A Princesa Prometida - William Goldman

Buttercup é linda. Tão linda que arrebata todos os homens que a veem e deslumbra a todos por onde passa. Por ser uma jovem camponesa sem muitos recursos, não conhece muito do mundo. Porém, quando o jovem e humilde Westley vai morar na fazenda dos seus pais, ela começa a maltratá-lo e lhe manda fazer tudo o que quer só para poder chamar a atenção dele. A relação dos dois começa assim, com ela mandando e ele obedecendo com poucas palavras. Até que decidem confessar o que sentem um pelo outro. Inspirado por esse sentimento grandioso, ele decide ir embora para enriquecer e ser alguém na vida para depois voltar para ela e os dois poderem se casar e viver esse amor.
Durante essa jornada longe, eles continuam trocando juras de amor e promessas através de cartas. Porém, o pior acontece e o navio em que ele estava acaba sendo surpreendido e invadido por piratas, sendo um deles um temível homem que nunca deixa sobreviventes. Devastada pela perda do seu amor, Buttercup desiste de tudo e decide que nunca mais vai amar ninguém.
Cada vez mais bonita, ela acaba chamando a atenção de algumas pessoas e o sádico príncipe Humperdinck então decide que a quer como sua esposa para poder lhe dar herdeiros. Ela acaba aceitando, sabendo que nunca vai amá-lo. Porém, perto do casamento, a jovem é sequestrada e quem aparece para salvá-la é justamente o amor de sua vida, o destemido Westley.
É claro que ele vai fazer de tudo para ficarem juntos logo, porém o destino não quer que isso aconteça tão cedo, afinal eles precisam enfrentar diversos perigos pelo caminho. Entre eles, gigantes poderosos, um dos melhores espadachins do mundo, um homem muito inteligente, um príncipe cruel e desumano que é ótimo em caçadas, e muitas outras coisas aparecem para atrapalhá-los. Mas quando o amor é verdadeiro, tudo pode ser superado. Ou pelo menos é isso que se espera.
Primeiramente gostaria de começar essa resenha dizendo que eu nunca assisti ao filme homônimo que foi originado a partir dessa obra e fez bastante sucesso na década de 1990, principalmente por causa da Sessão da Tarde. Quero dizer, acredito que eu nunca tenha assistido, mas é claro que não posso ter certeza já que não me lembro de tudo que vivi naquela época, já que eu era bem novinha, porém se isso aconteceu não foi algo marcante, já que não me lembro de absolutamente nada. Então eu não comecei essa leitura como muitas outras pessoas, com aquele sentimento gostoso de nostalgia que nos acompanha em situações como essa (se fosse “A História Sem Fim”, isso tudo mudaria de figura).
Por isso, minhas expectativas estavam boas, mas não era nada extraordinário. Porém, vi muitas pessoas elogiando essa obra, dizendo ser uma aventura épica bem divertida e emocionante e com uma história de amor deliciosa. E devo dizer que eu realmente sou fã de histórias de amor.  Então é claro que fiquei empolgada esperando encontrar algo digno de ser semelhante a “Robin Hood”, que por sinal eu amei.
E no começo estava realmente achando tudo bem interessante e divertido, e estava adorando passar aquele tempo em companhia desse livro. Porém, conforme as páginas foram avançando eu comecei a ficar entediada e achei a leitura meio maçante e também muito cortada, fazendo com que eu não conseguisse criar vínculos fortes com nada que ia acontecendo e nem desesperada para chegar logo ao final para ver como tudo ia ser resolvido – ou talvez estivesse, mas só porque eu queria acabar logo com aquilo.
Algo que achei bem interessante é esse pano de fundo com diversas coisas acontecendo, muitas situações inusitadas, diversas aventuras e perigos que os personagens iam enfrentando pelo caminho. Gostei bastante do fato de que há umas reviravoltas maravilhosas, que nos fazem acompanhar coisas diferentes e fantasiosas, dando um ar bem bacana e divertido para a trama.
Também curti o fato de o autor conversar com o leitor em diversos momentos, no meio da leitura, fazendo comentários ora interessantes ora explicativos sobre alguma cena que aconteceu ou ia acontecer ou mesmo sua relação com aquele ponto do enredo. Por falar nisso, desde o começo do exemplar, temos a oportunidade de conhecer melhor a relação de William Goldman com essa história, que ele diz que na verdade foi uma adaptação por sua parte de uma já existente, a qual editou e deixou somente as partes boas – as que ele acreditava serem boas.
Ele também fala sobre como conheceu esse livro quando ainda era um menino e ficou doente e passava horas com seu pai semianalfabeto lhe contando partes dele todos os dias para ajudar a passar o tempo mais rápido. Essa relação é bem bonita e gostei de acompanhá-la. Depois ele também fala sobre como foi transmitir a história para o filho e a adaptação, etc. Algo que me incomodou nesse papo com o autor é que nós também temos a oportunidade de conhecer um pouco de sua personalidade, e ele fez determinados comentários que realmente, realmente me chatearam e me decepcionaram.
Na quarta capa do exemplar há um texto que diz que essa é “uma história fictícia baseada num livro fictício sobre supostos fatos históricos passados numa cidade que nunca existiu”. E as únicas informações que encontrei sobre o “verdadeiro” autor, S. Morgenstern, é que ele deve ser fictício. Então não tenho certeza se essas experiências e lembranças de Goldman são reais (mesmo que com relação a outro título) ou apenas parte do imaginário que ele utilizou para construir a obra “A Princesa Prometida”.
Porém, senti falta de algumas explorações e explicações mais detalhadas sobre alguns momentos da trama, o que me incomodou bastante, devo confessar. Algumas cenas eram bem demoradas e detalhadas, mas outras importantes eram rápidas e corridas. Inclusive queria que alguns detalhes que ele diz que cortou tivessem sido criados e acrescentados aqui para deixar o enredo mais completo. E achei alguns detalhes chatos – por falta de uma palavra melhor.
E os comentários no meio da trama ao mesmo tempo em que tinham conteúdo muitas vezes interessantes, também acabavam cortando bastante o ritmo da mesma, fazendo com que a leitura fosse mais cansativa para mim, que precisava retomar aquele clima novamente.
No final do exemplar, o autor traz muitos detalhes sobre sua vida pessoal, como foi a publicação e a adaptação para o cinema, e esses processos, dando mais uma grande quebra no ritmo, já que ainda faltavam alguns trechos da história em si – ou como se fossem extras depois do final. E isso tudo foi bem maçante. Algo interessante desse final pós trama é que ainda temos a chance de ver uma pequena participação de Stephen King conversando com o autor. Eu gostei bastante dessa parte, embora não saiba se é real ou mais ficção. Inclusive há dois capítulos com textos sobre a Edição Comemorativa de 25 e de 30 anos.
A edição nacional publicada pela Intrínseca está realmente linda. A começar por essa capa que é simplesmente divina! Amos ilustrações e essas me conquistaram, ainda mais porque retrata cenas do enredo. A capa é dura, com acabamento soft touch (textura aveludada), a folha de guarda é laranja com um mapa com linhas brancas de Florin, reino fictício onde passa a trama, e Guilder, o reino vizinho e inimigo. A diagramação do texto é bem confortável para a leitura, os comentários aparecem e itálico para diferenciar da história, cada parte é separada por uma folha apenas com o título e uma moldura, e do outro lado é cinza, e as páginas são amarelas. Depois vou atualizar o post com fotos para vocês conferirem.
Algo bem bacana em minha opinião foram os personagens, todos intrigantes, bem caricatos e realísticos de certa maneira, já que têm personalidades marcantes e erram e acertam o tempo todo. Não são cem por cento uma coisa e podem até mudar de lado. Também gostei muito dos cenários, ambientação e fatos históricos (que eram ficcionais, é claro), que só acrescentaram ainda mais para o enriquecimento da trama. E das reviravoltas e atitudes inesperadas. E outro ponto que adorei foi o tom cômico e irônico que encontramos o tempo todo, seja na trama principal ou nos comentários de um dos dois autores – o ficcional ou o verdadeiro.
Tudo bem, o livro é até legal e essa experiência de um autor conversando com o leitor sobre um outro autor fictício e sua experiência com essa obra foi interessante. E também entendo o que algumas pessoas conseguiram enxergar aqui, mas sinceramente não foi o melhor para mim. Principalmente por conta do final, que foi bem corrido e também sem graça. Mas sei que muitas pessoas podem acabar gostando mais de “A Princesa Prometida” do que eu – inclusive vi diversas resenhas muito positivas sobre a obra, então leiam, tirem suas próprias conclusões e depois podem vir me contar o que acharam.
Avaliação



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