Kaori - Perfume de Vampira - Giulia Moon

100 % das vezes que esbarro com informações da cultura japonesa eu lamento por não termos fácil acesso a sua história e cultura nas escolas, é uma pena que o ensino se foque apenas em certos momentos históricos e perca todo um universo milenar de acontecimentos, assim quando em um livro eu posso ter contato a esses fios que nunca antes tive é sempre uma experiência de imersão no tempo, que é o caso de Kaori- Perfume de Vampira, da autora brasileira Giulia Moon, da Giz Editorial.

Japão, Período Tokugawa, a partir de 1647...

Uma linda jovem dedicada a ajudar seu pai tem sua vida atravessada por uma protistuta que quer possuí-la a todo custo. Depois de ter seu pai assassinado por Missora, Kaori resolver planejar sua vingança e por isso resolve entrar para o Kinjurô, mas depois de uma noite de amor  com uma criatura da noite ela nunca mais será a mesma!

São Paulo, 2008...

Samuel trabalha pelas ruas, passa desapercebido tentando catalogar o máximo de criaturas da noite que conseguir, tem tido sucesso e acredita que não desperta atenção de ninguém até tentar salvar um garoto de rua da morte.

Kaori e Samuel, são duas realidades que se atravessam, dois tempos que se entrelaçam, uma vampira que tem um passado marcado por muito sofrimento, sangue e crueldade. Um olheiro que tem a paixão despertada por essa criatura tão bela que aprendeu as artes da sedução antes mesmo de perder sua inocência.
Moon que narrativa é esta?! É incrível o modo como a autora escolheu para escrever, ela alterna capítulos na modernidade com outros que se passam no Japão antigo. Este artifício não é inédito, mas o modo como ela apresenta a sequência dos fatos é muito inteligente e nos permite ter um panorama da história muito abrangente. Sua narrativa é feita em terceira pessoa, focado especialmente nos protagonista Samuel e Kaori. A diagramação é simples, mas cada início de capítulo conta com a marca d'água de um dragão que tem um significado especial no livro.

Kaori é uma vampira bem peculiar, embora tenha tudo para ser a típica carniceira não faz atrocidades de graça, também não fica na ideia de vampira boazinha, e isso faz dela uma criatura muito realista, onde o bem e o mal duelam a todo tempo, entre o que ela quer e o que acredita ser certo. É uma personagem muito rica em detalhes e muito bem explorada em sua sedução.

Samuel é um personagem que começa fechado, beirando a chatice, mas que consegue ter um bom desenvolvimento a medida que a ação começa e ele de fato sai de sua zona de conforto. Embora ele acredite que esteja apenas fazendo seu trabalho ele parece se esconder nas noite junto com as criaturas que observa. Conhecer Kaori fez um pequeno redemoinho em sua mente. Posteriormente Beatriz, a bióloga também é fundamental para que ele se abra para vida.

Beatriz é uma bióloga que trabalha observado os famélicos (eu nunca tinha ouvido nada sobre isso, logo acredito que seja criação da autora, são metamorfos que passam boa parte do tempo em forma de cachorros grandes, e tem inteligência limitada), é dedicada a suas pequisas, mas quando conhece Samuel também conhece o amor e perde de vista alguns de seus objetivos.

José Calixto é um pintor que atravessa a vida de Kaori no Japão antigo, é apaixonado pela arte que faz e perde a razão quando acredita em sua obra, o tempo, o perigo e toda noção de realidade se tornam um borrão quando ele está trabalhando. Conhecer Kaori o fez perder a noção do que o cercava, mas é um homem bom que teve azar.

Kodo, é o samurai escolhido para acompanhar Calixto até o Kinjurô, ele deve manter o pintor seguro até que este termine seu quadro de Missora, emburrado, aos poucos consegue entender a beleza que apenas Calixto enxergava, e encontra outros ideiais para lutar além de seu mestre.
O mais mágico e encantador da trama é passar algumas horas no Japão com sua tradição, detalhes culturais são explorados com delicadeza e profundidade. Notas de rodapé surgem ao longo do livro para breves explicações. Mas não se engane Moon é do tipo que coloca o dedo na ferida, e suas cenas de violência são cruéis e doloridas, e nem tudo termina bem em alguns momentos, e até alguns momentos aflitivos nos pegam de surpresa.

O desfecho da trama foi surpreendente, e deixou o famoso gostinho de quero mais. A autora publicou mais livros da personagem: Kaori 2, Coração de Vampira que é uma sequência e Kaori e o Samurai sem Braço que é um prequel de Kaori 2. Espero lê-los em breve e novamente viajar para esse país tão único que é o Japão!

Avaliação











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Um comentário:

  1. a obra prova ser um romance de estreia bem-sucedido, capaz de fazer mesmo alguém como eu, naturalmente preconceituosa em se tratando de literatura fantástica, e mais ainda no tocante a sua vertente nacional, ficar interessada por suas continuações,gostei muito de conhecer um pouco do volume Kaori - Perfume de Vampira =D

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