados para saber mais.
As ilustrações ficaram por conta de Dean Ormston, que sofreu uma hemorragia cerebral (derrame) depois de finalizados os primeiros números dessas HQs, e felizmente conseguiu dar a volta por cima, fazendo fisioterapia e se empenhando bravamente em sua recuperação, conseguindo uma melhora significativa, ficando quase totalmente recuperado e podendo, assim, voltar ao projeto. Só por saber disso já senti minha admiração por esse artista crescer ainda mais e fico feliz em saber que ele conseguiu tudo isso.


Vox - Christina Dalcher

Quando eu a li a sinopse desse volume pela primeira vez, me encantei com a premissa da história e logo quis colocá-lo na minha pilha de leituras para conferir essa distopia, que fala sobre empoderamento e luta feminina. Esse é um tema pelo qual me interesso bastante, já que acho que nossa voz deve ser ouvida e gosto muito de histórias que abordam mulheres fortes. Com isso, comecei essa leitura e agora venho compartilhar com vocês as minhas opiniões.
Em Vox, conhecemos uma sociedade totalmente diferente da nossa atual, onde após as eleições de um governante muito extremista e bastante conservador, as mulheres e todos aqueles indivíduos que fogem do padrão dos “puros”, perderam totalmente as suas liberdades. E, com isso, as mulheres foram sentenciadas a viver com uma cota de palavras, na qual somente podem utilizar cem palavras por dia. Para ter esse controle, o governo utilizou um marcador no pulso de cada mulher e quando a mesma passa do limite das cem palavras no dia, é penalizada através de choques. Vemos também que as escolas são divididas entre meninas e meninos, e que as meninas aprendem atividades consideradas de mulheres, como costuras e afazeres domésticos, ao invés de uma educação normal como nos dias atuais.
E é nesse cenário que conhecemos a neurolinguista Dra. Jean McClellan, uma mulher que atualmente vive somente para cuidar do lar. Ela não pode mais ler nenhum livro, os computadores da casa ficam trancados, e até mesmo uma leitura simples como a bula de um remédio está proibida. Ela vive uma vida horrível com o seu marido e seus quatro filhos.
Tentando sempre ensinar tudo que sabe para Sonia, sua única filha mulher, ela tem bastante cuidado para não passar do limite das palavras e ver a sua filha sofrer ainda mais. Seus outros filhos, por serem homens, levam uma vida “normal”, na qual podem trabalhar, ir para a escola, etc. E é o seu filho mais velho que nos deixa mais revoltadas com as suas atitudes. Além de tratar a mãe como uma empregada, ele considera as atitudes do governo corretas, achando que os homens são melhores que as mulheres e que elas foram criadas por Deus apenas para servir aos homens.
Certo dia, um representante do governo bate na porta de Jean, falando que ela foi convidada a trabalhar em um caso para desenvolver um soro para ajudar o irmão do presidente a se recuperar de um dano cerebral que afetou a sua fala. E nossa protagonista, apesar de não querer ajudar o “governo”, sabe que se não o fizer, sua vida vai se tornar ainda pior.
Acompanhamos, então, a vida de Jean McClellan e as suas reflexões. Com uma narrativa em primeira pessoa, conseguimos entender melhor os seus sentimentos, angustias e motivações. E nesse cenário, temos a chance de ver como uma voz pode, sim, fazer a diferença.
O desfecho foi bem corrido e me decepcionou bastante em vários sentidos. Queria uma revolução, mas não da forma que foi feita. Não dá para ficar explicando muito, pois esse é o final do livro e seria um spoiler. Mas o que posso dizer é que esse volume em muitas vezes parece demais com a realidade de algumas/muitas mulheres, nas quais elas têm que se calar e se diminuir por conta de algum homem, que se acha superior e impõe o seu jeito violento. É um livro bem reflexivo, que nos leva a pensar na sociedade de uma forma geral, inclusive a nossa atual.
Nós, mulheres sempre devemos ser unidas. Ninguém solta a mão de ninguém e vamos lutar sempre por um mundo melhor, com mais igualdade. Nossa voz importa e precisamos ser ouvidas. Acho que esse é o ponto alto do livro.
Devo confessar que realmente detesto essa capa. É feia, genérica e não acho que passa a ideia do livro e nem mesmo desperta o interesse na leitura. Se eu não soubesse do que se trata, acreditaria que era algum livro chato de não ficção, o que eu acho uma pena, já que a obra deveria ser lida e chamar a atenção de todos.
Recomendo esse volume para todo mundo que se interesse por uma história um pouco mais pesada e reflexiva, que faz a gente pensar na sociedade de uma forma mais ampla e até mais cruel, que traz uma trama forte e envolvente, com personagens incríveis e bem reais. Apesar de esperar um pouco mais da protagonista e das suas motivações, esse livro com certeza me agradou e indico bastante a leitura.
Avaliação




2012 - A Era de Ouro - Carlos Torres & Sueli Zanquim

Dizer que o tempo passa rápido é soar clichê, a verdade é que só nos damos conta da passagem dele nas pequenas coisas. Quando você abre um livro que toda hora promete a si mesma que vai ler e já se passaram quase seis anos da compra dele. Sim quase seis anos para finalmente ler 2012 - A era de Ouro, dos autores Carlos Torres & Sueli Zanquim, publicado pela editora Madras.

Faz muitos anos que espiritualistas falam de novos tempos e mudanças planetárias. Para todo lado que olhamos vemos problemas e as vezes é difícil imaginar um mundo melhor, ou ainda encontrar seu local neste mundo onde a maldade ainda é forte. A partir de canalizações de Tania Resende os autores se propõem a analisar cada mensagem e expandir estes conceitos sobre mudança.

O livro é estruturado a partir das mensagens canalizadas, cada uma é posta com a referida foto do espírito, e posteriormente é comentada e explorada pelos autores, que vão desde as mensagens mais óbvias sobre comportamento humano até tópicos como sabedoria antiga no Egito.

Além de mestres ascencionados já conhecidos como Hilarion, El Morya, Saint Germain, Melquisedeque e Khuan Yin, temos entidades extraterrestres Rathal Zeh e Joahdi que transmitem mensagens muito interessantes. Muitas delas voltadas a época do de 2012, mas que ainda são atuais, visto que as mudanças planejadas ainda estão em processo. Ao final do livro cada um destes mestres tem suas fichas apresentadas, assim como um ótimo capítulo sobre Nikola Tesla.

2012 foi um momento de um novo começo no astral do planeta, muitos acreditaram que seria o fim dele, e talvez possamos dizer que de fato houveram fins, mas não em termos físicos. O que morreu foram alguns comportamentos, e nos dias de hoje cada vez mais vemos as pessoas como elas são, sem suas máscaras, pois elas não são mais capazes de serem colocadas. Cada um está mostrado ao que veio para Terra. Então 2012 marcou a mudança que começou a ser realizada no astral e que se reflete no dia a dia do ser humano. Isso ficou muito evidente agora na época das eleições, onde as pessoas se polarizaram em dois extremos e não conseguiram se esconder de suas opiniões.

Duas mensagens marcantes surgem ao longo de toda a trama, a primeira é a do amor próprio, não há como seguir em frente evoluindo sem que este se manifeste. Não há como amar ao próximo sem que você consiga olhar para si mesmo e se gostar, se cuidar e se querer bem. E a segunda mensagem é a do autoconhecimento.

O autoconhecimento é uma das chaves para a nova era, já que é só a partir de todo seu ser que você é capaz de evoluir, isto porque nenhum espírito espera que você seja perfeito, mas sim que você conheça suas limitações, medos e defeitos. Conhecendo sua própria sombra você é capaz de lutar contra as trevas, de a enxergar quando ela se aproxima, e transcender quando possível.


Um Acordo e Nada Mais - Clube dos Sobreviventes #02 - Mary Balogh

Vincent, o Visconde de Darleigh, é um jovem ex-soldado, que viveu o pior período de sua vida quando ficou cego e surdo na guerra por uma atitude que ele mesmo tomou. Depois disso, ele acabou ficando meio traumatizado e quase não teve um futuro, porém o Duque de Stanbrook lhe estendeu a mão e cuidou dele para que conseguisse superar seus traumas. Sua audição felizmente voltou, mas o mesmo não pode ser dito de sua visão. No entanto, agora Vincent vive uma vida normal, tem ótimos amigos, o Clube dos Sobreviventes, pessoas que vivenciaram coisas terríveis por conta da Guerra, uma família amorosa, um título novo e uma casa ainda melhor.
Sua família é bem unida e se preocupa com ele e seu futuro, então querem que ele arranje uma esposa. Por conta disso, arrumam uma pretendente nada bacana, o que faz com que Vincent decida fugir para não ficar preso num relacionamento horrível e ainda arrastar a moça consigo.  E é assim que ele se junta ao seu criado e foge para a casa de campo onde cresceu.
Nesse local, ele acaba ganhando bastante fama já que agora é um Visconde, então várias famílias de moças solteiras querem fazer com que ele se case com uma delas. Depois de sofrer uma nova emboscada e quase vivenciar uma situação “escandalosa” com uma delas, ele fica muito grato por ser salvo pela Srta. Sophia Fry, uma jovem desprezada e invisível, quase como um ratinho.
Por ter ajudado ele, Sophia acaba sendo expulsa da casa de seus tios com quem vivia por não ter pais, e se viu sem dinheiro, roupas, outros familiares ou um futuro. Ela não tem nada na vida e está bem desesperada, mas eis que surge Vincent com uma proposta tentadora: se casar com ele. Primeiramente, ela não quer aceitar, mas acaba sendo convencida de que essa é a melhor solução para o seu problema, enquanto ele vai se sentir aliviado porque foi indiretamente por sua culpa que ela acabou sem lar, e também porque pode tirar vantagens dessa união.
Com o passar do tempo, uma amizade vai surgindo e Sophia e Vincent acabam percebendo que pode haver mais sentimentos do que eles imaginariam. Mas será que vale a pena ter um relacionamento além do casamento ou eles devem seguir com seus sonhos pessoais de viverem felizes e sozinhos?
Mary Balogh vem sendo publicada há um tempo pela Editora Arqueiro. Até agora já foram lançados oito livros de sua autoria aqui no Brasil, sendo seis deles da sua série anterior (que já está completa), Os Bedwyns (tem resenha dos volumes aqui no blog, clique no título para ser redirecionado), e dois dessa nova, Clube dos Sobreviventes. Não li a primeira série da escritora, mas sempre ouvi tantas críticas positivas que queria conferir seu trabalho, afinal amo Romances de Época com todo o meu coração.
Então me aventurei nessas obras, nas quais cada história é protagonizada por um dos membros do “Clube dos Sobreviventes”, que se tornaram grandes amigos por terem sofrido muito com as consequências da guerra. Eles se reúnem quase todos os anos e possuem uma forte amizade, sendo que um sempre apoia o outro não importa o que aconteça. A premissa é bem bacana, mas até agora não fui conquistada por nenhuma das duas tramas. Mas acho que isso é algo bem pessoal meu, que gosto de histórias com um pouco mais do romance trabalhado, o que não aconteceu até o momento.
É química entre os protagonistas que você quer? Então aconselho que procure outro livro, porque infelizmente isso faltou aqui. O casal não tem nada de especial ou que tenha me feito suspirar, e nem combina. Pelo contrário, achei tudo tão morno que até demorei muito lendo o livro.
Acho que os dois têm personalidades muito semelhantes, o que poderia funcionar em alguns casos, mas aqui não funcionou para mim. Ambos eram muito calmos, muito contidos, não faziam o que queriam, não diziam o que pensavam, não tinham personalidades fortes ou ativas. Eles apenas estavam ali, apenas existiam e não se incomodavam com isso. Acho bacana quando há um personagem assim, mas acho que tanto um quanto o outro combinaria melhor com alguém complementar, alguém que o impulsionasse, que puxasse o melhor do outro e fizesse uma diferença significativa na outra vida. Fora que, por conta dessa apatia de ambos, rolava uma falta de diálogos relevantes entre os dois. Eles conversavam mais coisas banais do que assuntos interessantes, o que acabou sendo chato.
Por outro lado, a construção dos personagens é maravilhosa. A autora trabalhou muito bem com o passado dos protagonistas, com o que eles tiveram que lidar para chegarem aonde estão, o que fez com que eles sofressem tanto antes, que agora precisem lidar com os assombros e consequências do período anterior, etc.
Fora que tudo é bem realista em relação as personalidades deles. Eles sofrem e têm que lidar com sequelas emocionais resultantes de seus passados. Vincent tem ataques de pânico porque agora é cego, porque já viu a cor e as coisas com seus próprios olhos anteriormente, mas agora não tem mais oportunidade, ele sofre em alguns momentos quando percebe que tudo ao seu redor é preto e vai continuar sendo. Foi bem emocionante e também deu para sentir seu terror, suas emoções, quando ele vivenciava esses ataques e esses pensamentos aterrorizantes.
Enquanto Sophia (que até agora eu não tenho certeza se na verdade se chama Sophie, porque havia uma variação dos dois nomes o tempo inteiro) perdeu ambos os pais quando jovem, e foi morar com uma tia que a negligenciava, até que esta morreu e foi enviada para outra que fazia o mesmo e assim por diante. Ela nunca foi querida em lugar nenhum e sua primeira paixão também não foi nada bacana, já que o rapaz, que era seu familiar, fez com que ela se sentisse péssima, feia e sem graça, como se nunca pudesse ter a chance de alguém gostar dela. Então ela sofre com bullying e memórias do passado até hoje, fazendo com que sempre fique escondida e quase invisível.
A narrativa da autora é leve, mas também tem pontos dramáticos intensos e uma carga emocional bem trabalhada, como comentei acima. Porém, o pano de fundo do casamento e da aceitação de um Visconde, que a princípio nem mesmo queria se casar e depois escolheu uma garota aleatória sem paixão, amizade, família influente ou dinheiro para contrair matrimônio bem rapidamente, por seus amigos e familiares, foi sem sentido, meio fantasioso e apressado demais na minha opinião.


Jane Eyre - Charlotte Brontë


Jane Eyre vive uma vida intensa. Desde pequena, passou por diversos sofrimentos, momentos tristes e repreensões, mas sempre se manteve fiel a seus princípios, sendo firme e independente e tentando dar o máximo de si em tudo o que faz. Sem saber o que é amar e ser amada por ninguém além de si mesma, ela sabe seu valor e vai em busca do que acredita ser o melhor. Porém continua enfrentando tempestades e pessoas desnecessárias.
Quando finalmente entende o que é amar alguém e ser amada de volta, o destino lhe proporciona uma descoberta que acaba mexendo com toda a sua vida e fazendo com que ela tenha que se adaptar ao novo mais uma vez. Sem deixar de lado sua força e perseverança, ela recomeça para enfrentar o que estiver pela frente, amadurecendo a cada etapa e encontrando mais força dentro de si para continuar sua jornada. E, no meio do caminho, Jane se aproxima de mais pessoas, evolui como ser humano, aprende mais e decide ir em busca de seu final feliz.
Eu já conhecia a história de Jane Eyre porque há alguns anos assisti à adaptação cinematográfica homônima estrelada por Mia Wasikowska e Michael Fassbender. Na época, gostei bastante do filme, mas não estava preparada ainda para ler o livro, porque achei que tinha um tom mais melancólico e não era o que eu precisava/apreciava naquele momento numa leitura. Porém, alguns poucos anos se passaram desde então e hoje eu me sinto mais preparada para ler obras com esse teor melancólico e também estou mais acostumada a ler Clássicos, então simplesmente fiquei apaixonada pela leitura, que entrou para uma das minhas favoritas da vida. E é assim que podemos concluir que é sempre melhor encontrar o seu tempo certo de ler determinado livro. O que poderia não funcionar em um momento de sua vida pode se encaixar perfeitamente em outro e te entregar uma experiência maravilhosa.

Se tem algo que eu absolutamente adoro são mulheres fortes, então livros protagonizados por elas me enchem de felicidade e orgulho. E posso afirmar que Jane Eyre, definitivamente é uma das protagonistas femininas mais fortes que já conheci em minha vida de leitora. Foi realmente muito admirável vê-la lutando para ser ela mesma, independentemente do que os outros faziam, falavam ou como gostariam que ela agisse. E se tivesse que enfrentar o que fosse para continuar com seus princípios e seu caráter, fazia sem nem pensar duas vezes.
Talvez por conta de sua idade (ela tinha apenas 18 anos) e vivência até aquele momento, já que não conhecia muito do mundo ou das pessoas, afinal viveu numa casa ruim com gente desagradável e nociva por toda a sua infância, depois viveu quase trancada num local convivendo apenas com mulheres (salvo uma ou outra visita de homens ao local, mas com quem não tinha muito contato direto), Jane Eyre é bastante ingênua e também submissa em determinados momentos. É claro que o leitor que conhece sua personalidade forte, determinada e sincera espera que ela só entregue comportamentos condizentes e mais rebeldes, sem abaixar a cabeça para qualquer situação. Mas eu entendi a personagem, ainda que tenha querido que ela fosse menos submissa algumas vezes.
Porém, é bem difícil sermos exatamente quem queremos ser hoje em dia (isso vale para ambos os sexos, apesar de ainda ser mais difícil para as mulheres) e isso porque vivemos num século mais avançado e mais liberal do que o que ela viveu, então consegui enxergá-la como quem realmente era: uma garota bem jovem, que ainda não conhecia muito da vida, que não tinha dinheiro, família, pessoas queridas por perto, amigos, que não tinha para onde ir, nem muito o que fazer de sua vida, já que a sociedade restringia muito as mulheres e suas “permissões”, e pela primeira vez em sua existência estava se sentindo bem. E ainda é dona de uma personalidade bondosa que só quer fazer o bem ao próximo e sempre ajudar no que puder.

Ela curtia aquele novo ambiente, gostava das pessoas que estavam por perto, de seu trabalho e de Adèle, de ter um teto para morar, comida para comer, fogo para se esquentar, indivíduos com quem pudesse conversar e também alguém que fazia seu coração ficar mais quente. E isso se repetiu novamente depois, quando ela foi para outro lar e gostava muito da convivência com aquelas pessoas, com quem logo construiu amizades genuínas. E Jane não queria estragar essas coisas, então acabava abaixando a cabeça em determinados momentos, mas sem nunca perder sua essência, seu discurso afiado ou sua personalidade adorável, sincera e autêntica, falando o que pensava, sem se importar com as consequências, desde criança. E foi por isso que amei a personagem.
Devo dizer que Sr. Rochester é um personagem de quem gosto bastante, ainda que não aprove ou concorde com todas as suas atitudes. Pelo contrário, inclusive detestei algumas de suas falas e modo como tratava Jane. No entanto, olhando pelo ponto de vista dele e não do de Jane (ou de uma mulher ou de alguém do século XXI), pude entender que como um homem daquela época, como foi criado e como via outras pessoas, além do que era esperado dele, parecia que Rochester simplesmente não entendia e/ou não gostaria de aceitar seus sentimentos por Jane Eyre, provavelmente por conta de sua própria condição de um homem de posses, rico e respeitável, mas, mais do que isso, porque ele era bem mais velho e também por tudo o que passou em sua vida. E pareceu que ele achava difícil de acreditar que ela pudesse nutrir por ele uma reciprocidade de sentimentos, já que não o achava bonito e era muito mais nova.




Eu Perdi o Rumo - Gayle Forman

Eu já havia lido “Eu Estive Aqui” de Gayle Forman, que conseguiu me conquistar com sua narrativa e com seus personagens, e gostei bastante da história. Sendo assim, sempre tive interesse em ler novamente outro livro dessa autora, mas ainda não tinha surgido uma oportunidade, até que peguei em mãos “Eu Perdi o Rumo”, lançamento recente dela e também sua volta a histórias para o público jovem adulto, e resolvi passá-lo na frente de outros volumes da minha pilha de leituras para começar a lê-lo. Agora, venho compartilhar com vocês todas as minhas opiniões a respeito desse título.
Nesse exemplar conhecemos três jovens que perderam algo muito importante e, com isso, o rumo. Freya, uma jovem que bombou nas redes sociais após gravar uma música cantando para seu pai que iria embora para Etiópia, acabou tendo um problema com sua voz no meio das gravações de seu álbum de estreia, e, portanto, não consegue mais cantar. Agora, ela acha que seus fãs vão esquecê-la e sofre bastante com isso. A sua relação conturbada com a irmã também é um dos motivos que fazem a nossa protagonista se sentir perdida.
Harun é um jovem muçulmano que perdeu o amor de sua vida, porém está disposto a conquistá-lo novamente. O único problema é que ele vem de uma família tradicional que não faz ideia de que é gay. Por esse motivo, manteve seu relacionamento com James escondido de todos, já que não tinha coragem de enfrentar os seus pais e contar a sua orientação sexual, uma vez que acha que isso vai fazer com que eles deixem de amá-lo.
Nathaniel é um jovem com um passado conturbado, uma vez que a sua mãe foi embora quando ainda era pequeno e ele optou por ficar morando com o pai. E, com o passar dos anos, vemos que, mesmo com a sua pouca idade, ele sempre foi um menino responsável, que abriu mão da “própria vida” para cuidar de seu pai. Após perder o seu rumo, chega em Nova York com uma mochila nas costas e um mapa com trajetos de diferentes lugares que ele e seu pai sonhavam em visitar.
Esses três personagens não têm muitas coisas em comum, a não ser o fato de todos eles estarem sem rumo em suas vidas. E assim acompanhamos como as vidas deles acabam se entrelaçando depois de um acidente inusitado e assim cada um vai revelando um pouco de si, seus medos, angústias, e suas histórias.
O livro é narrado no passado em primeira pessoa e no presente em terceira, intercalando a narrativa com as principais perdas de cada personagem, trazendo características bem opostas de todos eles, e fazendo com que a gente descubra um pouquinho mais sobre cada um à medida que vamos lendo. Assim, a gente consegue se identificar e entender melhor o que estão passando e também tudo o que estão sentindo.
Com uma escrita bem envolvente, a trama vai revelando o passado dos nossos protagonistas através de flashbacks, já que a história em si se passa em apenas um dia, e por conta disso conseguimos entender de uma forma mais ampla sobre a vida de todos eles em meio a dores e perdas.


Noites Brancas - Fiódor Dostoiévski


Em todos esses anos de leitura eu sempre me pegava pensando em ler algum autor clássico russo, minha experiência com os russos se limitava a teóricos de outras áreas, mas até então nunca peguei algum de peso literário. Para começar finalmente essa saga escolhi alguma obra pequena para sentir o clima, o escolhido foi Noites Brancas, do autor Fiódor Dostoiévski, publicado pela Penguin Companhia.

Na São Petersburgo do século XIX um homem solitário passa seus dias pelas ruas observando as pessoas e os acontecimentos que o cercam. Muito tímido ele tem dificuldade de estabelecer relações com as pessoas, especialmente com as mulheres.  Em um de seus passeios ele observa uma jovem chorando a beira do rio, e decide ajudá-la, depois de uma pequena perseguição ele acaba por ajudá-la a se defender de um homem. E a partir deste momento começa aprender com Nástienka como ser mais humano e homem.

O livro é composto pela novela Noites Brancas e o conto Polzunkov. Noites Brancas é narrado pelo protagonista, o sonhador, em primeira pessoa. Não espere como é de costume de narrativas em primeira pessoa uma narrativa muito coesa e linear, já que o personagem divaga pelas ruas e em seus pensamentos, e mesmo depois quando conhece Nástienka ele têm diversas falas que não se conectam muito bem.

Vou ser muito honesta em dizer que tive diversos sentimentos ao longo da leitura, comecei otimista e gostando da estória, mas quando ele começa a falar de si mesmo para mocinha ele se coloca como o sonhador e divaga tanto que eu me perdi nos sentidos, e não vi razão para seu discurso, a ponto de não ver a hora de acabar. Mas quando a fala é passada para Nástienka, embora ela também não seja alguém que podemos dizer 'normal', sua fala é muito mais coerente e que de fato nos conta alguma coisa, e salvou a estória para mim.

O sonhador é um personagem melancólico e pessimista, mesmo assim sonha o tempo todo com o dia em que vai conhecer as pessoas e conseguir ter uma mulher. Mas acredito o fato de nunca conversar com as pessoas o fez ter falta de habilidade para um discurso comum. Ele não sabe como abordar alguém e se apresentar. Ele se atropela nas falas, não consegue não compartilhar seus pensamentos, aqueles que costumamos guardar para nós mesmos. Enfim ele é um homem com uma mentalidade infantil, e até soa um pouco atrasado.

Já Nástienka é uma adolescente ainda, com apenas dezessete anos, tem uma estória de privação grande já que a avó cega não a deixava sair de casa. Cheia de sonhos e dona de uma grande inocência ela facilmente estabelece uma amizade com o nosso protagonista. E abre seu coração a ele falando sobre seu amor por um inquilino da avó.

Um fato que me incomodou muito é que o livro se passa ao longo de poucos dias, quatro encontros do casal ao todo, que se dão em uma espaço de seis dias. E nesse pequeno tempo o sonhador já se apaixona perdidamente pela mocinha, de uma maneira shakesperiana e desesperada. A mocinha também é toda visceral e intensa como se o mundo fosse acabar, e entrega seu destino nas mãos do sonhador para ajudá-la, sem nunca o ter visto antes. Ela ainda pode ter uma atenuante pela sua adolescência, mas ele não. Esses amores instantâneos nunca me agradam.


Uma Bolota Molenga e Feliz - Rabiscos da Sarah #02 - Sarah Andersen

Mesmo que eu já tenha visto algumas das tirinhas da Sarah nas redes sociais e me identificado completamente com várias delas, foi somente quando li “Ninguém Vira Adulto de Verdade”, o primeiro livro dessa sua até agora trilogia (estou esperando novos exemplares, claro!), é que eu conheci ainda melhor o seu trabalho e fiquei mais do que inteiramente apaixonada! Afinal, fiquei com aquele tipo de sentimento: Ela sou eu! E tenho certeza de que ela também é muitas outras pessoas ao mesmo tempo.
Sério, é fácil se identificar com cada tirinha e até se sentir acolhida. Daquele tipo: “Oh, não estou sozinha nisso!” ou “Nossa, eu totalmente concordo com essa situação ou fala”, “Ah, eu penso assim também!, “Me identifiquei com isso, e com isso, e aquilo outro!” ou até mesmo “Não acredito que ela desenhou justamente o que aconteceu comigo ontem – ou todos os dias da minha vida!”. E por aí vai.
Ela fala muito sobre a transição da fase jovem para adulta, na qual as responsabilidades vão ficando mais intensas, assim como as cobranças e o padrão que a sociedade nos impõe, mesmo que estejamos vivendo épocas diferentes de nossos familiares e antepassados, fazendo com que a gente sinta a pressão para se encaixar onde nem sempre estamos aptos ou preparados. E, ver que sua protagonista também está vivenciando as mesmas coisas que nós, nos deixa mais aliviados ou animados já que podemos entender que não somos os únicos vivendo esses tipos de transição e mudanças.
Andersen também fala sobre relacionamentos, beleza, dinheiro, livros, inseguranças, perrengues que passamos no dia a dia, trabalho, família, situações sociais, ansiedade, animais (especialmente gatos), mulheres e dilemas que passamos, etc. Ela utiliza bastante suas experiências pessoais para nos apresentar cada uma das divertidas tirinhas, trazendo um tom cômico bem gostoso para essas coisas sérias, deixando tudo mais suave.
Na segunda metade da obra, Sarah faz alguns comentários e também nos apresenta backgrounds de algumas de suas tirinhas para nos explicar coisas que nem sempre dá para ser mostrado nos desenhos ou no pequeno espaço de texto que cada quadrinho tem. E eu adorei isso! Me fez sentir ainda mais próxima dela, das coisas que estava ilustrando e das situações que vivenciou.
Até o momento, três volumes reunindo quadrinhos variados de Sarah Andersen foram publicados tanto aqui no Brasil quanto no exterior. O terceiro é “A Louca dos Gatos”, que eu ainda não li, mas pretendo ler em breve, principalmente porque sei que vou me apaixonar por ele tanto quanto por seus antecessores.


As Brumas do Ébano - Os Mistérios de Warthia #03 - Denise Flaibam


Eu definitivamente preciso ou ler algumas séries na sequência ou os autores têm que dar uma ajudinha para lembrar os acontecimentos passados. É ruim quando você lê uma sequência e fica meio perdida nas primeiras páginas porque já faz um tempo que leu o livro anterior. Entre o terceiro livro e o segundo não teve tanto tempo como do primeiro e o segundo volumes, mas As Brumas de Ébano, terceiro volume da série Mistérios de Warthia, escrito pela brasileira Denise Flaibam, e publicado pela editora Mundo Uno, ainda me deixou um pouco perdida no seu inicio. Esta resenha contêm spoilers.

Serafine consegue escapar da Fortaleza do Dragão depois de sua queda, ela segue para a terra das brumas, um local repleto de sombras para encontrar seu novo mestre e dominar um novo elemento. Mas as sombras já estão dominando muito território e a marca que carrega dentro de si a assombra cada vez mais, a batalha já não é mais apenas com o grande espírito que carrega e os seres sombrios, agora as sombras lutam para dominá-la, e Serafine tem uma batalha interna para não enlouquecer e deixar as sombras a dominar.

Com sua narrativa em terceira pessoa continuamos acompanhando Serafine e sua saga para conquistar os elementos e se tornar a escolhida que irá salvar Warthia das trevas. Devo frisar mais uma vez como na resenha do livro anterior que a autora falha em não fazer uma pequena recapitulação dos acontecimentos, visto que são inúmeros personagens e acontecimentos anteriores, são muitas coisas para lembrar, ainda mais para quem lê muitos livros. Mas quanto ao estilo de escrita de Flaibam continuo só nos elogios, o modo como ela cria diversas camadas de acontecimentos que vão se unindo aos poucos para a grande guerra são muito interessantes.

O grupo de Serafine é composto por Jarek, seu guardião juntamente com o fofo ( e ele que não me ouça!) Guillian. Mas a procura deles esbarra em inúmeros acontecimentos e problemas, e inclusive com o encontro de uma pessoa que a garota jamais pensou em encontrar! O outro núcleo é o do Rei Jon que avança para o norte para recuperar o castelo do irmão Demetrius que caiu nas sombras, sua saga também não se revela nada fácil, e problemas atrás de desafios surgem.

Por fim com menos regularidade, mas ainda sim surgem pequenos trechos do que a guardiã Ývela está passando no reino das águas. Ela teve que assumir o lugar da mãe quando esta faleceu para que os leviatãs não ressurjam, e seu sacrifício será enorme para que consiga alcançar seu objetivo.

De todos os livros este de longe é o mais sombrio, e o que mais exige do leitor porque é repleto de sequências de ação não só de ataques físicos mas também mentais, já que a maioria dos personagens já foi tocado pelas sombras e esta deixa sua marca, assombrando eles, os tentando a cair. São raras a cenas mais tranquilas ou que nos deixam um pouco de fôlego. Isso pode ser um pouco cansativo as vezes e repetitivo, já que muito se martela no quesito das sombras dominarem ou estarem ao redor, ninguém tem paz, está sempre sendo perseguido ou vigiado.

Serafine está um pouco chata neste volume porque passa muito tempo dentro de si mesma combatendo sua marca, que muitas vezes não deixa claro se trata-se apenas da marca pela possessão que passou ou se é também uma questão de conhecer a si mesma, seu lado sombrio e sua relação com o espírito que cada dia mais a domina sem deixar que ela se lembre do que ocorreu.

Jarek continua irônico, mas devido ao seu relacionamento se fortalecer cada vez mais com Serafine ele adota uma postura mais amorosa e defensiva para com sua protegida, assim como também compreensiva. Guillian não desenvolve muito, está sempre presente, e é um apoio fundamental mas sua estória não avança muito assim como de Sibila, são coadjuvantes.