O Jogo do Amor/"Ódio!" - Sally Thorne

Lucy é uma mulher baixinha, divertida, alegre, comunicativa, que gosta de agradar as outras pessoas, e se veste com roupas coloridas e tenta levar uma vida leve. Josh é seu oposto. Alto, sério, só fala o necessário, não gosta de agradar ninguém, se veste de maneira sem graça e padronizada, e é meticuloso e sisudo.
Ambos trabalhavam em editoras diferentes, que enxergavam o livro de maneiras distintas e com equipes que seguiam por um caminho oposto do outro. Porém, com a crise, as editoras passam por uma fusão e mudam de escritório, fazendo com que os CEOs de cada uma tragam seus próprios assistentes executivos, que precisam trabalhar um de frente para o outro. E, no caso, eles são Lucy e Josh, dividindo uma sala só com eles dois, e com a mesa voltada para o outro, tendo que trabalhar em conjunto muitas vezes.
É claro que isso não dá certo e um alfineta o outro com comentários mordazes sempre que têm uma oportunidade. Mas, quando uma promoção é anunciada e apenas um dos dois poderá conseguir essa vaga é que a guerra começa pra valer. Josh quer subir no cargo, Lucy sonhou com esse emprego desde criança. E ambos não vão ceder, custe o que custar.
E, quando as coisas começam a esquentar cada vez mais, os sentimentos de Lucy começam a aflorar, mas não aquele ódio todo que vinha sentindo desde que teve seu primeiro contato com Josh. E é aí que ela percebe que talvez o que ele sinta por ela não seja exatamente todo esse ódio que ela imaginou a princípio. E pode ser que o que ela mesma sinta por ele também não seja esse sentimento tão rancoroso. Ou será que ela está enganada e esse seja apenas mais um jogo entre os dois?
Tem anos que a gente pega uma leitura maravilhosa atrás da outra, amamos diversos títulos e nem conseguimos decidir qual é o melhor de todos, de tantas opções incríveis que disputam a vaga. Isso não está acontecendo em 2018 comigo. Pode ser que eu apenas esteja lendo tantas coisas semelhantes que elas acabem não tendo algo que se destaque das demais, fazendo com que eu não as ame. Pode ser porque eu não estou num momento agradável e as coisas não estejam surtindo o efeito desejado em mim. Pode até mesmo ser que eu apenas tenha tido a falta de sorte de não escolher muitos títulos que casem comigo ou com o que precisava naquele momento. Entre inúmeras outras opções de “pode ser...”. Mas, no meio de tudo isso, encontrei algo que me fez ficar apaixonada, vidrada e animada: O Jogo do Amor/"Ódio!", de Sally Thorne.
Confesso que quando escolhi esse livro para ser minha próxima leitura, acreditava que ia sim gostar bastante dele justamente por ser o tipo de leitura que curto: um romance leve, divertido e fofo. Porém também estava pensando que ele seria apenas mais um entre tantos outros e, ainda que isso não seja algo ruim (até porque, se fosse eu nem mesmo iria querer ler, mas, pelo contrário, estava empolgada antes mesmo de começar), não imaginei que ganharia o destaque, mas ele ganhou.


E não porque é uma história cheia de reviravoltas ou coisas muito diferentes, mas simplesmente porque Sally conseguiu construir uma trama simples e completa, leve, descontraída e deliciosa, com personagens maravilhosos, bem desenvolvidos e originais. E era disso que eu estava precisando, algo que me fizesse suspirar e ficar genuinamente apaixonada!
A narrativa é em primeira pessoa pela Lucy e adorei poder acompanhá-la de perto, com seus sentimentos, pensamentos, frustrações, modo de refletir e agir e também seu passado. Adorava quando ela ficava questionando a si mesma e os sentimentos que começava a nutrir, e também o que Josh representava para ela de verdade ou o que ele sentia de fato.
E amei demais o Joshua. Ele definitivamente foi um dos meus personagens masculinos preferidos da vida e já queria um desses para mim para ontem! Onde encontro o Josh da vida real? Ele é sério, mas fofo. É fechado, mas preocupado. Poderia ser arrogante e metido com Lucy, assim como é com muita gente, mas é o oposto disso. E é dono de uma personalidade incrível que também tem seus problemas e questões pessoais ruins. Ele não é só feito de coisas boas, é humano e real e por isso que fiquei encantada.



Admito que gostei tanto de Joshua que queria muito ler seus pensamentos também. E, como a maioria dos livros que tenho lido podemos acompanhar a narrativa pela perspectiva de ambos os protagonistas em capítulos alternados, a cada virada de capítulo eu esperava que fosse a vez do Josh de narrar, mas a autora não nos presenteou com sua visão, infelizmente. Não que tenha sido algo ruim ou tenha me incomodado de alguma maneira, mas eu amo esse recurso e amei o personagem, então torci por isso. Mas ainda tenho esperanças de que Sally decida escrever uma continuação para essa história sob o ponto de vista dele.
Amei que aqui ambos os protagonistas estão em níveis semelhantes de intelecto e também de posição social e profissional. Porque já estou cansadíssima de ler obras em que a personagem feminina é muito ingênua ou virgem (insinuando como se isso fosse algo ruim ou negativo) ou pobre ou tem um cargo beeeem abaixo do personagem masculino. E eles geralmente são os ricos, poderosos, presidentes, CEOs, donos de algo, de grande ego e uma infinita lista de mulheres que correm atrás deles, afinal são bem mulherengos e não se contentam em ficar com apenas uma até que a protagonista apareça. Mas sabe o que é melhor de tudo? Josh é exatamente o oposto de diversas dessas características – salvo um ou outro ponto, mas que no caso dele tem algo de diferente dos demais ainda assim. Sério, simplesmente um suspiro de alívio e, claro, apaixonante!
Algo que achei maravilhoso foi a construção do romance. Como sabemos pelo título e sinopse, Lucy e Joshua são inimigos e se odeiam completamente. Mas precisam conviver, pois trabalham juntos em cargos de mesmo nível, o que faz com que tenham que dividir um espaço limitado de trabalho e precisam ficar de frente para o outro todo dia por longas horas. Então eles ficam se alfinetando o tempo inteiro, de um jeito divertido e provocante, com comentários irônicos e tiradas incríveis. E um não deixa o outro superá-lo, o que é sempre ótimo de ver. Então podemos ver uma sutil mudança em seus comportamentos e no que começam a falar para o outro, as provocações vão ganhando um novo nível e os sentimentos passam a surgir. Assim, devagar, mas intenso e instigante. E esse amor, essa mudança de emoções, consegue convencer o leitor, que torce para que eles se ajeitem e fiquem juntos logo.
A autora já revelou que infelizmente não tem intenção de escrever continuações para essa história, o que não faz com que eu perca as esperanças, afinal já vi casos assim antes. E o meu desejo por mais também tem a ver com o desfecho, já que só encontramos uma certa resposta bem no finalzinho do livro, e eu realmente gostaria de ver tudo isso sendo trabalhado. E queria ver o futuro dos dois e como vai ser esse relacionamento.
A trama é leve, porém tem alguns pontos reflexivos, é envolvente e descontraída. E tem uma pitada deliciosa de humor, fazendo com que tudo seja ainda mais agradável. A escrita de Sally é realmente cativante e a gente consegue mergulhar nas páginas com muita facilidade, sempre querendo mais e mais. E, o melhor de tudo (para mim) é que a história é divertida, fofa e no final me deixou com um sorriso de felicidade no rosto e aquela sensação maravilhosa de quentinho no coração! A Universo dos Livros realmente arrasou na publicação desta obra e espero que todo mundo a ame tanto quanto eu!
Avaliação



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