O Sol é para Todos - Harper Lee

Eu já tinha escutado falar deste livro inúmera vezes, mas desde que Obama, presidente dos Estados Unidos, indicou esse volume para a leitura, eu o vejo em todos os lugares. No Facebook, em conversas com meus amigos, em outras redes sociais, e até mesmo em revistas. Nesta onda de escutar tantas indicações, resolvi que deveria dar uma chance para esta famosa obra. Com uma nova edição sendo publicada pela José Olympio, selo do Grupo Editorial Record, percebi que a hora de lê-lo havia chegado, e agora venho compartilhar com vocês as minhas opiniões sobre este famoso clássico moderno escrito por Harper Lee.
Este livro se passa na década de 1930 no Sul dos Estados Unidos e é narrado por Scout, uma jovem menina de apenas oito anos que perdeu a mãe bem cedo, e que tem um irmão mais velho. Ela vive com seu pai, Atticus Fincher, um advogado, seu irmão e com Calpúrnia, a governanta da família, que é negra e que a faz companhia, sendo quase uma mãe para ela.
Logo no início, vemos como nossa protagonista passa seus dias, sua rotina como uma criança comum, que gosta de brincar e desvendar mistérios. No verão, ela tem a companhia de Dill, sobrinho de uma vizinha que sempre vai visitá-la. Gostando de ensaiar peças e se sujar bastante no quintal, ela é uma menina normal que foi criada com certa liberdade, de brincar como ela deseja brincar, de usar calças, etc. Fazendo até mesmo com que sua tia, ao ver seu comportamento, tente lhe educar para agir como ela acha que uma menina deve se comportar, passando a mandar nela.
Em paralelo à história da personagem, conhecemos um caso em que o seu pai está trabalhando, que é o de Tom Robinson, um homem negro que foi injustamente acusado de estuprar uma mulher branca, fazendo com que a sociedade tenha um ódio muito grande por ele. Vemos como a vida dos Fincher é afetada por este fato, já que, antes, todos gostavam deles, e, após o Atticus defender o negro, todos se viraram contra a família, afetando diretamente nossa protagonista e seu irmão, já que a família inteira começa a receber tratamentos como xingamentos, preconceitos, etc.
A pequena Scout então passa a ver o mundo com outros olhos, narrando com profunda tristeza tudo o que ela está vendo, de como as pessoas estão julgando um homem que pode ser inocente, já que as únicas provas contra ele são dois depoimentos de pessoas que levam a vida de modo bem errôneo, mas que, por serem brancas, estão sendo ouvidas.
A autora conseguiu escrever sobre um assunto tão delicado sendo transmitido pelos olhos de uma criança, e acho que isso fez com que a obra conseguisse tocar a gente ainda mais. Esse com certeza é um livro que vai fazer você derramar algumas lágrimas, até porque a história consegue despertar vários sentimentos nos leitores.
Os personagens deste título são incríveis. Adorei acompanhar nossa protagonista, que apesar de ser bem jovem, já possui uma cabeça ótima e uma maturidade muito grande para a sua idade, percebendo que o mundo que, para ela, parecia tão perfeito e bonzinho, na verdade não era bem assim. E tudo aquilo que ela julgava ser acolhedor ganhou uma nova perspectiva, fazendo com que a menina reconheça o mundo e sua complexidade bem cedo. Seu pai com certeza é o meu personagem favorito, já que, independente de tudo, ele segue o seu caráter e integridade, ensinando para os filhos que as decisões mais fáceis não são as melhores, já que devemos seguir nossa integridade, independente das consequências deste ato.
O livro começa quando nossa protagonista tinha apenas seis anos, e acaba quando ela tem oito anos, e, mesmo assim, bem jovem, ela já descobre que o mundo não é como ela imaginava, tirando um pouco da inocência da jovem e o seu aprendizado sobre a justiça.
A capa é verdadeiramente linda. Este clássico deveria ser lido por todos, claro, independentemente da capa, mas esta edição ficou tão bonita que não consigo deixar de admirá-la o tempo inteiro. A versão impressa conta com uma textura soft touch (toque aveludado), que deixa tudo ainda mais gostoso e especial. A diagramação interna é simples, mas confortável para uma leitura tranquila.
Para quem não sabe, “To Kill a Mockingbird” (título original) foi lançado em 1960 pela primeira vez e ainda hoje vende mais de um milhão de cópias em língua inglesa por ano. Além disso, ganhou o prêmio Pulitzer em 1961 e deu origem a um filme homônimo que recebeu três Oscar, incluindo o de melhor roteiro adaptado, em 1962. Depois de todos estes anos do lançamento do primeiro livro, a autora publicou agora, em 2015, uma continuação da obra, denominada "Go Set a Watchman", que na verdade foi escrita anteriormente, mas nunca antes havia sido publicada. Nesta sequência, Scout volta de Nova York para visitar seu pai, o advogado Atticus Finch.
Sabe aquele tipo de livro que é tão especial que fica com a gente para sempre? Aquele que você mal pega para ler e não consegue parar, pois ele te prende desde o comecinho até chegar ao final com uma narrativa envolvente e ágil? Tudo isso porque conta uma história atemporal incrível e tocante sobre uma menina que vê sua vida mudar completamente quando seu pai se torna o advogado de defesa de um homem negro, e vemos como o preconceito e a injustiça estão fortemente retratados neste volume.
Com uma linguagem simples e deliciosa, este exemplar vai despertar em você diversas emoções e com certeza vai entrar para a sua lista de preferidos também. Agora eu consigo entender o porquê de todo mundo falar tão bem desta obra e o motivo de ela ser considerada um dos maiores clássicos da literatura norte-americana moderna.
Avaliação



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Um comentário:

  1. O livro não teve muitas opiniões divergentes, como aconteceu com os filmes , gostei muito dessa nova capa , inclusive amei sua resenha =D

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