Ligações - Rainbow Rowell

Eu vivo dizendo por aí que vou ler certos livros que não fazem meu gênero para conhecer a narrativa dos autores. Assim encontro pela minha estante livros que geralmente não compraria, mas que depois de muitos comentários positivos merecem uma chance. A autora Rainbow Rowell é um destes casos. Foram muitas resenhas positivas de seus livro, até que o livro Ligações acabou nas minhas mãos, publicado pela editora Novo Século.

Georgie McCool é uma comediante que desde a faculdade sonha em ter um programa seu com seu melhor amigo. Essa chance finalmente chegou, mas em uma hora delicada, é a semana que antecede o Natal e ela prometeu viajar com a família. Mesmo com o seu casamento em uma fase ruim ela decide ficar para trabalhar, e assim seu marido e filhas vão para Omaha, um lugar longe e frio. Com saudades e perturbada pela sua escolha, ela liga para o marido de um antigo telefone amarelo no seu antigo quarto na casa da mãe, mas a pessoa que atende do outro lado não é bem a pessoa que ela esperava, ou diria no tempo esperado!

Rowell realizou sua narrativa em terceira pessoa em um tom coloquial, que faz seus diálogos serem um pouco pobres, mas talvez justificados pela origem de seus personagens. A ideia central do livro, a existência de um telefone que pode falar com o passado, é ótima, mas honestamente pouco e rasamente explorada. Para contar sua estória ela usa o momento atual intercalado com memórias de Georgie da época em que conhecer seu marido Neal, mesclando ainda conversas da Georgia no tempo atual com o Neal do passado.

O que mais incomodou é que Georgie sabe desde o momento que tomou a decisão de não viajar que fez besteira, e passa dias seguidos sofrendo com isso de maneira infantil. Ela demora a perceber que não consegue trabalhar e que precisa de sua família. Logo seus pensamentos e atitudes são chatas, porque ela passa muito tempo se lamentando, sem saber se foi abandonada ou apenas se o marido partiu triste mais ainda casado. Também achei forçado que em nenhum momento ela tenha conseguido falar com ele no telefone, acho até que se ela conseguisse falar com os dois Neals na linha do tempo traria questões mais interessantes, que a protagonista até chegou a especular, mas que não foi aprofundada.

Seth é o seu melhor amigo desde a época da faculdade, mas é um personagem muito chato! Arrogante, e inconveniente ele só pensa em si mesmo, embora perceba que a amiga está sofrendo não é capaz de libertá-la do fardo do trabalho que impõe a ela. Ele rendeu muitos trechos em que eu simplesmente queria passar logo para não lidar com alguém tão sem noção! Ele facilmente atrapalhou o andamento do casamento de Georgie, claro que por esta permitir.

Neal, o marido, é muito paciente e encantado com Georgie, assim ele abre mão dos sonhos que nem chegou a descobrir para ser a sombra da esposa. Ele parece ser um homem fofo, mas totalmente apagado pelo sonho da mulher. Quando jovem no telefone, ou nas memórias é mais interessante, tem mais personalidade do que o atual Neal.

A família de Georgie é um pequeno núcleo desengonçado, mas que é levemente divertido. Sua mãe insiste que a filha perdeu o marido, sua irmã escondeu um segredo, ao mesmo tempo em que tenta usar a irmã como exemplo de como deve seguir com suas relações. Sem contar o casal de pugs da mãe que dão um toque na família.

O desfecho da trama segue o padrão sessão da tarde, que eles mesmo satirizam ao dizer que tudo que aconteceu parece programa de televisão da época de Natal. E eu não veria problema se Georgie mesmo depois de todo o sofrimento que passou não insistisse nas suas ideias insanas de trabalho sem levar em conta as filhas e o marido. Embora ela tome uma decisão redentora no Natal, ela não terminou uma mulher diferente, mais madura ou melhor, ela soou apenas como alguém que um dia deixou cair o doce na rua e agora o segura mais forte, não alguém que seria capaz de abrir mão do doce por alguém, no caso alguém que ama.

Ligações foi uma leitura rápida, mas que mais despertou incômodo e raiva do que prazer em sua leitura. Com personagens egoístas e rasos (salvo Seth!) entrou para lista dos com potencial perdido. Infelizmente não consigo lidar com indivíduos que não aprendem com os erros, e Georgie não me convenceu como alguém que fará melhor por si e pela família.

Avaliação





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Um comentário:

  1. Eu ainda quero muito conhecer a escrita da Rainbow Rowell, todo mundo fala super bem dos livros dela e até agora não me conformo de não ter lido Fangirl, hahah De certo modo foi bom ler sua resenha, pois todo mundo só falava bem e as expectativas estavam altas mas confesso que fiquei um pouco tristinha de descobrir esse lado da história. Tomara que eu goste bastante, né, vamos ver, hahah <3
    Beijo!

    Sorriso Espontâneo

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