No interior da Inglaterra ouvimos
um relato de uma mansão que tem um passado sombrio em um grande isolamento. Uma
verdade adormecida, uma maldição lançada, eis o clima do livro Minueto da
Madrugada- As Crônicas Ridell, do autor brasileiro Décio Gomes, publicado pela
editora Schoba.
Rosa Vogelsang muda-se da
Alemanha para o interior da Inglaterra em busca de uma nova vida depois da
morte da mãe. Ela agora é a nova governanta na isolada mansão Ridell, onde o
jovem casal Dianne e Joseph começam a construir sua nova família. Embora o
isolamento a assuste tudo corria bem naquela imensa casa, até que a jovem
começa a descobrir algumas coisas estranhas de sua senhora ao mesmo tempo em
que algumas outras inexplicáveis acontecem. O lar que deveria emanar luz começa
a atrair trevas, e Rosa precisa descobrir o que aquelas paredes escondem, o que
a Mansão Ridell guarda em suas paredes, quais segredos as areias do tempo
encobriu?
Olhe para capa do livro o que ela
desperta? Um ar gótico e sombrio, um momento perdido no tempo e um ar
fantasmagórico? Eis exatamente o clima bem exposto em sua capa. A narrativa de
Gomes é feita em terceira pessoa, focando-se nas ações de Rosa, mas não ficando
apenas nestas. É bastante descritivo mas vivaz, sem perder o ritmo da história
que nos deixa constantemente em um clima de suspense depois do primeiro
contrato.
A trama trabalhada soa muito
familiar aos filmes de suspense com fantasmas, mas mesmo assim soa criativo já
que a escrita privilegia maior aprofundamento do que as telas. Ao contrário de
um filme que a ação se dá de forma muito direta e rápida, o livro vai aos
poucos nos envolvendo em uma densa neblina de terror. Não chega despertar medo,
mas tem instantes de apreensão já que imaginar as cenas é mais aterrorizante do
que vê-las prontas.
Rosa é uma jovem muito dedicada
ao trabalho, e depois que faz amizade com Dianne, sua patroa, faz de tudo para
vê-la bem já que seu marido é ausente, mas quando descobre as ações desta
começa a teme-la. É muito fechada, pouco sabemos de sua vida na Alemanha, e eis
aqui minha única frustração no livro, queria saber um pouco mais da sua
história de vida, foi apenas a morte da mãe que a fez sair de seu país? Embora
nova tem força de vontade e determinação, e é decisiva no desfecho do livro,
que por sinal é muito tenso e sombrio.
Dianne é uma figura enigmática,
tem ações muito macabras rapidamente, como se uma força oculta a guiasse, mas
age de forma doce e companheira com as empregadas, em momento algum faz mal a
elas. Entretanto quando se trata do marido, este faz com que suas emoções fujam
do controle. Honestamente fiquei com pena de seu desfecho, não que ela tenha
que ser eximida de suas culpas, mas de alguma forma ela cativou minha empatia!
As empregadas que passam pela
casa não são muito exploradas, são ganchos para situações e ações, mas são bem
colocadas nas cenas. Assim como o cocheiro/jardineiro que tem apenas meia dúzia
de falas. Joseph Ridell, o marido pouco aparece, e desperta raiva pela sua
indiferença com a amorosa Dianne. Ele tem o clássico perfil de homem que deixa
a mulher em casa e faz o que quer pelas ruas.
Minueto da Madrugada trabalha com
os principais artifícios de uma boa história de terror, mas de forma limítrofe,
uma hora soa como uma história de amor mal sucedida, ora como uma história de
vingança sobrenatural, nos colocando sempre nessa linha tênue entre uma
realidade triste e uma 'pararealidade' trevosa.
PS. Embora trate-se do segundo
livro das crônicas ele tem a história que aconteceu primeiro do que o primeiro
livro (Albertine), e pode ser lido de forma independente. Infelizmente não
consegui o primeiro livro, mas espero que em breve possa lê-lo, já que
personagens do segundo livro tem suas histórias continuadas.
Avaliação
Só bem recentemente que ouvi falar desse autor e estou esperando chegar alguns livros dele, que adquiri na pré-venda. Se forem tão bons, quanto esse que vc resenhou, será uma leitura bem interessante. Gosto de livros assim, com um ar de mistério, mas sem ficar uma coisa sanguinolenta. Fiquei aqui imaginando um roteiro de filme (sou fã declarada de filmes de terror-suspense).
ResponderExcluirNossa! Gostei da premissa desse livro. Assumo que até pouco tempo eu não era fã de livros brasileiros, mas estou cada vez mais enfeitiçada, e hoje, percebo o tempo que perdi valorizando apenas obras estrangeiras quando existem tantos autores talentosos aqui mesmo. Não sei se gosto muito desse clima meio fantasmagórico, pois não sou ligada em livros de terror mas esse parece trazer um ambiente tenso, mas um pouco mais leve. Então, acho que eu provavelmente leria essa obra. E parabéns ao autor pela criatividade.
ResponderExcluiraliner.teixeira@gmail.com
Oi, Bruna!
ResponderExcluirEstá é a primeira resenha que leio do livro e adorei. Também gostei da capa do livro, ela está show!
Apesar de gosta muito de filme de terror e suspense, ainda não li nenhum livro do gênero.
Beijos!
k.paola457@gmail.com
Olá, Bruna!
ResponderExcluirMesmo não sendo muito fã de filmes e livros de terror, Minueto da Madrugada parece ter o arquétipo das história de nova governanta em uma casa antiga, como no livro A Volta do Parafuso.
O que só torna um pouco confuso é que esse livro é um pouco o prequel do livro da Albertine, pois mesmo sendo histórias independentes, fica difícil ler esse já sabendo o que vai acontecer com os personagens que os dois livros tem em comum.
Um abraço!
@letiolive (Meu contato no Twitter e no Instagram)
Oi, Bru!! Sou suspeita para falar, mas adoro a forma como o autor escreve! Gosto da forma como o blog classifica as leituras (ganhamos 4 casinhas \o/). Miquilis!
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