Uma Proposta e Nada Mais - Clube dos Sobreviventes #01 - Mary Balogh

Lady Muir, Gwendoline, se tornou viúva bem cedo e, por ter tido um casamento não muito agradável, decidiu seguir com sua vida tranquila sem ter vontade de se casar novamente. No entanto, agora se sente solitária e decide arranjar um marido agradável, calmo e inteligente.  Em um passeio solitário quando estava viajando para confortar uma conhecida que ficou viúva recentemente, ela acaba se machucando e, por conta de sua perna que já era manca, fica sem ter como agir. Até que conhece Hugo Emes, o lorde Trentham, que ganhou o título por conta de uma missão suicida que liderou, da qual saiu vivo na guerra. Ele lhe ajuda e eles começam a ficar mais próximos.
Hugo também quer um casamento porque seu pai faleceu deixando-o com uma grande riqueza e muitas responsabilidades, incluindo cuidar de sua irmã mais nova e de sua madrasta. Como ele é fechado e carrancudo, não sabe como agir e decide encontrar uma esposa boa para lhe ajudar a enfrentar determinadas obrigações. Porém, ele tem um pouco de preconceito com pessoas da aristocracia e, mesmo antes de conhecer Gwendoline muito bem, a julga superficial e mimada.
Mas como nem tudo acontece da maneira ideal que planejamos para nós mesmos, um acaba se sentindo cada vez mais atraído pelo outro, tanto física como psicologicamente, e agora eles precisarão decidir se isso basta para um casamento satisfatório, agradável e duradouro.
A autora, Mary Balogh, já havia sido publicada anteriormente no Brasil, também pela Editora Arqueiro, só que com a série de seis livros “Os Bedwyns”, que inclusive já teve diversos volumes resenhados aqui no blog (clique no título para conferir nossas opiniões). E dessa vez a editora escolheu uma de suas séries mais recentes, “Clube dos Sobreviventes”, cuja obra inicial é esta, “Uma Proposta e Nada Mais”. Como Romance de Época é meu gênero favorito, e eu ainda não tinha lido nada escrito por Mary e queria conhecer sua narrativa, resolvi me aventurar nela.
Com tantas opiniões muito positivas a respeito da autora e de sua escrita, eu estava esperando uma história maravilhosa de fazer suspirar. Então minhas expectativas estavam realmente bem altas. Mas confesso que não curti tanto assim. Achei o casal protagonista bem sem graça. Eles não tinham química e nem senti qualquer tipo de ligação, muito menos uma tão profunda que resultasse em amor. Não consegui senti-los se apaixonando e nem nenhuma emoção vinda de qualquer um dos dois e isso foi realmente a parte mais frustrante da leitura. Não é um livro ruim, porém também não foi empolgante ou que fez meu coração se animar ou se apaixonar. Só me senti normal lendo, nem odiando nem adorando qualquer coisa.
Por outro lado, gostei da escrita da autora, que é interessante e bem desenvolvida. Uma das minhas partes preferidas é que ela construiu muito bem a personalidade e o pano de fundo da vida de cada um dos protagonistas, trazendo profundidade e realidade à trama. Ou seja, nós temos a oportunidade de conhecer a fundo os personagens, seus passados, suas motivações e pensamentos.
E também pudemos conhecer o lado ruim de cada um, seus traumas, sequelas emocionais e dificuldades em superar determinadas questões. Afinal, o ser humano é complexo e sempre tem que trabalhar questões dentro de si, e ver que a autora soube transmitir isso tão bem em palavras, fazendo com que nos aproximássemos dos personagens, foi realmente muito gratificante.
Porém, algo que me incomodou também é que os protagonistas quase nunca conversavam! Praticamente em quase nenhum encontro eles tinham uma conversa mais duradoura. Geralmente um ficava ao lado do outro sem querer falar alguma coisa ou sem saber o que dizer, então só ficavam quietos. Inúmeras vezes a autora usava esses argumentos, fazendo com que eu sentisse muita falta de interação entre os dois. E até agora não sei quando o amor começou.
Quero dizer, nós, leitores, pudemos conhecer ambos muito bem. Inclusive porque eles não estavam falando um com o outro, mas estavam pensando bastante. Então tivemos a oportunidade de ouvir aquilo que eles não tinham coragem de dizer em voz alta. Claro que em determinados momentos um falava um discurso enorme para o outro, revelando algo de seu coração ou de sua vida, ou até contando algo de seu passado. Mas, quando algo assim acontecia, na maioria das vezes o outro só ficava ali ouvindo, sem comentar ou acrescentar nada na conversa, quase como se o outro estivesse fazendo apenas um monólogo, e depois mudava de assunto ou eles se separavam.
A obra tem um ritmo constante, mas é repleta de sentimentos, emoções afloradas (com relação aos personagens em si e seus passados) e muita sensibilidade. Com certeza consegue tocar o leitor em diversos momentos. Além disso, o texto é bem descritivo, fazendo com que tenhamos facilidade em mergulhar no enredo e também na época em que a trama se passa, como se realmente estivéssemos fazendo parte daquele cenário e naquele período e isso é muito agradável.
Mas teve um ponto que me incomodou tanto, mas tanto que eu fiquei bem indignada. Em pelo menos quatro situações, a autora insiste em dizer que o protagonista preferia enfrentar novamente uma missão suicida a ter que participar de alguma outra coisa – sendo essa coisa um baile da Alta Sociedade ou um encontro com pessoas da nobreza. Mas, gente! Que absurdo é esse? Achei esse comentário completamente infeliz! Como assim ele preferia enfrentar novamente uma situação que trouxe diversas mortes e ferimentos irreparáveis, que modificaram negativamente a vida de inúmeras pessoas e suas famílias ou entes queridos, e ainda resultando muitas vezes em questões psicológicas intensas e muitos traumas, só para não ter que participar de um baile com pessoas ricas e com títulos ou dançar nesses locais?! É sério, não consigo aceitar esse argumento. Menos ainda porque ele sabe o terror da guerra e viu de perto os resultados horríveis que ela traz às pessoas, inclusive ele mesmo teve sua cota de questões e problemas. Acho que a autora não pensou realmente no que estava dizendo quando fez esse comentário diversas vezes, mas que realmente me chateou, isso com certeza!
A narrativa é em terceira pessoa e acompanha a perspectiva dos dois protagonistas, Gwendoline e Hugo, em capítulos intercalados. E também temos a oportunidade de conhecer um pouco dos outros personagens que fazem parte do Clube dos Sobreviventes, mas só de maneira um pouco superficial, já que todos ganharão seus próprios livros, então teremos a oportunidade de conhecê-los de maneira mais aprofundada quando forem os protagonistas de suas histórias.
E posso estar enganada, mas senti um pouco de influência de Orgulho e Preconceito nessa trama, nos personagens e em suas atitudes, mesmo que de forma contrária, afinal lá é o mocinho, Mr. Darcy, que pertence a aristocracia, enquanto aqui é lady Muir que é a dama. Ao mesmo tempo em que gostei dessa inspiração, afinal a obra de Jane Austen é uma das minhas favoritas da vida, também achei meio sem graça.
A série “Clube dos Sobreviventes” possui sete volumes no total, sendo que cada um traz a história de um dos membros deste clube, os quais já conhecemos no primeiro exemplar de forma bem sutil (como comentei acima). No Brasil apenas o primeiro foi publicado até o momento, mas o segundo está previsto para esse ano ainda. Mais dois para o ano que vem e assim sucessivamente.
“Uma Proposta e Nada Mais” é uma obra interessante e bem escrita que com certeza vai conquistar diversos leitores. Mesmo que eu não tenha adorado a leitura e tenha sentido falta de química entre os protagonistas, também consigo enxergar seu lado bom e não posso deixar de dizer que Mary Balogh é uma ótima autora e espero ler mais títulos de sua autoria em breve. 
Avaliação




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